PARTIDA: EMBARQUE PRÓXIMO
Por Rogério Caporossi
Com fronteiras fechadas, novas medidas de segurança e remarcações, o Mercado do Turismo se prepara para um novo futuro.
Sabe aqueles avisos sonoros de aeroporto, que mesmo com vozes sensuais, parecem mais atormentar? Pois é, agora parecem suaves avisos de um sonho. O Turismo, um mercado tão consolidado e necessário, está sedento pela reabertura e pela volta de seus viajantes, sejam eles a trabalho ou a lazer. Mas enquanto o distanciamento social é necessário, é preciso adaptar os serviços a um novo mundo, ainda nebuloso.
O Mercado de Turismo, tanto para lazer como para negócios, foi diretamente impactado pela pandemia do Coronavírus. Pesquisas recentes apontam que o mercado sofrerá com as sequelas desta pandemia até 2023, mas um grande esforço para que os passageiros remarquem, ao invés de cancelarem, suas viagens deve garantir uma boa recuperação para o segundo semestre de 2020. A ideia aqui não é explorar os impactos sofridos por este Mercado e sim convidá-los a refletirem sobre o que devemos esperar do Turismo no futuro e quais as adaptações teremos para as viagens de incentivo. As empresas do setor trabalham com agilidade para estruturar uma nova realidade, que pode ter início a qualquer momento.
Quando tratamos de Viagens de Incentivo, falamos de sonhos e experiências únicas que, após muito planejamento e roteiros, serão oferecidos aos nossos clientes. E tudo isto com uma marca provedora, o que aumenta e muito as responsabilidades. E agora? Como serão essas experiências memoráveis adequadas a tantos novos protocolos de segurança e higiene? E neste momento só consigo me imaginar num vôo com meias de compressão, travesseiro de viagem, máscaras para olhos, nariz e boca e fones de ouvido! E, sim, uma sensação de claustrofobia e poucos dedos para lidar com tudo (e nem me imaginei na poltrona do meio)! Mas, a verdade é que acabaremos por nos adaptar a tudo isso.
O papel do coordenador de viagens agora ficou ainda mais complexo, tentando adequar o roteiro com um “day by day” dinâmico, seguro e confortável. Teremos que estar preparados para nos adaptarmos às exigências locais e prever os protocolos de higiene em cada atração ou local de visita. Ao menos neste princípio, devemos ter mais demora nos atendimentos. Afinal, estamos todos nos adaptando!
Na hotelaria algumas novas medidas estão sendo adotadas e impactam os planejamentos. Já sabemos que os serviços de buffet devem ser trocados por à la carte; os check ins e check outs deverão ser setorizados e agendados evitando aglomerações; os serviços de quarto serão mais utilizados para os cafés da manhã e demais refeições e as equipes de governança deverão adotar novos procedimentos de higiene. Em suma, o planejamento aumentou e os serviços em adaptação nos ensinarão que a paciência é primordial para a segurança e bom atendimento. Quando falamos da logística mais propriamente dita, temos os protocolos de viagem que devem ficar mais rigorosos não só com a segurança, mas também com a higiene! Agora, nossas maletas de produção estarão recheadas também com itens de higiene obrigatórios, além de muitos rolos de fita, é claro!
Ao entrarmos em locais de acesso público, o que podemos esperar? O que deveremos fazer para que os nossos clientes absorvam naturalmente todos os procedimentos? Teremos que estreitar o relacionamento com cada fornecedor e garantir o acesso seguro dos nossos viajantes. Aqui, a organização e planejamento farão ainda mais diferença. Bem, e o tempo nos dirá e também nos trará soluções.
Mas a pandemia nos trouxe alguns aprendizados para os próximos anos. A nova relação das pessoas com os dispositivos eletrônicos nos aproximará do público viajante mesmo antes de embarcarmos e, com isso, teremos experiências mais intensas e memoráveis. E podemos esperar, também, um sentimento coletivo mais aflorado e isso deve nos trazer um senso maior de responsabilidade com a sustentabilidade durante todo o roteiro, com os convidados e também com o local visitado.
No fim, pensando aqui com meus botões, acabo por ver viagens mais tranquilas e menos corridas. E isso é muito bom! Mais tempo para contemplação dos destinos e seus tesouros, observação de suas pessoas e hábitos. Vejo viagens menos superficiais para os nossos convidados. E, com isso, teremos mais tempo para cuidarmos melhor e nos relacionarmos ainda mais com nossos clientes viajantes. Já estou gostando de tudo isso!
O que sabemos ao certo é que as pessoas sairão dos seus isolamentos sedentos por novas experiências e as valorizando muito mais! Esse período de restrição nos traz lições importante e, entre elas, reforça que, sem poder sair de casa, a nossa memória é o nosso maior bem. Com ela, podemos viajar a qualquer lugar e relembrar qualquer experiência já vivida!
E sem querer parecer piegas: mais vale uma mente viajada que um carrão na garagem! Mais vale aquele souvenir na geladeira que aquela roupa de grife no armário. Viajar é preciso!