A parte sombria da liderança que ninguém quer escutar
Durante séculos, um dos enigmas dos estudos sobre negócios sempre foi a liderança. O que torna algumas pessoas líderes e outras lideradas? Há ainda muita controvérsia nesse assunto. Entretanto, sabe-se que existem alguns aspectos negativos que certamente impedem o sucesso de líderes. Mas isso nenhum aspirante a líder quer escutar.
A Odisseia, clássico imortal da literatura mundial, escrita há quase 3000 anos, conta a fabulosa história de Ulisses. Para fugir do monstro de um olho só, ele e sua equipe esperaram ele dormir para machucar o seu único olho, deixando-o cego e desesperado.
Na confusão, conseguiram escapar enquanto o monstro gritava de dor, furioso, no alto do penhasco. Ulisses, que poderia ter escapado quieto e incógnito - afinal, era o que sua equipe pediu para fazer -, não resistiu e num arroubo fanfarrão, gritou enquanto fugia no seu navio:
"Monstro imbecil, foi Ulisses que te castigou! Eu sou Ulisses e eu te deixei cego!"
Ulisses, porém, não sabia que o Deus dos oceanos, Poseidon, é pai do monstro Polifemo. Quando vê seu filho cego castiga Ulisses, perseguindo-o durante 10 anos.
A lição aqui é profunda: Ulisses perdeu o navio, perdeu sua equipe e precisou escapar de ameaças terríveis durante os 10 anos que levou para voltar para casa.
Ora, Polifemo é um monstro de um olho só, ciclope devorador de homens, e estava matando a equipe de Ulisses. A única maneira de escapar era machucando o poderoso monstro. Então, por que o castigo?
A cadeira reservada ao líder, onde senta o representante máximo do poder é, e deve ser, um pouco solitária. É desta cadeira que autoridade e influência são emanadas. Não pode ser de outro jeito para que as coisas funcionem.
Funcionários, clientes, a sociedade, todos esperam que seu ocupante cumpra suas obrigações, que não são poucas. A pressão pela eficácia do líder é grande. Não há margem para erros.
Não dá pra perguntar para um funcionário o que fazer para garantir a folha do mês quando o fluxo de caixa diz para o dono do negócio que as contas não vão fechar. Tudo isso praticamente impõe a autossuficiência e a autoridade e poder passam a ser exigências: o que se espera de você, líder e dirigente é que você lidere e resolva.
O pecado de Ulisses foi a arrogância. Essa é a autossuficiência que passa do limite. Atitude abominada pelos deuses, que enxergam nela uma afronta, Ulisses é castigado: perde equipe, navio e leva 10 anos para voltar pra casa.
Na vida real, os riscos da arrogância são reais e quebram qualquer empresa, independente do tamanho e tipo de negócio. Como aquela onde o dono reina absoluto, contrata pelo custo da folha e não para compensar as competências que não tem e que o negócio precisa para crescer.
Em um ambiente assim, que funcionário se atreve discordar da autoridade?
Não se trata fazer da empresa fórum de discussões, tampouco assembléia de opiniões. Espera-se que você sente na cadeira da liderança, capaz e confiante. Porém, a autoridade que não se deixa contestar, aquela que não vê competências nos outros, que repete o mantra 'E quì comando io' - esta é castigada pelos deuses.
Para fugir do castigo, o bom líder deve reconhecer as contribuições dos colaboradores, principalmente dos mais humildes. Somente eles podem enxergar as insuficiências que você não consegue identificar em si mesmo.
Esse reconhecimento é o primeiro passo. A soberania ensimesmada e encastelada na cadeira da autoridade é um exercício de liderança pobre, incompleto e ineficaz.
Ulisses ensinou a lição: o preço da autossuficiência e da soberba é ter que voltar a pé e sozinho pra casa.
Esse artigo é de autoria do Roni Chittoni, meu parceiro de Centrífuga e um dos maiores entendedores de liderança que conheço. Se você gostou, sugiro que passe a segui-lo no Linkedin que não irá se arrepender!
A Centrífuga dessa semana convidou o CEO Alexandre Freire para discutir os desafios de quem quer aprender sobre liderança e como você pode escolher o melhor caminho. Assista aqui.
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Gerente de Operações / Coordenador de Operações
7 a"...o bom líder deve reconhecer as contribuições dos colaboradores, principalmente dos mais humildes. Somente eles podem enxergar as insuficiências que você não consegue identificar em si mesmo..." Disse tudo!! Muito bom!!!
Quality Assurance | Scrum Master
7 aMe fez lembrar das suas reflexões filosóficas Leonardo Felicissimo
Pedagoga
7 aSe vc tem o respeito de seus liderados , logo o trabalho flui, delegar e acompanhar é fundamental para o sucesso da empresa. Acompanhento é palavra chave,para alguém com cargo de liderança.
Diretor de TI
7 aA sabedoria dos líderes fortes é a capacidade de escutar e estimular seus funcionários na tomada de decisões em cada um dos níveis porém algumas decisões embora difíceis são necessárias a partir do próprio líder! Cada um tem que fazer sua auto reflexão e verificar o que pode mudar em si mesmo para que o resultado do time sejam diferente! O tema foi muito abordado! Parabéns!
supervisor manutenção industrial.
7 agrande realidade !!!