PARABÉNS PARA ELAS, HOJE E NO FUTURO.

PARABÉNS PARA ELAS, HOJE E NO FUTURO.

Parabéns para Elas, hoje e no futuro!

Paulo Mora , MD, MPH, PhD.

Oncologista clínico do Oncologia Américas e INCA HC2

Coordenador do Board de Neoplasias Ginecológicas do Oncologia Americas

Pesquisador do Instituto Americas

 

O Dia Internacional da Mulher foi instituído oficialmente pela Organização das Nações Unidas, em 1975, como evolução de diferentes manifestações pelos direitos das mulheres, sufrágio universal e outras pautas que já ocorriam desde 1917.

Nas últimas décadas, percebemos avanços sociais conquistados pelas mulheres, determinadas a diminuir a diferença entre os gêneros e pavimentar um futuro mais justo para a humanidade.

Não é diferente para o conhecimento científico, acumulado na Saúde da Mulher. O progresso da compreensão dos mecanismos e novas terapias das doenças oncológicas vêm trazendo esperança e ferramentas de intervenção populacional. O objetivo é reduzir a incidência, aumentar a detecção precoce, ampliar o acesso a tratamentos curativos de mulheres com neoplasias e criar uma rede mais humana de acolhimento para mulheres com doenças graves ou cujos recursos oncológicos são mais escassos em quantidade ou eficácia.

Em 2021, o GLOBOCAN Global Cancer Observatory(1) – plataforma de compilação internacional de dados sobre neoplasias, liderado pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC/OMS) – apresentou os dados sobre diferentes neoplasias e suas particularidades em diversas regiões do planeta. O câncer de mama ainda é a neoplasia de maior impacto entre as mulheres no mundo, exibindo 2,2 milhões de novos casos, em 2020, com cerca de 680 mil óbitos pela doença. Para 2023, o INCA estima a incidência de pouco mais de 73 mil casos no Brasil, com maior acometimento proporcional entre mulheres das regiões Sudeste e Sul(2).

Na outra direção, os casos de câncer de colo uterino são claramente associados a regiões de piores índices de desenvolvimento humano (IDH) do planeta, seja pelo menor acesso aos programas de prevenção primária ou secundária, seja pelo vazio assistencial característico dessas áreas. No mundo, o câncer de colo uterino é o quarto mais frequente e letal, com cerca de 600 mil casos e 342 mil óbitos em 2020; porém, é o mais frequente em diagnóstico em 23 países, e a principal causa de morte em 36 deles. No Brasil, há uma estimativa de 17 mil novos casos, com uma inversão em relação ao câncer de mama: o câncer de colo acomete mais mulheres nas regiões Norte e Nordeste, onde a mortalidade chega a ser maior que o câncer de mama, e o IDH é inferior – ainda que o Brasil seja classificado entre países de IDH “elevado”, como um todo(3).

A projeção brasileira de redução da mortalidade prematura das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), um dos elementos dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da OMS, aponta para uma queda nesses índices de 12% entre homens e de 4,6% entre mulheres, até 2030. No entanto, mesmo com a queda na mortalidade na região Norte (por exemplo), de 28 óbitos por 100 mil pessoas (2011/2015) – média nacional 16 óbitos/100 mil, para 24 óbitos por 100 mil pessoas – média nacional caindo para 11/100 mil até 2030, esses números ainda são muito elevados quando comparados com outras regiões do Brasil e com outros países de estrutura econômica e populacional similares(3,4).

Chegamos ao que podemos fazer e o que devemos estimular, por medidas educativas e por orientação individual, visando conquistar números mais expressivos e atuar para gerar notícias e estatísticas merecedoras de citação no dia 8 de março dos anos subsequentes – Dia Internacional da Mulher.

Problemas complexos quase sempre não apresentam soluções simples, mas, mesmo quando lidamos com medidas de prevenção e detecção, muito deixa de ser feito ou parte do esforço pode ser desperdiçado por não seguirmos o mais fundamental nessas áreas.


1.     Na prevenção primária, a vacinação contra o vírus HPV é segura, amplamente testada e de eficácia comprovada em diferentes populações, e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), recomendada em duas doses para meninas e meninos de 9 a 14 anos. É na ampliação dessa cobertura vacinal que reside a esperança de dezenas de áreas multiprofissionais que acredita nesse investimento como a única forma de almejar a redução e quem sabe a erradicação de vários tipos de câncer relacionados ao vírus HPV, que não pode ser completamente evitado apenas com o uso de preservativos, por exemplo(5).


