Panorama Diário〡13/12/2024
Resumo do Dia Anterior
A quinta-feira foi um verdadeiro banho de sangue aos mercados mundiais, por conta do mar vermelho que foram as performances dos ativos. O índice S&P 500 caiu 0,54%, o Russell 200, de small caps, afundou 1,38%. Do lado macro, o PPI veio quente (0,4% vs. 0,2% MoM, esperado), enquanto os pedidos de seguro-desemprego voltaram a subir (242k vs. 224k antes), por mais que ainda rode em níveis muito próximos de seus valores historicamente mais baixos. Ou seja, narrativas mistas para com um novo corte de juros pelo FED, as quais basicamente se anularam, mantendo uma redução de 0,25p.p. quase que integralmente precificada. O mais engraçado é que, por mais que não tenha vindo acima das expectativas, o CPI da quarta-feira também foi tão ruim quanto o PPI, dadas as aberturas, conforme citei ontem, mas, mesmo assim, bolsas subiram. Vai entender o Fugazi que são as coisas!
Na Europa, o Banco Central Europeu entregou seu aguardado corte de 0,25p.p., levando a taxa aos 3,15%, fazendo certas bolsas europeias descolarem de Nova Iorque (FTSE 100, Ero Stoxx e DAX), por mais que outras tenham caído (AEX, CAC 40, IBEX 35). O Banco Central Suíço foi ainda mais agressivo e cortou a taxa (com decisão trimestral, em vez de a cada 45 dias) em 0,5p.p., quando o esperado eram apenas 25bps. A inflação no país, em termos anuais, está em 0,7%, com o seu pico durante este período inflacionário sendo de apenas 3,4% - valor alto para o país, mas definitivamente baixo em comparação com o resto do mundo. Não à toa que, quando queremos nos referir a um lugar que tudo dá certo e é desenvolvido, citamos justamente a Suíça.
Agora, na única economia de importância no mundo que sobe os juros, vulgo o Brasil, ativos domésticos sofrem duramente após a decisão do Copom. Ibovespa afunda 2,74% e caminha para fechar com a maior baixa anual em 2 anos. Para "jogar sal na ferida", commodities também têm dia ruim e pesam no mal humor. Mesmo com perspectiva de aumento do juro real, dólar sobe 0,55% e volta a se aproximar dos 6 reais. Vamos agora aos juros futuros - dá até medo! Com sinalização do Bacen de que, pelo menos, mais duas altas de 1p.p. à Selic devem ocorrer, curva se ajusta e sobe mais de 30bps em vários vértices. Em meados do pregão, no pior momento, certos vértices chegaram a subir 70bps, muito possivelmente influenciados por stop-losses que foram ativados. Taxa terminal já se aproxima dos 15,75% e, sem dúvidas, várias casas atualizarão suas projeções nos próximos dias. Calma, porque 2024 ainda não acabou!
Performances (Fechamento de 12/12)
Dados Macroeconômicos | Atualizações em Destaque
Brasil | Estados Unidos
Estrutura a Termo das Taxas de Juros | Brasil
Curva Prefixada (Futuros de DI)
Títulos do Tesouro | Estados Unidos
Últimas Informações de Mercado
Brasil
IBC-Br (Out)
MoM: 0,10%; esp. -0,20%; últ. 0,80%
---
IGP-10 (Nov)
MoM: 1,1%; últ. 1,5%
YoY: 6,61%; últ. 6,07%
Espanha
CPI (Nov)
YoY: 2,4%; esp. 2,4%; últ. 1,8%
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Reino Unido
PIB (Out)
MoM: -0,1%; esp. 0,1%; últ. -0,1%
---
Produção Industrial (Out)
MoM: -0,6%; esp. 0,3%; últ. -0,5%
Estados Unidos
PPI (Nov)
MoM: 0,4%; esp. 0,2%; últ. 0,3%
YoY: 3%; últ. 2,6%
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Pedidos de Seguro-desemprego
Iniciais (01-07/Dez): 242K; esp. 221K; últ. 225K
Contínuos (24-30/Nov): 1.886K; esp. 1.880K; últ. 1.871K
Japão
Produção Industrial (Out)
MoM: 2,8%; esp. 3,0%; últ. 1,6%
União Europeia
Decisão de Juros
-25bps; esp. -25bps; últ. -25bps
Taxa: 3,15%; esp. 3,15%; últ. 3,40%
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Produção Industrial (Out)
MoM: 0,0%; esp. 0,0%; últ. -1,5%
Em Destaque (28/11)
Brasil: Lula anuncia aumento da faixa de isenção do salário-mínimo para aqueles que recebem até R$5.000 (atualmente, o limite é R$2.259,20), a ser compensada pela maior taxação daqueles que ganham pelo menos R$50.000. No mesmo dia, Haddad divulga pacote de cortes de gastos, prometidos a mais de um mês. Com medidas de abono salarial, mudanças nas aposentadorias de militares, restrição de emendas parlamentares, revisão de benefícios fiscais, no caso se déficits primários, e adequações do salário-mínimo ao Arcabouço Fiscal, o ministro afirma que haverá impacto de R$70 bilhões até 2026 ao orçamento. Estimativas do mercado são céticas quanto aos valores divulgados, girando em torno de apenas 40 a 45 bilhões. Impacto do IR também seria próximo disso, dado que também há ceticismo quanto à compensação ser total.
Reação inicial foi extremamente negativa, com ativos despencando, dólar ultrapassando os R$6,00 pela primeira vez e curva DI embutindo 80% de chance de alta de 1p.p. à Taxa Selic em cada uma dos três próximos Copoms.
Calendário Econômico da Semana
Por: Leonardo Castilho Neves , Analista de Investimentos