Pequenas e médias incorporadoras se saem melhor que gigantes na crise

Pequenas e médias incorporadoras se saem melhor que gigantes na crise

O setor imobiliário brasileiro tem vivido anos difíceis. Em setembro, a incorporadora Viver entrou com um pedido de recuperação judicial para renegociar dívidas de mais de R$ 1 bilhão.

Ela foi a primeira empresa de capital aberto do setor a recorrer a este instrumento. A PDG, que já foi a maior incorporadora e construtora brasileira, pode também percorrer caminho semelhante até o fim deste ano.

Não bastasse isso, a taxa de distratos, quando o consumidor devolve o imóvel, foi de 41% em 2015. De cada 100 imóveis vendidos, 41 foram devolvidos. Um número alto, sob qualquer ângulo que se analise.

Por conta disso, as construtoras e incorporadoras dão descontos que podem chegar até 25% em imóveis novos ou usados para se livrar dos estoques.

Mas nem tudo pode ser considerado má notícia. Pequenas e médias construtoras e incorporadoras estão conseguindo enfrentar a crise melhor do que as grandes do setor. Dois exemplos são as paulistas SKR e a Mitre, que possuem um valor geral de vendas (VGV) de R$ 200 milhões e R$ 500 milhões, respectivamente.

Em ambos os casos, suas taxas de distratos são baixas. A SKR informa que ela é praticamente inexistente. No caso da Mitre está por volta de 20%, metade da taxa do setor.

Suas estratégias são parecidas, embora atinjam públicos diferentes. A Mitre foca a classe média. A SKR busca o público de alta renda, com projetos assinados por arquitetos de renome. “Não entro na briga pelo preço do metro quadrado”, diz Silvio Kozuchowicz, fundador da SKR, cuja gigante Cyrela, do empresário Elie Horn, é dona de 50% da empresa.

A SKR criou uma metodologia batizada de Compass que será referência para todos os seus novos empreendimentos. A ideia é assegurar ao cliente que adquiriu um imóvel o acesso a tudo que foi idealizado na concepção do projeto.

Para se adaptar a um consumidor mais conectado, a SKR está criando aplicativos exclusivos para cada empreendimento. O objetivo é não só melhorar a comunicação dos condôminos, como também oferecer serviços, que podem ser contratados diretamente pelo app do smartphone.

A Mitre aposta também em projetos que tenham diferencial dos da concorrência. Por essa razão, seus prédios contemplam coleta seletiva, iluminação LED, reuso de água pluvial, espaço para lavar carros e hortas. “Nos preocupamos que o que foi projetado seja entregue o mais próximo possível do que o consumidor viu quando comprou o apartamento”, diz Fabricio Mitre, CEO da empresa e neto do fundador.

Por conta disso, a Mitre criou uma imobiliária com corretores treinados para vender seus produtos e ressaltar o que o executivo considera seus diferenciais – a companhia trabalha também com a Lopes.

No fim de outubro, a Mitre lançou um empreendimento na Vila Matilde, zona leste de São Paulo. Em um único fim de semana, conseguiu vender 36% dos apartamentos. 

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