Peter Drucker, exemplos e ética
Escrito por: André Caldeira

Peter Drucker, exemplos e ética

A 5ª edição do nosso evento “CEO com Proposito” teve a participação de Joanita Maestri Karoleski, Conselheira de grandes empresas como Bunge, Santa Helena Alimentos e Fundo JBS pela Amazônia, bem como de Alexandre Di Miceli, sócio da Virtuous Company, especialista em Governança e Professor do IBGC.

Com o tema “Ética e o tom do topo como princípios para a governança e liderança”, o encontro gerou inúmeros insights preciosos, alguns dos quais destaco a seguir.

Joanita lembrou sobre a importância da humildade, independente da posição hierárquica, ressaltando que sempre existe um jeito de fazer melhor. Alertou sobre os perigos da preguiça mental e da falta de vontade ou iniciativa. Pois uma postura de liderança tem forte conexão com a curiosidade e vontade de fazer diferente, de fazer melhor.

Destacou também sobre a importância da generosidade em compartilhar conhecimentos e experiências como parte da postura de um bom líder, juntamente com a vulnerabilidade, que é justamente a capacidade de dizer “não sei” ou de pedir ajuda.

Reforçou o tempo como o nosso fator de luxo mais importante, juntamente com a importância de nossas escolhas de projetos, ciclos profissionais e busca de construção de legado.

Já Di Miceli trouxe outros pontos, mas igualmente relevantes. Começou criticando a nomenclatura “Recursos Humanos”, sugerindo que a sigla RH poderia significar Realização Humana. Destacou que as empresas devem ter como foco (e não apêndice) as pessoas, fazendo tudo com e pelas pessoas.  Ressaltou dois sérios tipos de crises nas organizações: a crise de liderança e a crise ética.

Fez uma importante observação: a ética é dependente de onde estamos, e não de quem somos. A postura ética tem forte relação com o contexto e a cultura, pois os erros ou desvios de hoje poderão ser normalizados ou aceitos em um futuro próximo, caso replicados de forma recorrente pelas lideranças nas empresas. Isso significa que uma postura leniente ou flexível em relação a não fazer o certo pode mudar o ambiente, influenciando outras pessoas e, por consequência, suas atitudes.

Isso gera uma constatação importante: um dos papeis centrais das lideranças é criar uma cultura ética. Lembrando que ética é o reflexo das nossas ações ou ausência de ações, é fazer o certo principalmente quando o certo é o difícil a ser feito. A relação causa-efeito é clara: o nível de consciência das lideranças pauta a atuação das pessoas, portanto pauta a conduta das empresas.

Di Miceli fez importantes distinções entre liderança e gestão, apontando para o fato que as empresas atualmente são excessivamente gerenciadas e insuficientemente lideradas. Criticou a postura recorrente de se contar valor ao invés de se criar valor, reforçando que liderança lida com gente, já a gestão prioriza coisas e números.

Chamou atenção também a constatação sobre gestores que ficam o dia inteiro em reuniões e não tem tempo para reflexões, conexões e busca de novas ideias. Esse tipo de rotina sedimenta uma força gravitacional muito presente nas organizações – a da conformidade e do silêncio.

Outro ponto de destaque está nos problemas de saúde mental, desmotivação e depressão nas empresas, que acabam servindo como elementos de indução a um murchamento ético. Se lembrarmos que quanto maior o nível de estresse maior a tendência ao piloto automático não é difícil entender o quanto uma cultura tóxica fomenta estresse, atitudes replicadas e ausência de um pensar mais sistêmico. Em outras palavras, a pressão do contexto e a falta de tempo funcionam como indutores para a cegueira ética.

Reflexões muito importantes sobre o papel das lideranças e conselhos nas organizações. E também sobre as condutas individuais e os exemplos repercutidos a partir do tom do topo.

Nas palavras de Peter Drucker Management is doing things right. Leadership is doing the right things.

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