Por onde anda a profundidade?

Por onde anda a profundidade?

O quanto de tempo e recursos sua empresa investe para planejar e analisar a qualidade do conteúdo produzido para suas estratégias de marketing digital? Levantar esse questionamento é um ponto extremamente significativo diante de um contexto de mercado no qual agências e empresas começam a rediscutir os caminhos do Inbound Marketing, considerando fatores que vão além das ações de SEO (Search Engine Optimization) ou geração de conteúdo em massa.

E falar de SEO é importante pois, quando discutimos qualidade de conteúdo ela, obviamente, não se resume a um bom posicionamento nos mecanismos de busca da internet. Quantas vezes você já acessou um conteúdo bem ranqueado em suas pesquisas do Google que entregava uma espécie de ‘mais do mesmo’ sobre aquele determinado tema e que, no fim das contas, pouco serviu para que você engajasse ou tivesse interesse em acessar a página daquela marca novamente?

Atrelada a necessidade de uso de indicadores para definir os melhores horários de postagens e o ferramental técnico de SEO – todos eles, sem dúvidas, essenciais no panorama presente do ambiente de negócios global – um conteúdo relevante é aquele que entrega profundidade, é ancorado em pesquisa e busca ser autêntico, fugir do convencional e desse mais do mesmo que acaba por resumir o marketing a estratégias superficiais e mecanizadas de produção.

Em artigo da Forbes de 2018, por exemplo, o CEO da agência americana de marketing Growth Stackers apontou como um dos principais fatores para uma estratégia falha de marketing digital envolve, justamente, a baixa de qualidade dos conteúdos entregues e que a criatividade é o ponto central para capturar a atenção dos leitores em um ambiente de alta competitividade e excesso de informação disponível.

Não à toa, algumas agências e profissionais do mercado – inclusive no Brasil – tem levantado o debate sobre a necessidade de um marketing de conhecimento ou marketing de contexto atrelado ao digital e que traz para o jogo a ideia de que, para engajar, os conteúdos precisam ser desenhados a partir de dados, informações relevantes e pesquisa de referências, bem como, de um entendimento profundo sobre seu público-alvo para a oferta de conteúdos personalizados que, além de atrair, ofertam conhecimento e valor real para aqueles que acessam o blog, rede social ou site de uma empresa.


A percepção do consumidor

Dentro de todo este contexto, temos de ter o cuidado de não subestimar o consumidor. Uma análise interessante da Data & Marketing Association, por exemplo, de que o público já está ciente das estratégias de marketing digital e que somente ranquear bem em uma pesquisa não deve ser o principal guia de uma estratégia de marketing.

Novamente aqui, temos de levar em conta a consistência e criatividade do conteúdo criado para superarmos um mecanicismo na nossa estratégia de marketing, posto que, mais cedo ou mais tarde, um conteúdo superficial ou mal planejado pode desgastar sua relação com os consumidores.

E sobre a criatividade, já em 2013, um estudo da Harvard Business Review define os elementos de originalidade, capacidade de conexão com diferentes ideias/conceitos, elaboração e valor artístico como os elementos mais relevantes na definição de uma campanha de marketing criativa.  

 

A busca por autenticidade

No esteio dessa discussão, a própria ideia do marketing de influenciadores digitais vem sendo questionada e sofre desgaste – uma pesquisa de 2019 aponta que apenas 4% do público confia em conteúdos compartilhados via influenciadores.

Tal ponto se conecta com nossa análise e entrelaça os conceitos de autenticidade, profundidade e relevância, jogando luz sobre a ideia de que, para gerar resultados concretos e de longo prazo, temos, também, de ser factíveis e não nos iludirmos pelo número de likes de um post que pode não significar conversão real.


Profundidade X Personalização

Por fim, como vimos acima, o conceito de personalização bate também a porta do marketing de contexto ou de conhecimento. E isso porque, quando conhecemos suficientemente bem nosso público-alvo, a ideia de gerar conteúdos personalizados (e relevantes) é um norte que vai ao encontro a um anseio de mercado. Segundo dados da Salesforce de 2019, 62% dos consumidores já espera experiências personalizadas com base em interações anteriores.

Mas como você vai obter dados ou cultivar primeiras interações no ambiente on-line se a sua estratégia de marketing digital não levar em conta a profundidade, a autenticidade e a criatividade?

Precisamos, pois, ir além do óbvio e ancorar nossas estratégias em um conteúdo que atraia o olhar do leitor e (sim) seja facilmente localizado; mas também que nos diferencie e ofereça valor para consumidores que, como em uma ilha digital, estão rodeados por conteúdo de todos os lados.    


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Clara Franco é Mentora e Consultora de Gestão de Marketing, Marketing Estratégico e Posicionamento de Negócios, Fundadora da Business Concièrge - Consultoria de Marketing, Professora em cursos de MBA Top Ranked, MSc em Marketing (ESPM), MBA em Marketing de Serviços (FIA), Especialista em Mídia Digital (London School), Pós-graduada em Gestão de Negócios (FGV), Graduada em Comunicação Social.

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