A gestão de pessoas e a gestão pelas pessoas

A gestão de pessoas e a gestão pelas pessoas

Ruy Shiozawa, CEO GPTW Brasil | Dr. Pedro Shiozawa, COO Jungle Medical

           O cuidado com as pessoas em primeiro lugar. Essa é a frase que tem nos guiado durante toda a pandemia. Desde os primeiros sinais de que o vírus já estava circulando entre nós e que, portanto, medidas de isolamento deveriam ser adotadas, até hoje, nosso compromisso sempre foi o de preservar a saúde e a segurança de nossos colaboradores. Independentemente do que o mundo dos negócios nos reservaria nos meses seguintes, sabíamos que o mundo do trabalho nunca mais seria o mesmo. E não foi. Nosso time todo foi para casa, nossa sede foi “demitida” e nossos clientes entenderam ainda mais a importância de cuidar das pessoas. Passamos por uma montanha russa no ano de 2020. Do baque inicial, em que vimos nosso faturamento despencar 70%, até a recuperação recorde no final do ano, em que mais e mais empresas buscaram nosso apoio para ouvir seus funcionários e, a partir daí, saber como conduzir melhor suas estratégias. Muitas das novas empresas que nos procuraram aprenderam no seu maior momento de adversidade aquilo que as melhores empresas para trabalhar já sabem há mais tempo: organizações que não cuidam bem das suas pessoas também adoecem - a pandemia apenas escancarou o que já observamos há alguns anos.

           No Brasil, saúde mental já era a principal causa de afastamento do trabalho mesmo antes da pandemia. Na verdade, estimativas em estudos epidemiológicos robustos apontam para o alarmante dado de que cerca de 40% da população teve, tem ou terá algum transtorno mental ao longo de sua vida. Se considerarmos que passamos uma boa parte de nosso tempo ligado a alguma atividade profissional, os sintomas têm grande chance de se manifestarem no ambiente de trabalho, seja ele presencial ou remoto. A pandemia não apenas agravou a situação – estudos apontam, por exemplo, para a presença de sintomas de ansiedade em até 80% das pessoas – mas tornou o tema saúde mental uma pauta corporativa, retirando o rótulo de tabu e evidenciando ainda mais a necessidade de entenderemos e lidarmos de maneira séria sobre esse assunto. Afinal, doenças mentais, como depressão e transtornos ansiosos são doenças como quaisquer outras, e devem ser abordadas de maneira responsável e por profissionais habilitados, sem o peso adicional de preconceitos ou meias-verdades.

           Apesar de avançarmos ao falarmos mais sobre esse tema, a situação ainda é bastante crítica; organizações e países enfrentam muitas barreiras para vencer essa guerra. Neste cenário, estratégias de desmistificação da questão da saúde mental, como O Movimento Falar Inspira a Vida, são cruciais para a geração de uma cultura mais positiva e acolhedora sobre esse assunto. É fundamental separar o que são sintomas reativos e normais daqueles que podem ser indicativos de um quadro mais intenso que demanda a busca por ajuda especializada, e este processo só ocorre por meio de informações válidas e conscientização responsável.

           Endereçar esse complexo assunto é, sem dúvida, uma tarefa desafiadora. Entendemos que o desenvolvimento pessoal e a promoção de saúde ocorrem inicialmente em um fórum mais íntimo, desde a conscientização individual da importância em adotarmos hábitos de vida mais saudáveis, até á quebra gradual do tabu que circunda o acesso ao tratamento psiquiátrico e psicológico quando necessário.

           Há, portanto, uma linha tênue entre a gestão de pessoas e a gestão pelas pessoas. E, se entendemos que a responsabilidade da empresa vai até o limite da liberdade individual, é de se esperar que, ainda que se adotem os melhores programas de promoção de saúde e prevenção de adoecimento, não podemos esquecer que cada colaborador deve fazer sua parte na busca responsável pelo equilíbrio pessoal. Cabe à empresa fornecer condições adequadas para o desenvolvimento dos colaboradores por meio de um ambiente fértil e salutar, mas sempre haverá passos que só poderão ser dados por cada um de nós nessa jornada. Assim, a adoção de ferramentas cientificamente atualizadas capazes de otimizar as práticas de wellness das empresas, o suporte aos gestores sobre como conduzir o tema em suas equipes e o reconhecimento adequado das necessidades de cada colaborador devem constituir a base de políticas voltadas para a melhoria do ambiente psicológico das empresas.

           Esta é a tendência natural desse nosso tempo: difundir informação de qualidade, garantir o desenvolvimento pessoal em harmonia com as demandas coletivas e, sobretudo, entender que no fundo o segredo é embasar nossas práticas no bem-estar dos indivíduos. Cada colaborador se insere em sua rotina laboral como parte integrante e indissociável de sua vida. O Movimento Falar Inspira Vida lançou em junho o guia Depressão: como acolher no ambiente de trabalho, com dicas de como ter um ambiente mais empático e acolhedor, afinal é neste espaço (físico ou não) que o trabalhador passa a maior parte de seu tempo, convivendo com chefias, colaboradores e outros colegas, e que em conjunto, podem criar situações mais cooperativas e favoráveis a conversas e discussões sobre saúde mental. Baixe e use seu conteúdo no dia a dia.

Pessoa segurando tablet com a capa do guia Depressão: como acolher no ambiente de trabalho, contendo um fundo roxo, com o título dentro de uma tela, com três pessoas ilustradas, com roupas amarelas

           Além disso, programas de gestão de saúde mental como os oferecidos pela Jungle®, que se fundamentam na identificação dos riscos e do cenário de saúde mental dos colaboradores, em ferramentas de promoção de saúde e na mentoria e capacitação de gestores para alcançar pessoas mais saudáveis psiquicamente, são fundamentais nessa jornada tão individual quanto coletiva da busca por maior equilíbrio emocional.

           Empresas melhores são aquelas construídas por pessoas mais próximas do seu melhor. A rota para se alcançar esse nobre objetivo é um desafio a ser continuamente revisitado por cada um de nós: alea iacta est.

#FalarInspiraVida

Referências:

1 Andrade LH, Wang Y-P, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, Siu ER, et al. (2012) Mental Disorders in Megacities: Findings from the São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil. PLoS ONE 7(2): e31879.

 

Monikaben Lala

Chief Marketing Officer | Product MVP Expert | Cyber Security Enthusiast | @ GITEX DUBAI in October

1 a

Ruy, thanks for sharing!

Colaboradores são as jóias de uma organização!

Flavia Moraes

Enfermeira na Hospital Unimed pira

3 a

Acabei de ser desligada de uma empresa, que deveria dar exemplo de respeito e empatia pelos colaboradores, que chegaram nesse diagnostico na pandemia, pois cuida de pacientes com depressão. Porem fazem completamente o inverso, colaboradores bons e eficientes, são aqueles que não tem o direito de ficar doentes e se assim ficarem, são desligados, como se não fossem mais capazes de produzir e ou de gerenciar sua equipe. Isso é triste. 😩

Eliane Silveira

Líder de Equipes | Gestão de Pessoas | Gerente Comercial | Experiência do Cliente | Customer Success Manager | Customer Experience CX

3 a

Excelente artigo!! Curtindo, comentando e compartilhando aqui!!

Barbara Fortes

Gerente Geral Brasil @ Estée Lauder | YPO | IBEF | Especialista em Beleza, Bens de Consumo e Luxo | Crescimento e Venture Capital: de Startup ao IPO | CEO, Conselheira | Expansão Internacional

3 a

Perfeitas colocações. Excelente artigo, Ruy Shiozawa.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Ruy Shiozawa

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos