As perspectivas de 2023 para as startups
A expansão digital da última década — que foi ainda mais acelerada pela pandemia — colocou as startups no mapa de risco global. O número de unicórnios, startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, era superior a 1.200 no mundo inteiro, segundo a CB Insights em outubro de 2022.
Apesar disso, segundo a CB Insights, a queda de investimentos em startups na América Latina e Caribe foi de cerca de 62%, contra 37% de diminuição nos EUA. A recente volatilidade econômica, no entanto, mostra que nem tudo é fácil e que as startups precisam se adaptar.
Dessa maneira, veja algumas tendências e perspectivas para as startups em 2023.
Capital barato segue distante, porém há recursos para o setor
Estamos em um momento onde os investidores estão ainda mais criteriosos. Os recursos investidos têm sido direcionados para empresas da carteira com crescimento sustentável, não aceitando maiores custos fixos, como estrutura física desproporcional, grandes times e pessoas com remuneração muito agressivas.
O maior custo de capital e inflação diminui a expectativa de retorno dos fundos e por isso acabam pagando valuations menos agressivos. Apesar disso, diversos fundos estão capitalizados, portanto, há ainda uma busca por bons ativos que tenham capacidade de gerar resultados.
Maior relevância de Dívida e M&A
O ano de 2022 foi um ano de crescimento para o mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil. Essa tendência deve continuar em 2023 por conta da queda das valuations de empresas de tecnologia que torna mais factível tais transações.
Um exemplo notável de M&A no Brasil em 2022 é a fusão da TOTVS, uma das principais empresas de software de gestão empresarial do país, com a RD Station, uma plataforma de automação de marketing.
Essa fusão combina a experiência da TOTVS em soluções empresariais com a tecnologia da RD Station, criando uma empresa mais competitiva e capaz de oferecer uma gama ainda maior de soluções aos seus clientes.
O maior foco também em ter unit economics positivos e uma operação rentável traz maior luz a formas alternativas de captação. Visto que diversas empresas estão focadas em ter capacidade de serem geradoras de caixa e ter um equilíbrio financeiro, cada vez mais se torna mais factível financiar o crescimento ou tais unit economics com recursos próprios, ou alavancagem e dívida de terceiros sem a necessidade de investimentos societários e novas rodadas de capitação
A tendência é que startups late stage nesse momento levantem recursos através do Venture Debt, a fim de reduzir seu custo de captação, ter fôlego para continuar sua operação, evitar diluição indesejada e conseguir estender seu runway.
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O crescimento do número de CVCs
Um estudo da Bain & Company revelou que o Corporate Venture Capital cresceu cerca de 30% nos últimos anos no Brasil. A pesquisa identificou cerca de 61 CVCs ativos no país, e diversos em processo de desenvolvimento.
A atuação do CVCs é majoritária em startups ainda no estágio inicial, principalmente aquelas em series A. Em média, 70% dos investimentos realizados são para empresas deste perfil.
Naturalmente haverá uma evolução do modelo de Corporate Venture Capital, com a compressão de múltiplos que ainda devem continuar em patamar mais baixo. Dado o maior custo de capital e inflação, maior será o interesse de tais instituições em aquisições com foco em tecnologia, com foco em talentos (acqui-hiring) ou então para testes de novos mercados, features ou mesmo na sinergias de comercialização de serviços.
Isso deve também despertar mais o interesse das próprias startups pelo setor que ainda é pouco conhecido.
De olho nas mudanças tecnológicas e regulatórias
As inovações tecnológicas não param por aqui e as startups precisam estar atentas às tendências emergentes. A descentralização da internet provavelmente deve transformar os negócios mais cedo ou mais tarde. Nesse quesito muita questão regulatória deve mudar e também o controle e gerência de dados de usuários deve tomar importância.
A pandemia e seus resultados no trabalho e comportamento devem continuar. Soluções que sejam eficientes em termos de custos ou que tragam redução de custos significativos devem também ter maior relevância num momento onde o capital é mais escasso em detrimento de soluções com time to market mais longas ou com custo elevado.
De olhos nas principais tendências de mercado
Em resumo, as tendências para startups em 2023 incluem o aumento da procura por dívida, a continuidade de valuations mais conservadores, aumento de fusões e aquisições (M&A) e crescimento do uso de venture debt.
A busca por capital de risco continua forte, com os investidores buscando startups inovadoras e com modelos de negócios sólidos. Além disso, as M&A estão se tornando cada vez mais comuns, com grandes empresas adquirindo startups para obter acesso a tecnologias e talentos inovadores.
Estrategista de Fintechs & Mercado de Capitais | Especialista em financiamentos End-to-End | Apaixonado por crescer negócios, 123 empresas impactadas | Investidor SaaS/B2B - 🇧🇷 🇨🇦
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