PAZ
As pessoas falam de paz!
Mas que paz!
Alguém conhece?
Ou já viu? A paz!
Aquela da calma,
sossego, tranquilidade,
repouso, harmonia,
ausência de conflitos,
lutas e violência.
Ou aquela outra!
A paz de ter a consciência tranquila,
aquela sensação de que tudo permanece bem,
sentindo a verdadeira essência do amor
e da felicidade plena,
podendo se dar ao luxo
de ate confiar em seu semelhante
ou ate mesmo amá-lo.
Mas que coisa mais invisível,
ninguém enxerga nada além de si mesmo,
tudo pode e tudo vê,
é tudo permissivo,
sangue nas ruas, fome nas margens,
caras de horror sob o cerco,
desassossego, guerra todo dia,
terror, violência, descriminação,
pessoas corrompidas, sem louvor,
sem pudor ou sem amor...
Como ter paz?
Talvez seja por isso que ela passa correndo dizendo:
Não tenha medo, posso me atrasar!
Paz se tornou algo imaginário,
transgênico, hipócrita,
subversivo, consumista,
covarde, conveniente...
Talvez se alguém tiver coragem
de chegar na janela
e libertar os sonhos
que se entulham nos valores
e se deprimem em sua cela,
aquela onde esta guardado
sua liberdade e felicidade,
alimentaria seu coração
com sonhos, esperança e amor,
ou talvez se alguém der um grito pela revolução,
mesmo que isso só liberte sua emoção,
mesmo que este grito lhe custe não ser ouvido,
só lhe sossegue o espírito,
quem sabe assim não encontraria
ou ficaria em paz.
Talvez a procura pela paz
seja somente mais uma utopia
que acabe na lapide
– Descanse em paz.
Laércio Gomes da Costa
In: Inquietações