Para os Seres Humanos de Vidro

Na sociedade atual as pessoas têm medo, vivem com medo e espalham esse medo. Em muitos dos casos sabotam terceiros porque dá um prazer de poder mas não se apercebem que ao agir assim  sabotam-se a si mesmos. Nada é suficiente para sorrir, ser feliz e viver em harmonia.

Evitam a dor a qualquer custo. Fogem a sete pés de qualquer sentimento que possa não correr bem. Não querem ter filhos porque dão imenso trabalho. Muitos não se atrevem a amar para não sofrer no fim. Dói? Sim pode doer e muito, mas é sinal que viveram verdadeiramente. Não querem construir amizades com medo de serem enganados e traídos, e por tal, não se levantam do “sofá”.

Não confiam em ninguém e pior, ficam consternados com a felicidade e sucesso alheio. Preferem viver da anestesia do que sentir a realidade. A única coisa que importa é o seu bem-estar. Que chata deve ser essa vida. A felicidade só faz sentido se for partilhada.

Existem de facto por esta sociedade uma cambada de meninos e meninas mimadas e todos eles tem um valor comum: colocar o seu ego acima de tudo e de todos e não olham a meios para atingir os seus fins. Só as suas opiniões são válidas, apenas as suas atitudes devem ser aplaudidas, querem sempre ter o seu comer pronto na mesa, a música que toca tem de ser ao gosto deles, os seus sentimentos sejam sempre correspondidos e que todas as suas verdades sejam incondicionais.

Só existe espaço para a palavra não. Não se aperta a mão com força, não se abraça com verdade, não se beija na cara com gosto. Não existe a palavra humildade. Não podem ser contrariados ou rejeitados. Não podem ouvir o que os outros dizem ou fazem. Não se entregam nem se interessam com nada.

Vocês seres humanos de vidro pensam que são a última bolacha do pacote. Mas não são. São a bolacha que está partida, desfarelada em pedaços que ninguém quer sujar os dedos para comer.

A vida, meus caros, vai muito para além do vosso ego.

Enquanto forem assim, serão sempre, para sempre.