Pandemia consolida perda de imagem do Brasil na mídia global
Mesmo com a mudança de protocolo pelo Ministério da Saúde, a rede pública continuará usando cloroquina apenas para os casos graves de Covid-19. A notícia é uma das mais publicadas pela imprensa brasileira nesta quinta-feira. O Brasil é o País em que as mortes por Covid-19 mais avançam, destaca O Globo.
Paralelamente, a mídia também destaca a baixa adesão ao isolamento social em várias regiões de concentração populacional, com conseqüente avanço dos casos oficias de infectados pelo coronavírus. O que fica nas entrelinhas é que a crise no Brasil será mais longa e mais dolorosa em todos os aspectos.
As informações ajudam a construir a percepção de total ausência de um governo efetivo no combate à pandemia, o que tem trazido sérios prejuízos ao País, econômicos e reputacionais. A imagem do Brasil no exterior é a pior possível. Reportagens e editoriais dos mais importantes veículos do mundo desancam o governo Bolsonaro, construindo entre os tomadores de decisão, os investidores, homens de negócios, uma imagem desastrosa.
"Tem alguma coisa de podre no reino do Brasil", tascou o francês Le Monde nesta semana. Para The New York Times, a resposta "caótica" de Bolsonaro vai transformar o Brasil em epicentro do coronavírus. Segundo o Financial Times, Bolsonaro põe em risco a saúde dos brasileiros. Um dos mais prestigiados jornais do mundo econômico, o FT observa, ainda, que o real é a moeda que mais se desvaloriza no mundo e deve perder ainda mais.
Durante dez anos liderei a análise da imagem do Brasil no mundo, num trabalho contratado sob licitação da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. O resultado mensurado ajudava a orientar uma equipe preocupada com a estratégia de comunicação do Estado brasileiro.
Essa equipe de atendimento fazia um incansável trabalho de relacionamento com jornalistas de todo o planeta. Um trabalho que ganhou prêmios internacionais importantes, mas que tinha uma motivação fundamental: o interesse do governo em promover a imagem internacional brasileira, de forma a atrair investimentos.
Sem investimento – O que se vê hoje é a ausência total de estratégias, pelo menos aquelas que visem a valorização do País - tampouco temos empresas cumprindo esse papel. E quem vai pagar o pato são as empresas, o mercado financeiro, os homens de negócios e, consequentemente, o trabalhador. Quem, em sã consciência, está interessado em colocar um caminhão de dinheiro num país que não dá a mínima para a vida de seus cidadãos?
Em diversos países há críticas às decisões dos governos quanto ao isolamento social e o estado de emergência. As preocupações econômicas fazem crescer as pressões. Porém, a despeito da insatisfação, há obediência às medidas. Por aqui, o Banco Central autoriza os bancos a manterem abertas as agências durante o feriado em São Paulo, num claro boicote. Não entro no mérito da questão, se a prefeitura acertou ou errou. A medida pode ser criticada, lógico, mas desrespeitá-la enquanto batemos sucessivos recordes de infectados e de mortos não traz resultado significativo para a economia e não ajuda a emitir sinais positivos para a sociedade e para o mundo.
Jornalista / Editor / Consultor e Gestor de Conteúdos
4 aBela analise. Parabens.
Comunicação corporativa / Planejamento estratégico / Imprensa / Redes sociais / Política
4 aMuito bom, Pesciotta... O boicote às medidas de isolamento tem um efeito muito cruel sobre a contenção do vírus, e ainda gera um estímulo para que mais pessoas saiam às ruas. É como a limpeza de um lugar: se não tem papel no chão, a maioria fica inibida de fazer porquices. Mas se o local já está sujo, muita gente acaba ignorando a lixeira.