Ponto de virada #42 | Partnership pode ser remédio ou veneno — depende da dose
A partnership não é a solução mágica que muitos esperam. Ela é um teste. Um modelo que expõe, mais do que transforma, o que a sua empresa já é. Ao implementá-la, você coloca um espelho diante do negócio e desafia suas fundações. O que você verá? Uma cultura pronta para crescer ou rachaduras escondidas que podem comprometer tudo?
Assim como o remédio pode curar e o veneno pode destruir, a partnership amplifica a essência do negócio. Se a base é forte, ela potencializa o crescimento, criando donos comprometidos com o futuro coletivo. Mas, em uma empresa com cultura frágil, governança confusa e lideranças desalinhadas, ela escancara os problemas e multiplica os conflitos. Por isso, antes de oferecer a chave do negócio a alguém, é preciso entender que a dose certa passa por esses três pontos:
1. Uma cultura de dono nasce antes do modelo
Se pergunte: a sua empresa já opera com uma mentalidade de dono? Essa mentalidade se traduz em decisões que priorizam o coletivo, no zelo pelos recursos e na responsabilidade pelos resultados. Sem isso, a partnership se torna uma ferramenta disfuncional.
2. Escolher sócios é escolher a trajetória da empresa
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Partnership não é sobre premiar quem está há mais tempo ou tem o maior cargo. É sobre quem tem a mentalidade de construir o futuro da empresa. A alta performance é essencial, mas insuficiente. Sócios precisam demonstrar um entendimento claro das recompensas e responsabilidades do papel. Se questione: essa pessoa agrega valor estratégico? É capaz de liderar em tempos de crescimento e desafios? Um sócio desalinhado compromete resultados e mina a confiança e a coesão do time.
3. Governança é a base da confiança
Quem decide quem entra? Como são definidas as regras de saída? Qual é o impacto financeiro e operacional? Como serão administradas as decisões estratégicas? Sem respostas a essas perguntas, a partnership pode se transformar em fonte de conflitos. Governança não é apenas um conjunto de regras; é a estrutura que sustenta a confiança no modelo. Ela deve estabelecer critérios objetivos para inclusão e exclusão de sócios, métricas de desempenho e um sistema de avaliação regular. Além disso, precisa ser flexível o suficiente para evoluir com o negócio, mas rígida no que diz respeito aos valores da organização.
Partnership é o que você faz dela O título de sócio não transforma automaticamente um colaborador em dono. Ele não cria cultura, não resolve problemas de liderança, nem apaga desalinhamentos. Partnership é mais como uma lente de aumento: revela com clareza aquilo que já está presente — o bom e o ruim.
Por isso, a questão é muito mais do que remédio ou veneno. É sobre o que sua empresa já é. Implementar o modelo demanda coragem para encarar a verdade sobre o negócio. A pergunta final, portanto, não é "a partnership é para mim?" e sim "eu estou preparado para o que ela vai revelar?". Porque, no fim, a partnership não transforma a empresa. Ela transforma o que já existe em um reflexo maior de si mesma. E aí, cabe a você decidir o que deseja enxergar.
CEO e Sócio Fundador da GT Capital | Planejador Financeiro CFP ® | Especialista em investimentos | TOP 30 Assessores do Mercado Brasileiro
1 semMuito bom Gabriel Silva Lima, conteúdo excelente!