Para Gilvan, obrigada por tudo!
Esta semana minha tia e minha afilhada estavam passeando por SP, recebi inúmeras mensagens afetivas delas (como sempre). O assunto principal era o deslumbre com os museus e galerias a que tinham ido e que, segundo elas, são a minha cara.
Recebi imagens de Van Gogh (meu artista favorito no universo), como esta foto que ilustra o artigo, sempre acompanhadas de "lembramos o tempo todo de você." Hoje eu estava trabalhando e recebi uma vídeo chamada das duas, mais uma prima minha e uma tia de coração.
Foi muito grito, sorrisos rasgados e a palavra a saudade sendo mencionada inúmeras vezes, mas a melhor coisa que ouvi me acalentou o coração. Minha afilhada foi à lojinha de souvenir do MASP e comprou um livro de arte para seu irmãozinho e disse: "Duda sempre fez isso comigo, quero fazer o mesmo para o meu irmão."
Quando ela era pequena eu sempre lhos dei, procurava com muito carinho cada título que escolhia. Como se estivesse pegando algo para mim. Na época ela não morria de amores, mas eu dizia: vou dar até você gostar e comprar por si só. Hoje ela entende e valoriza isso.
Apesar da felicidade imensa de saber que contribuí para o desenvolvimento desta pequena grande mulher, o mérito não é meu, mas do meu avô. Ele quem despertou meu amor pelos livros, me mostrou a importância de compartilhar conhecimento e me incumbiu de contagiar as pessoas pelo amor ao saber.
Ele tinha diversas reproduções em casa (além de uma vasta biblioteca e filmoteca) e uma das lembranças mais antigas que tenho com ele é me apaixonar pelo cubismo de Pablo. Fiquei fascinada e uma semana depois chegava em minha casa um livro do artista com dedicatória carinhosa.
Não era uma daquelas versões para crianças, mas um livro de adulto mesmo, daqueles caros e não tão fáceis de encontrar. Eu fiquei chocada como meu avô havia "gasto" num livro adulto para uma menina de apenas 8 anos.
Hoje eu sei que foi um dos maiores investimentos que ele fez na vida, ele apostou em mim. E isso foi um marco na minha vida: descobri meu amor incondicional pela arte, pelos livros, pelo meu avô, pautou nossas conversas diretas e sem tabus.
Ainda tenho este livro, que guardo com todo o amor e carinho, e uso como bússola para me guiar sempre que preciso me reencontrar. As melhores coisas que se podem dar a uma criança são livros, lápis e borrachas. Para eles se inspirarem, produzirem e saber que podem apagar e começar tudo de novo.