2.     A detecção precoce do câncer de colo uterino e de suas lesões precursoras se faz mediante um exame relativamente simples, desenvolvido em 1928 pelo médico grego Georgios Papanicolau. Ainda que tecnologias mais refinadas já estejam disponíveis, o desafio continua sendo fazer pelo menos o recomendado para o maior número de mulheres, incluindo uma atenção especial às áreas de maior fragilidade e aos indivíduos de maior vulnerabilidade.

O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame citopatológico.* Os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual, e, se ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada três anos.

O início da coleta deve ser aos 25 anos para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual. O rastreamento antes dos 25 anos deve ser evitado. Os exames periódicos devem seguir até os 64 anos e, naquelas mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, interrompidos quando tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. Para mulheres com mais de 64 anos e que nunca se submeteram ao exame citopatológico, devem-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais.(6)


3.     Em relação ao câncer de mama, dispomos de maior acúmulo de informações, recursos tecnológicos, métodos invasivos e diferentes opções de tratamento, mas, do ponto de vista coletivo, o desafio é o mesmo: oferecer pelo menos o de consenso mundial para a população mais crítica, onde se dá a maioria dos casos.(7)

De forma sucinta, o Ministério da Saúde recomenda como rastreamento (exame quando não há sintomas) mamografias bienais na faixa etária de 50 a 59 anos e na faixa etária de 60 a 69 anos, com evidência de benefício para o primeiro grupo. Os exames de rastreamento em mulheres mais jovens ou idosas não têm benefício populacional estabelecido.

Além do rastreamento, há o investimento na detecção precoce de lesões suspeitas que apresentam dois eixos de recomendação.

A estratégia de conscientização do diagnóstico precoce de câncer de mama provavelmente é uma iniciativa que gera mais benefícios do que danos e deve ser implementada como medida de saúde global para as mulheres.

Da mesma forma, a divulgação dos principais sinais e sintomas suspeitos representa uma segunda fonte de informação, cuja priorização ajudará no diagnóstico precoce desse tipo de câncer:

• Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos.

• Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos que persiste por mais de um ciclo menstrual.

• Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho em mulheres adultas de qualquer idade.

• Descarga papilar sanguinolenta unilateral.

• Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos.

• Presença de linfadenopatia axilar (gânglio ou íngua na axila).

• Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja.

• Retração na pele da mama.

• Mudança no formato do mamilo.

Todos os profissionais envolvidos nos tratamentos das neoplasias femininas, incluindo aqueles que promovem a divulgação das iniciativas de promoção da saúde, acalentam o desejo de alcançar o maior número possível de pessoas, compreendendo as mulheres que possuem dificuldade de receber as informações e de utilizá-las. Mesmo que muitos de nós estejamos envolvidos em um universo maior ou menor de casos individuais, as iniciativas coletivas são as que permitirão um futuro com mais saúde e menor perda de vidas preciosas.

As ferramentas estão postas. Cabe a nós a tarefa de pesquisar mais, concluir melhor e oferecer esse produto a todas as mulheres.

Parabéns pelo Dia Internacional da Mulher; afinal elas merecem isso e muito mais.

 

Literatura recomendada e utilizada:

1.       Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, et al. Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA Cancer J Clin. 2021 May; 71(3):209–49.

2.       Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil | INCA - Instituto Nacional de Câncer [Internet]. [cited 2023 Mar 6]. Available from: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2023-incidencia-de-cancer-no-brasil.

3.       De Camargo Cancela M, Bezerra de Souza DL, Leite Martins LF, Borges L, Schilithz AO, Hanly P, et al. Can the sustainable development goals for cancer be met in Brazil? A population-based study. Front Oncol. 2023 Jan 10;12:7161.

4.       De Oliveira NPD, De Camargo Cancela M, Martins LFL, De Souza DLB. Spatial distribution of advanced stage diagnosis and mortality of breast cancer: Socioeconomic and health service offer inequalities in Brazil. PLoS One [Internet]. 2021 Feb 1 [cited 2023 Mar 6];16(2). Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33534799/.

5.       Prevenção do câncer do colo do útero — Instituto Nacional de Câncer - INCA [Internet]. [cited 2023 Mar 6]. Available from: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes/prevencao

6.       Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero | INCA – Instituto Nacional de Câncer [Internet]. [cited 2023 Mar 6]. Available from: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero.

7.       Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil | INCA – Instituto Nacional de Câncer [Internet]. [cited 2023 Mar 6]. Available from: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-para-deteccao-precoce-do-cancer-de-mama-no-brasil.

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Diogo Monticeli Rocha

Palestrante | Colunista | Gestor de Pessoas | LinkedIn Creator | Desenvolvimento de Negócios | Apaixonado por Conectar Pessoas

1 a

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Lucas Henrique Rigon Vidoto

Rede NotreDame Intermédica e Pesquisador do Instituto Nacional do Câncer - INCA

1 a

Paulo mora 👏👏👏 grande mestre!

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