A Percepção de Oportunidade
Quando se estuda estratégia nas universidades uma história comumente contada é sobre a percepção de oportunidade por parte dos empresários. Uma das mais populares é a seguinte: “uma empresa fabricante de calçados envia dois vendedores à um país subdesenvolvido afim de avaliar o potencial do mercado para o consumo de calçados de baixo custo. Um dos vendedores telefona para o seu chefe que permaneceu na matriz e diz: “- Chefe, infelizmente os cidadãos do presente país não usam calçados, estão todos acostumados a andar sem calçados, de forma que seria um esforço improdutivo produzir calçados aqui.” O Chefe em seguida recebe outro telefonema do outro vendedor, que eufórico, quase sem conseguir se expressar ao telefone fala ao Chefe: “- Chefe! Chefe! Nós temos que vir rápido para cá! O quanto antes! As pessoas que aqui vivem estão sem calçados para vestir! Ninguém os tem! Será um sucesso!”
Qual dos dois vendedores está correto?
Acredito que uma das respostas corretas está na percepção de oportunidade que moldou a China que conhecemos hoje. Até a década de 1980 mais de 1 bilhão de pessoas estavam “descalços”, mas hoje constituem-se o maior mercado consumidor do mundo que fala a mesma língua, divide um padrão básico de cultura (homogênea), e encontram-se em franco desenvolvimento produtivo, intelectual e de consumo.
É nesse ponto que devemos perceber a África e outras regiões subdesenvolvidas. A África possui grandes desafios, mas ao mesmo tempo é um local de grandes oportunidades. Se houvesse investimentos adequados e parcerias também adequadas, a África estaria cheia de oportunidades para seus residentes, e como no caso da China, a África poderia tornar-se não um exportador, mas um grande importador de mão de obra e cérebros.
Qual o maior custo? Investir na África nos próximos 30 anos ou ver a população africana migrar para outros países e tentar conter o avanço da migração?
Poucos são os migrantes que saem do seu lugar de nascimento por livre iniciativa. A grande proporção, superior à 90% sai pelos perigos a que são expostos e pela falta de oportunidades.
A China já percebeu esse potencial, e hoje, os investimentos Chineses na África são importantes e consideráveis. Não são, em sua maioria, investimentos extrativistas, mas sim investimentos que vem nos africanos consumidores e fornecedores potenciais para um mercado futuro. Onde a Europa e os Estados Unidos querem estar? Sendo qual dos vendedores de sapatos a serem ouvidos?
Engenheiro Civil • Gerenciamento de Projetos • Comercial
6 aA algum tempo atrás li uma reportagem que relatava o grande fluxo de mão de obra chinesa para execução de investimentos chineses por lá. Americanos e europeus talvez tenham resistência devido ao baixíssimo nível de desenvolvimento destes países, o que à eles impõem um grande esforço para compreender e conviver com comportamento social e político tão distinto. A impressão que tenho é que os chineses por ainda estarem nessa transição, mesmo que super acelerada, certamente largam na frente e lidam melhor com este cenário. Forte abraço Victor!
Gestão Comercial e Técnica: Mineração, Siderurgia, Construção Civil e Projetos de Inovação (Coprodutos)
6 aMuito bom o artigo Victor!