Percepção: o eu que sou e o eu que o outro enxerga

Percepção: o eu que sou e o eu que o outro enxerga

Quem somos, na verdade, diante do espelho depende do modo como nos enxergamos.

Essa foi uma frase de efeito que me surgiu há algum tempo durante uma aula do MBA. Ambiente cujo propósito é oferecer insights e desenvolver competências e habilidades de liderança à atuação profissional, alavancar a carreira, fazer networking (por que não?), compartilhar e aprender.

Feita a apresentação, voltemos para o pensamento introdutório: quem somos? Embora seja uma pergunta retórica, na verdade, poucos de nós refletimos acerca desse eu que construímos durante a jornada da vida. A cada passo, uma nova experiência, conquista, frustração ou troféu é armazenado na pesada mochila da vida.

Bem dizia o poeta Mário Quintana:

“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. | Quando se vê, já são seis horas! | Quando se vê, já é sexta-feira! | Quando se vê, já é natal... | Quando se vê, já terminou o ano...| Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. | Quando se vê passaram 50 anos! | Agora é tarde demais para ser reprovado... | Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. | Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...”

O poeta traz à luz um aspecto inerente a quem está longos passos adiante de nós, aqueles que semearam e colheram os frutos da espera e da paciência. Quando jovens, estamos centrados na pressa de chegar, sequer refletimos nos impactos que seguir determinado caminho nos trará. Apenas quando temos o olhar do poeta, enxergamos com clareza as perdas e os ganhos das escolhas que fizemos, das pessoas que quisemos agradar.

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Jovens demais persistimos na caminhada sem notar quem somos realmente no tempo-espaço e diante do espelho, objeto para o qual é impossível ter filtros ou máscaras. Quem somos é a pergunta para a qual filósofos gastaram a vida entre contemplações e manuscritos.

Quem somos, nas entrelinhas, convida a perscrutar o que nos define: família, status, fotos, diplomas, currículo, amigos, o nome no crachá da firma para a qual trabalhamos? Quem somos, na verdade, diante do espelho depende do modo como nos enxergamos.

Na tradição judaica, o Deus de Israel é definido por um tetragrama YHWH (transliterado Yahweh, Iavé em português), o “Eu sou quem sou”, de modo que o povo o reconhecia quem era pela maneira como agia, sobretudo, pelo bem do povo, além de ser lembrado por seus feitos e atuação entre aqueles que o reconheciam como o “Eu sou”.

A metáfora é um subterfúgio para mostrar que é necessário, em primeiro lugar, a autodefinição, como agimos com as pessoas e lidamos com situações de crise.

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O autorreconhecimento é uma arma poderosa para quem quer se destacar na multidão. Eu sou e ponto! Nada do que carregamos, por conveniência ou comodidade, pode nos definir a longo prazo.

Eu não sou meu crachá, jamais serei o meu salário, em hipótese alguma, as minhas postagens nas redes sociais definirão meus valores ou limitarão meus sonhos.

Ninguém pode nos definir: pessoas, roupas ou stories... O caminho para descobrir “quem sou” é solitário e exige falhas, quedas e aprender a se enxergar verdadeiramente diante do espelho. Pois, “pensei que, afinal, talvez, seja isso a vida: muito desespero, mas também alguns momentos de beleza em que o tempo não é mais o mesmo.” (Ed Catmull)   

 

Este texto faz parte de um projeto maior: o amor à palavra. Foi ela quem me salvou de uma infância introspectiva e silenciosa. Até ser uma jovem falante e ouvinte na mesma proporção, sempre embalada a café e companhia. Gostou do texto? Você tem permissão para compartilhar, enviar a um amigo, comentar e dizer se quem escreve está no caminho.

Tenho, como autora, na palavra: minha ferramenta e meu ar. Escrevo da mesma forma que respiro e vivo, profissionalmente, há 15 anos. Formada em Letras por amor à língua, o qual me aproximou do universo da comunicação e do Marketing. Amante da boa escrita, do saber, da leitura e da pesquisa. 

Autora publicada em blogs: próprio e alheios, poeta premiada em antologia poética, prefaciadora em livro de poesia e de ficção; redatora de textos alheios e próprios; contista que capta o cotidiano e as minúcias despercebidas; revisora de textos técnicos, acadêmicos, líricos, poéticos, de periódicos, editoriais, livros, sites, blogs...

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Gleice Anne Sousa

Docente | Ensino Técnico | Aprendizagem | T & D | Gestão & Negócios | Turismóloga

9 m

Texto maravilhoso Juliana de Araujo Usei no treinamento Percepção do Eu e deu muito certo. Obrigada por compartilhar. 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽

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