Para lidar com a VERGONHA CORPORATIVA é preciso dançar

Para lidar com a VERGONHA CORPORATIVA é preciso dançar

É da natureza da vergonha (sim,em letras minúsculas) nunca ser abertamente abordada. Escorregadia como só, acaba escondendo-se nas frestas e reentrâncias da empresa. 

Ai de quem ousar desentocá-la e confessar alguma fraqueza publicamente. Todos aplaudiriam seu gesto num primeiro momento (uau que coragem! uau que sensibilidade!), mas sabem que é um caso tipico de sincericídio e que vai encurtar sua vida profissional por essas bandas. 

Para ser bem claro, o que estou dizendo é que há um pacto secreto, um tipo de contrato não escrito, para não passarmos vergonha na empresa. 

Contrato perverso  

  • O grande pensador Chris Argyris até arranjou um nome acadêmico para este contrato: Rotinas Defensivas.
  • Ele definiu tal contrato como a ideia de "reprimir sentimentos negativos e ser racional com o objetivo de evitar a vulnerabilidade, o risco e transparecer incompetência".

Mas a Bené Brown vai mais além e descreve suas cláusulas :

  • Temos que ser invulneráveis
  • Quer dizer, à prova de balas
  • Não estar nem aí e sermos autossuficientes
  • Mostrar cara de quem sempre está entendendo tudo
  • Uma autoridade no assunto, definitivamente.
  • Sempre na ponta da língua frases e ditos inteligentes.
  • Alto astral ,bem humorado, a indisposição passa longe.
  • Enfim, um super herói

E quem já falava disto no século passado era Fernando Pessoa

Poema em Linha Reta (editado)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,[...]

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,[...]

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. [...]

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

Medo e Potencialidade

Temer cair numa 'tempestade de vergonha" na empresa. Perturbar-se com incomoda pergunta: Quem você pensa que é ?  (Bené Brown)

A maioria das pessoas para as coisas pela metade, muitas nem começam porque têm medo de arriscar. Medo de errar. O problema dessa crença é que há situações ambíguas onde não há certo e errado. O que vale é "funciona ou não funciona". O que vale é executar.

É uma pena seguir um contrato assim. Isto nos afasta da realidade, e pior, da nossa potencialidade. Logo nós que somos "repositórios ambulatório de tesouros escondidos" de acordo com Liz Gilbert.

Dança 

Que tal um novo contrato? Vamos entrar na dança da vida! E nem precisa saber dançar.É preciso tirar o ego da frente e deixar fluir. Já dizia Nietzsche:

Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar.

Veja estes exemplos de como ignorar a vergonha e acessar seu potencial:

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Ou pode ser ainda o caso deste militar inglês:

Não dá para esquecer o caso verídico de Billy Elliot que até se tornou filme.

Não existe essa coisa de certo,errado, vergonha ou culpa. Apenas movimento, diversão, fluxo. Assim a gente aprende, para sempre.


Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos