PONTE ROLANTE DE PANELA – Projeto Nacional

PONTE ROLANTE DE PANELA – Projeto Nacional

Tive durante a minha carreira profissional, a oportunidade em liderar o projeto da primeira ponte rolante de panela, totalmente projetada no Brasil, antes a empresa comprava o projeto de tecnologia americana e japonesa.

Uma ponte rolante de panela é composta por 4 vigas (duas principais e duas auxiliares), nas quais dois carros (carro principal com barra de carga para manusear a panela e o carro auxiliar com um gancho simples) se movimentam, sendo que o carro principal passa por cima do carro auxiliar. A complexidade desse projeto é muito grande, tendo em vista a responsabilidade em manusear metal líquido.

A norma americana de cálculo utilizada foi a AISE 6 para a Ponte e AISE 7 para os ganchos de chapas rebitadas da barra de carga. Os painéis elétricos normalmente são localizados no interior da viga principal, o que obrigava a abertura na alma da viga principal, com todos os reforços devidamente calculados, sem utilizar os programas de cálculo estrutural como o SAP 2000 ou ANSYS, que na época não tínhamos.

Tivemos um problema durante a operação da ponte, a elevação da panela parava de operar de maneira aleatória, após várias análises, se descobriu que o problema era a interferência dos cabos de força com os cabos de controle desse movimento, isolamos esses cabos e tudo voltou ao normal.

Isso tudo aconteceu na década de 90, portanto, os engenheiros brasileiros são capacitados em projetar equipamentos pesados, como pontes rolantes de panela, máquinas de pátio e máquinas portuárias, isso demonstra o alto nível da nossa engenharia, já que não há investimentos em pesquisa e desenvolvimento das empresas e muito menos nas nossas universidades, e só chegamos nesse nível com a persistência e coragem de alguns poucos engenheiros especialistas visionários, já que tudo é realizado no próprio equipamento vendido para o cliente, é quase como se o nosso cliente virasse uma cobaia, e isso só ocorre em função da visão míope dos gestores das indústrias pesadas, que não investem nos profissionais, e nas empresas.

Infelizmente, esses engenheiros especialistas visionários estão saindo do mercado, e não foi possível criar novos engenheiros especialistas, e estamos presenciando acidentes bobos, como queda de sala elétrica suspensa em ponte rolante, que deixa a nossa engenharia brasileira em situação muita delicada, e talvez necessitaremos voltar a comprar tecnologia importada, triste será o futuro da nossa engenharia mecânica brasileira.

O Brasil só será um país de primeiro mundo, quando investir em pesquisa, inovação e desenvolvimento, para isso é necessário conscientizar os gestores dessas empresas, e principalmente tendo total apoio das Universidades, que hoje estão alienadas com os problemas brasileiros.

O que queremos do Brasil?

Um país de commodities nas quais estamos nessa situação a 516 anos com voo de crescimento do estilo galinha, ou um pais desenvolvido, com visão de investimento em pesquisa, inovação e desenvolvimento.

Ângelo Almeida Freitas

B.Sc. in Mechanical Engineering | Master's candidate in Structural Engineering | ISQ Brasil

4 a

Prezado Luís, tudo bem? Estou desenvolvendo um TCC na área de Pontes Rolantes, especificamente para embalagem e expedição de produtos de aço. Minha dúvida está com relação ao uso da norma para desenvolver os cálculos: qual a diferença entre a AISE 6 e a NBR:8400? Existe alguma restrição para o uso da AISE 6 no projeto deste tipo de equipamento aqui no Brasil (ou seja, ela pode ser utilizada por completo no lugar da NBR citada)? Não encontrei esta informação em nenhum lugar. Gratidão desde já!

Julio Correia

Technical Sales Specialist na Stahl Talhas Equipamentos De Movimentacão

8 a

Realmente o mercado está carente de bons profissionais, mas tenho presenciado também empresas que priorizam somente preço e não qualidade. Falta na indústria um processo de qualificação de fornecedores, um processo de equalização técnica incluindo critérios de projeto. Parabéns pelo trabalho.

Marcelo A. Crespo

Diretor de Vendas - Reposição Industrial

8 a

Bem colocado esta questão Luiz Luis Morgado. Engenheiros especialistas estao ficando cada vez mais raros e o pais já esta pagando caro por isso. É raro ver um engenheiro se interessar por elementos de maquinas hoje em dia, onde a maioria esta interessada em desenvolver softwares e aplicativos para estas maquinas.

RONALDO OLIVA

Gerente de Engenharia da VITEC Equipamentos Industriais

8 a

Prezado Luis Morgado, Infelizmente Engenheiros especialistas como Mestre são muito raros hoje no Brasil, se os empresários soubessem a importância de possuir um Engenheiro com sua bagagem orientando e passando conhecimento para os menos experientes, fatos como citados acima não seriam comum como infelizmente são hoje. Muito obrigado pelos ensinamentos, foi uma honra trabalhar com o Mestre. Abraço, Ronaldo Oliva.

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