PIB baixo e inflação alta, prevê Focus
O Brasil vai continuar crescendo pouco e a inflação permanecerá acima da meta do Banco Central. Os juros, por sua vez, deverão subir ainda mais, com a taxa Selic passando dos atuais 11,75% ao ano para 13,25% até o final do ano. Essas são algumas das projeções da pesquisa Focus para 2022 realizada pelo Banco Central junto a mais de 100 agentes econômicos e divulgada nesta terça-feira (02.05).
O PIB deste ano sofreu um ligeiro acréscimo nas expectativas, passando de “expressivos” 0,65% previstos na semana passada para “robustos” 0,70% esta semana. O Fundo Monetário Internacional projeta que o PIB mundial de 2022 ficará em torno de 3,6%, o que indica que o Brasil continuará muito abaixo da média mundial.
Para 2023, as projeções da Focus são de uma ligeira melhora, quando deverá atingir 1,0%, ainda muito abaixo da média mundial. E as expectativas dos agentes econômicos estão piorando. No final do ano passado, a média das projeções estava em 1,55%, nada brilhante, mas acima do patamar atual. Para os anos seguintes, o ritmo ‘dobrará’, chegando a 2,0% ao ano. Com isso, o desemprego continuará elevado a taxa de desocupação/desemprego continuará acima de 10% da força de trabalho (ver gráfico abaixo).
Na pesquisa divulgada nesta segunda-feira, o mercado passou a projetar que a inflação aferida pelo IPCA chegará em dezembro em 7,89%, acima da meta do Banco Central pelo segundo ano consecutivo, que previa um patamar de 3,5%, com dois pontos de tolerância (até 5,5%).
De qualquer forma, será abaixo dos 11,30% registrados nos 12 meses encerrados em março. Ou seja, a partir de meados deste ano, o índice em 12 meses será declinante e a tendência seria de manutenção desse ritmo. Para os próximos anos, a previsão é de 4,10% em 2023 e 3,20% em 2024, quando ficará dentro da meta do BC.
As projeções da Focus divulgadas nesta segunda-feira sinalizam que o mercado está prevendo uma melhoria nas contas externas, especialmente pelo aumento expressivo das exportações. O Brasil deverá atingir patamar superior a US$ 300 bilhões de exportações e manter esse ritmo nos anos seguintes. O saldo comercial deverá atingir robustos US$ 69,50 bilhões.
Já na área fiscal, o quadro continua delicado, A dívida bruta e a dívida interna líquida tendem a continuar elevadas, na sua relação ao Produto Interno Bruto, embora com uma melhora pontual neste ano. Mas como os indicadores são muito ruins, a situação geral permanece preocupante. Isso porque o Tesouro continuará gastando mais do que recebe, já que o déficit nominal permanecerá elevado, embora com tendência de declínio.
Com os juros em alta – e como o Tesouro brasileiro é extremamente endividado – a tendência é de piora nesses indicadores. Veja abaixo alguns dos principais indicadores acompanhados pelo BC através da Focus. Para cobrir o aumento nos juros, o Tesouro teria de promover uma drástica melhoria no déficit/superávit nominal.
Executivo & Pesquisador Sênior / Especialista em Gestão & Recursos Humanos. / Consultor de Gestão & Desenvolvimento Empresarial. / Agronegócios / Conselheiro de Organizações. / Jornalista.
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