Para onde iremos - o futuro das viagens
Tenho refletido muito sobre o futuro das viagens, e embora o cenário da pandemia mude diariamente, decidi arriscar algumas previsões:
1. As plataformas de aluguel residencial, como o Airbnb, irão definhar a curto prazo. Até a chegada de uma vacina, quem vai se hospedar em propriedades sem normas rígidas de higiene e segurança? E pior ainda, sem a garantia de reembolso por cancelamento que os hotéis oferecem.
2. Quem comprava nas agências de viagem online, vai pensar duas vezes e passar a usar o site dos hotéis ou de companhias aéreas ou simplesmente migrar para as agências tradicionais, garantindo a opção de cancelamento de última hora sem stress
3. Países com níveis semelhantes de infecção, recuperação e testagem estão firmando acordos de reciprocidade para facilitar a entrada de turistas e eliminar a obrigatoriedade de quarentena. A Grécia e Israel estudam a possibilidade, a França fechou com a Inglaterra, e a Alemanha anunciou que vai abrir a fronteira com a Áustria em 15 de junho. Outros acordos virão, criando um caminho, pelo menos para alguns.
4. Muitos continuam viajando e acredito que veremos ainda mais movimento nos próximos meses, principalmente no hemisfério norte. Nos Estados Unidos, a demanda por casas de aluguel nos Hamptons e em Martha’s Vineyard, por exemplo, continua altíssima, e no Brasil, o Litoral Norte de São Paulo, Campos do Jordão e Angra dos Reis continuam cheios nos finais de semana. O cenário onde “residentes” decidem passar a quarentena em casas de veraneio certamente se repete ao redor do país, demonstrando uma demanda reprimida (infelizmente, as populações locais nestes destinos tem que lidar com a crescente taxa de infecção causada pelo influxo de turistas.)
5. Com o crescimento descontrolado da doença no Brasil, a questão não será se desejaremos viajar, mas quais países terão suas fronteiras abertas para nós. Até mesmo nos Estados Unidos se discute a possibilidade de vários países europeus fecharem suas fronteiras para os americanos neste verão.
6. E finalmente, os restaurantes formais, que comandavam preços estratosféricos e esperas homéricas, e que já estavam sofrendo antes da pandemia, não resistirão e com eles partirá o turismo foodie, pelo menos por um bom tempo.
Como nosso dia a dia se tornou imprevisível, tenho certeza de que até amanhã minhas observações estarão desatualizadas. Mas continuarei refletindo e gostaria muito de ouvir a opinião de quem, como eu, está arriscando uma opinião em meio a tantas incertezas.
Director Of Account Services na EBK Public Relations
4 aSim, concordo com tudo que foi dito. Nós teremos um turista mais consciente e nem todo tipo de viagem vai conquistá-lo. Todos terão que se reinventar. Fico pensando também que os cruzeiros enfrentarão grandes desafios. Bom...a torcida é sempre por uma consciência mais pura e mais voltada para a preservação é preciso manter o pensamento positivo e não perder a fé. Não podemos jamais parar de acreditar. Se cada um pensar em fazer a sua parte para tornar esse mundo um pouquinho que seja melhor, em atitudes e não em palavras, já está ótimo.
Editor in Chief at Simonde.com.br
4 aÓtimos pontos. Sobre o ponto 1: Companhias aéreas, hotéis e restaurantes precisarão fazer uma comunicação MUITO eficiente sobre todos os procedimentos de limpeza e segurança sanitária para deixar o viajante seguro. Pois para os viajantes mais preocupados (eu sempre viajei com máscara cirúgica na bolsa, álcool gel para limpar a mesinha do avião e Lysoform na mala para limpar o telefone e o controle remoto do quarto do hotel), vai ser muito mais tranquilo saber que ele está em um avião/hotel que já toma precauções (li sobre um hotel em Amsterdam que vai até deixar os quartos vazios por 24 horas entre um hóspede e outro). Sobre o recrudescimento do turismo (ponto 4), apesar de alguma empresas já estarem divulgados números superotimistas, prefiro ser mais conservador. Viajar agora, principalmente para os brasileiros, será bem mais díficil: temos uma população com a renda reduzida / desempregada; dólar a possivelmente a R$ 7; e tem o fato ainda de que não vamos encontrar a mesma vivência, o mesmo clima nos destinos urbanos. Além da questão da segurança, não sei se ia me sentir feliz nas cidades que mais amo, uma vez que não poderia frequentar concertos, restaurantes e cafés, do jeito que sempre fiz. Por outro lado, acho que serão beneficiados os destinos de praia/natureza, principalmente mais próximos dos viajantes por conta também do ponto 5. Ainda sobre o ponto 5, acho que o que está acontecendo na China hoje será o futuro do turismo: teremos um histórico de saúde para poder circular pelo mundo. Teremos pessoas e cidadanias aprovadas e recusadas para viajar para determinados destinos. Sobre o ponto 6, não poderia concordar mais. A alta gastronomia, com toda a sua pompa e cultura de ingredientes, faz cada vez menos sentido em um mundo que se preocupa com a sustentabilidade (eu não quero comer trufas brancas vindas de avião em São Paulo ou caviar iraniano em Nova York ou tomar Brunello em Tóquio) ainda mais quando restaurantes veganos, autênticos, locais, sazonais e orgânicos, cheios de charme e cartas de vinhos locais, fazem bonito cobrando um quinto do preço. De qualquer forma, estarei acompanhando suas impressões, sempre. ; )