Partilha pessoal (sem marca pessoal)
Foi em 1997 (xiii! 😳) que comecei a dar formação. Primeiramente, de técnicas administrativas e secretariado, e depois de atendimento, sendo que o serviço ao cliente seria algo que me acompanharia para sempre.
Em 1998, já certificada, passei a ministrar aquilo que realmente queria: formação de formadores! Ao longo de uma dúzia de anos, fi-lo muito intensamente (mais de 80 acções), e depois mais a espaços, sempre que para tal tivesse oportunidade, pois é algo que me devolve imenso.
O mais aproximado a isso que sou chamada a fazer nas empresas clientes são as "técnicas de apresentação". Estas formações de como falar em público levaram-me já a meia centena de empresas, e é sempre uma festa! 😁 Mas, mais do que isso, o objectivo é fazer com que toda a gente saia dali a querer mandar-se para a frente, a ir a palco, a pôr-se à prova, entendendo o seu papel, fazendo uso das suas competências e das ferramentas ao dispor, a enfrentar os imprevistos, a ser extraordinário! Aqui também entra o storytelling. E o conceito de 'presentations zen', que já vinha incluíndo na formação de formadores mesmo que o programa não o contemplasse. Pecadora me confesso, tentei sempre formar formadores avançados, mesmo nas formações chamadas iniciais.
Em 2013 fui agraciada com o prémio de melhor formador de formadores. Mal se soube, e não o publicitei, tal como não publicito tantas pequenas coisas que agora virou moda fazer parecer que são grandes conquistas. Mas tudo é relativo.
Na verdade, sempre interpretei o papel de formadora um pouco como os educadores escolares, que não vemos por aqui a dizer “hoje contribuí para o desenvolvimento de uma das crianças da escola!”; ou como os pais, que não colocam no CV os infindáveis ensinamentos que passam aos seus filhos ao longo de uma vida. Estou a contar-vos isto tudo agora, com o olhar posto no passado.
Pelo meio, outros tantos temas: comunicação assertiva, gestão do tempo e produtividade, gestão de reclamações, gestão de conflitos, inteligência emocional e resiliência, e, quando me senti suficientemente crescida (académica e profissionalmente), liderança para futuros líderes. Se é que alguém pode ser suficientemente crescido para ensinar liderança a quem quer que seja.
E ainda mais umas coisitas que me foram pedindo e eu fui dando: ética em ambiente hospitalar (no qual fui muito tempo voluntária), gestão da formação, algumas lives sobre aprendizagem, sobre gestão do talento, sobre sei lá o quê, e até mentorias one-to-one.
Poderão perguntar-se: - “Eh, pá, mas dás de tudo?”. Não, de todo! E nem isto aconteceu assim de uma vez, mas sim ao longo de um percurso de mais de vinte cinco anos. No entretanto, estudei política, psicologia, intervenção humanitária e recursos humanos; assumi funções em diversas áreas, tais como a comercial, a gestão de eventos, a gestão da formação e o desenvolvimento organizacional; trabalhei numa dezena de empresas, e em parceria com mais de meia centena, inicialmente por intermédio de entidades formadoras (cerca de 30), mas, desde 2015, directamente nos clientes finais. E é com esses que me agrada trabalhar!
Hoje há temas em que já não pego, pois não me fazem vibrar! E não haverá certamente cliente a quem eu não tenha já dito 'não serei a pessoa certa para esse projecto, mas se quiser posso aconselhar-lhe um colega da minha confiança com o perfil que procura'. Se algum deles calhar a ler isto, pois não se coíba, s.f.f.
Vivo rodeada de colegas para os quais ser formador é a sua profissão. Entendo-os, mas também espero que me entendam quando digo que a minha não é. A formação é, para mim, o contraponto. É um misto de paixão, arte e vício, e um dos meus principais motores de aprendizagem. Ensino o que aprendo, aprendo ensinando, aprendo a ensinar e ensino a aprender. E nisto quase me bastaria.
Mas a minha profissão – assim fui muito cedo talhada – é a que exerço no seio corporativo, ao lado da minha equipa, assumindo a responsabilidade de, dia após dia, partilhar os sucessos, assumir os fracassos e transformá-los, num aperfeiçoamento permanente. A formação é tudo o resto... Mas é também a imagem de fundo do filme da minha vida; o que me permite organizar a minha cronologia e sentir-me sempre segura de que, se errei pelo caminho, também acertei imenso, a começar pelas pessoas com as quais me cruzei e que perfazem a minha larga rede de contactos, de parceiros a amigos. Não saberia contar quantos amigos tenho que foram meus formandos. E, alguns, meus formadores também. E colegas. E clientes. Afinal, todos nos formamos uns aos outros, ou não?
[É claro que também fazemos boas amizades no trabalho mais ortodoxo. Afinal, passamos dias a fio fechados com as mesmas pessoas. Mas é engraçado como leva mais tempo. Porque a formação tem uma outra intensidade. Dá-se noutro registo, noutra frequência. As relações são diferentes, as emoções acontecem].
