Para que essa desconfiança toda?

Ano Novo é tempo de restaurar as esperanças em um mundo melhor. Mas será que efetivamente mudamos algo só porque o calendário virou? Vejamos alguns exemplos. Você confia na sua família ou vizinhos mais hoje do que na semana passada? Por acaso, nesses últimos dias, sua confiança mudou nas instituições públicas, como na polícia, nos políticos e na igreja?

Você sabe que, de um dia para outro, podem acontecer diversos fatores que alteram nossa percepção em relação as pessoas e entidades que fazem parte da nossa vida. O que talvez você ainda não saiba é que existe uma pesquisa anual feita por um instituto confiável desde 2009 e que mostra dados interessantes sobre como nossa confiança varia de um ano para o outro.

A recém-divulgada edição de 2024 da pesquisa “Índice de Confiança Social” pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) traz uma visão detalhada sobre a confiança dos brasileiros em diversas instituições e grupos sociais. É capaz que você se identifique com os resultados.

De acordo com a pesquisa, em 2024 as instituições de maior confiança para os brasileiros foram o Corpo de Bombeiros, a Polícia Federal e as Escolas Públicas. Do outro lado da tabela, os brasileiros se mostraram menos confiantes nos Partidos Políticos, no Congresso Nacional e nos Sindicatos.

Entretanto, os dados que mais chamaram minha atenção nessa pesquisa foi a queda considerável na percepção que temos sobre as pessoas próximas nos últimos anos. A confiança nos membros da família, por exemplo, caiu drasticamente – foram 9 pontos percentuais (p.p.) desde 2012! Igualmente assustador é o indicador que mostra que a desconfiança nos amigos cresceu 4 p.p. em uma década!

Não é preciso ser um pesquisador ou sociólogo para concluir que as redes sociais tiveram um papel crucial nesse período para potencializar as polarizações e para afastar as pessoas próximas que tivessem pensamentos divergentes. Como ilustrei esse artigo da Newsletter da YourNetWorks, a maior distância entre duas pessoas é o desentendimento!

É muito triste perceber estatisticamente que a intolerância e a falta de perdão estejam corroendo as relações de amizade entre pessoas queridas. Essa queda nos indicadores de confiança é um reflexo da degradação do caráter percebido, pilar fundamental da construção da confiança, como explicado nesse vídeo do canal YourNetWorks.

Como disse Josefa Iloilo, o longevo ex-presidente das Ilhas Fiji – “precisamos atingir aquele estágio feliz do nosso desenvolvimento quando as diferenças e a diversidade não são vistas como fontes de divisão e de desconfiança, mas de força e inspiração”! Por isso, para sua rede funcionar, busque a união ao invés da desconfiança entre os seus!

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