Perca o medo de falhar

Perca o medo de falhar

Uma das frases mais compartilhadas do mestre Antônio Abujamra, logo após seu falecimento, dizia algo do tipo “esteticamente, o fracasso é mais interessante que o sucesso. Sou um homem de fracassos”. Como no mundo virtual compartilhamos sempre aquilo que pode nos servir de alguma forma, a maneira como essa frase foi solta, na cabeça de nossos intelectuais virtuais, simboliza uma desculpa abalizada para uma eminente ou eventuais derrotas. Mas Abu era gênio, e seu pensamento vai além.

Esse pensamento me veio semanas atrás, em pé, em um cinema no centro de São Paulo, enquanto o diretor do prestigiado festival In-Edit abria os trabalhos e fazia a escada para me passar a palavra, diante de 80 jornalistas importantes de cinema e música, onde eu apresentaria meu primeiro filme, “Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94”. Ali tive uma iluminação e alcancei o significado da minha existência numa frase definidora: “que vida louca”.

Imagina só: para um menino apaixonado por música, futebol e cinema, criado em Aparecida, no interiorzão de São Paulo, educado em escolas públicas, num mundo sem internet, muito menos bibliotecas e bancas de revistas com os principais lançamentos do mundo, poder apresentar um filme diante de tanta gente importante, é doideira demais. Um filme! Na tela de cinema!! C#$%^^ralho!!!

E nesse meio tempo todo da existência ainda lancei alguns livros, fiz revistas, apresentei programa na televisão, entre outras milongas mais.

Bem, me perdi no meu umbigo, vou tentar retomar o fio da meada. Pronto. Lembrei da frase do Abu porque só consegui tudo isso, o que pra mim é muito, graças a coleção de fracassos que exibo na prateleira mais alta da minha mente. E é aí que reside a profundidade na frase do Abujamra, que pode ter passado ao largo dos compartilhamentos no Feice. Ela, a frase, não é uma justificativa, muito menos uma muleta. Ela é uma catapulta. O modelo de sucesso que nos venderam e o brasileiro comprou com muita felicidade, é aquele em que você ganha bastante dinheiro, casa com uma mulher-troféu, tem filhos, compra carrões, janta nos restaurantes mais caros e menos gostosos, tudo isso, hoje em dia, fartamente registrado nas redes sociais. Todos vivem uma vida perfeita e nela não cabem alguns algoritmos criados por Deus, Dalai Lama, Pelé ou o Big Bang: o destino, o risco, o improvável.

A vida, de verdade, é isso: improvável. As coisas podem dar certo, podem dar errado. Colecionar fracassos significa que você não parou diante da primeira derrota e se escondeu. Colecionar fracassos, como diria outro mestre, o Vanzolini, é aceitar o golpe, reconhecer a queda e bola pra frente. Estar, por exemplo, apresentando meu primeiro filme, só foi possível depois de um dos fracassos monumentais na minha trajetória. Um erro de avaliação e percurso que eu mesmo cometi e perdi tempo precioso. Um risco, deu errado. Depois dele, fiz o meu livro que mais vendeu, dois filmes (um deles com Morgan Freeman, ainda em edição) e o “Sem Dentes”, apresentado pelo diretor do maior festival de documentários musicais da América Latina como o “filme dos sonhos”. Obrigado, fracasso. Ansioso pelos próximos.

Eita! Saudades dessa mente engraçada e brilhante! Parabéns por todos os fracassos que te fizerem ser quem você é e pelo filme! Doida pra ver! Bjs

Muito bem!, voçê tem grande valor e pode influenciar o país, a sua origem humilde é uma vantagem, mostra que não foi contaminado. Não conheço suas obras, mas procure trabalhar com coisas que agreguem bons valores ao nosso povo. Parabéns e siga confiante!

Branca Maria Sampaio

Palestrante/Consultora/Instrutora

9 a

Aprendemos muito com o fracasso. Mas devemos fazer tudo para evitá-lo.

Regina Célia Brenner Kasai

Fonoaudióloga, especialista em Distúrbios de linguagem (PUCPR), em Voz e em Motricidade Oral. (CFFa), Mestre em Educação (PUCPR). Formação em Abordagem Sistêmica e PEI . Formação em Plushand (iniciante e avançado)

9 a

Sucesso é bom, mas não forma caráter, como dizia o pai do Calvin. :-) Bela caminhada!

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