A expressão "dar formação" diz tudo o que é preciso: sim, é DAR! E por isso sempre a dou, quer receba por ela, quer não. De vez em quando, lá me abalanço em algo novo. Há muitos anos foi a moda do acordo ortográfico: as empresas pediam-mo, e eu entregava. As estratégias de empregabilidade foi também um tema que me ocupou durante uns bons anos. O último foi o assédio. E o próximo há-de ser a segurança psicológica, tema core do meu actual mestrado.
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De quando em vez, lá presto os meus serviços num outro espectro, como o da língua portuguesa, por exemplo (o estudo dela é o meu passatempo mais antigo); e a pandemia viria a dar-me a liberdade para sistematizar muitos anos de estudo sobre alimentação saudável, e passar a dar formação em reeducação do comportamento alimentar, outra paixão (eatlikeyoulove.wordpress.com).
Não consigo eleger as minhas melhores experiências. Alguns projectos foram especialmente duradouros (CTT, EDP, Media Market, Banco de Portugal), outros particularmente desafiantes (Roche, Sogenave) ou especialmente acalentadores (Associação Humanidades, AMI, Ajuda de Mãe). Tantos me obrigaram a adaptar a diferentes perfis (Mindsource, Affinity, Pingo Doce), outros trouxeram-me insights muito importantes sobre mim mesma enquanto profissional de formação (Martinhal, Ponto, Novo Banco); uns por isto, outros por aquilo, e tantos, mas tantos, trouxeram-me amigos para a vida (ESCS, Soltrópico, etc.).
Porque decidi escrever isto hoje? Porque a conversa que tive o prazer de ter ontem com o Rui Bairrada (o CEO mais conhecido do mundo e arredores), fez-me luz sobre algo que há já muito detectara, mas sobre o qual nunca antes havia reflectido: a dificuldade que tenho em explicar que o meu percurso profissional é o casamento entre o meu contributo corporativo in-house e aquele que presto enquanto consultora freelancer, em equitativa proporção. E retroalimentam-se.
Quando assumo funções nos quadros de uma empresa, ninguém me adivinha o outro lado; e vice-versa (excepto se calho a partilhar em sala um ou outro caso que tenha vivido ou testemunhado enquanto colaboradora interna). Não que tal me incomode, até porque já assim o é há demasiados anos para que o estranhe. Mas, bem vistas as coisas, é bem possível que não me favoreça. E de quem será a culpa? Minha, claro, que nunca me detive muito nesses assuntos da imagem de marca, da construção de um perfil coerente, do potencial da visibilidade.
Vou aparecendo, pois sou extrovertida, comunicadora e “partilhadeira”, mas não mais do que isso. E tudo isto dá-me que pensar também por outro motivo: o da reconversão profissional! Digam o que quiserem sobre mudar de profissão aos X, Y ou Z anos, eu cá sou adepta de ir atrás dos sonhos, e não posso ir contra a minha natureza. Sim, é possível que eu esteja a rumar a esse destino, e imagino-o como uma espécie de precipício no qual, em teoria, tanto se pode cair, como voar céu acima, como uma águia. Lá balanço levo eu, e energia não me falta. 😛
Eu explico: terminada esta etapa académica, seguir-se-á o estágio de acesso à Ordem dos Psicólogos. E depois disso, veremos. Posso, pois claro, passar a ser psicóloga de empresa, integrada num departamento de recursos humanos, quiçá até aliando a isso o meu trabalho de desenvolvimento de competências sociais. Ou optar pela clínica privada. Ou pela carreira no SNS. Ou avançar para doutoramento. Ou dar aulas e produzir uns artigos enquanto faço uma pós-graduação em comportamento alimentar, coisa que também me apetece...
A questão é: quando chegar a esse ponto, convém saber o que quero comunicar, e saber comunicar o que quero. Por outras palavras, a próxima fase da minha vida irá, certamente, aprender com os erros da anterior. É isto, a aprendizagem.
[Ainda que chamar erro a ter levado a vida a fazer o que amo seja um bocadinho forte, mas... You know what I mean!].😊
Ah… E se entretanto precisarem de uma psicóloga estagiária por um ano, aqui está ela! Receberei como principiante, mas contribuirei como sénior que sou.
Bem hajam!
Integrative Nutrition Health Coach
7 mMuito, muito orgulho em ti! Abraço apertadinho
Assessora e Consultora de RH e Formação
7 mAna Paula Costa em muito nos assemelhamos! Obrigada por esta partilha, pois fez-me perceber que não estou sozinha quando me perguntam: “mas é especialista de quê?” E eu simplesmente respondo - de nada! Os maiores sucessos! E quem sabe se ainda nós iremos cruzar nestas andanças 🌻
Manager na UPTURN - Coaching & Desenvolvimento.Coach PCC & Facilitador & Formador;
7 mnada me surpreende em ti, só fico cada vez mais orgulhoso de te ter como minha amiga. Obrigado