Por que escolher Direito?
Por Edgar Jacobs
A escolha de um curso superior é um momento importantíssimo. É o primeiro passo para ser o que denominamos profissional. Quando a opção é o curso do Direito, alguns fatores normalmente estão presentes no processo de seleção: o interesse por casos judiciais, que hoje, mais do que nunca, estão na mídia; a estabilidade e o brilho de algumas carreiras jurídicas; as expectativas financeiras; as buscas por um propósito e o desejo de contribuir para moldar o futuro.
Ser advogado, defensor público, promotor, juiz ou perito são escolhas comuns para quem acompanha filmes e séries com profissionais da área. São, especialmente no caso de Juízes, Promotores e Defensores, escolhas certas para quem busca um bom salário e uma trajetória profissional segura.
Além disso, muitas pessoas, pais e filhos, desejam também influenciar o futuro por meio de atuação firme e justa, com foco em objetivos sociais. Quando uma causa ambiental é decidida a favor de quem realmente merece ser protegido, quando uma pessoa consegue garantir seus direitos fundamentais ou mesmo quando o estado consegue demonstrar a legalidade de uma política pública, há uma inegável satisfação.
Essa satisfação é relevante demais para o profissional moderno. Profissão também é propósito e, como bem explica o ganhador do Nobel de Economia, Daniel Kahneman, e seu coautor Paul Dolan, felicidade é combinação de experiências de prazer com propósito ao longo do tempo¹. E se há prazer em resolver casos judiciais, o exercício do Direito garante, para quem realmente busca, a atuação com propósito ao longo do tempo. Nesse sentido, sem desprezar o quão difícil pode ser a profissão, escolher Direito e ver nele um propósito contribui para que a pessoa seja feliz.
Mas existe ainda outro ponto para escolher Direito, um novo propósito, talvez. As empresas e as pessoas que apontam para o futuro precisam saber Direito, não por idealismo, apenas, mas para traçar e implementar os novos negócios, o governo digital e o novo Poder Judiciário.
Os negócios e governos digitais precisam de profissionais que entendam de regulação jurídica. Todos os continentes estão, hoje, discutindo regulação de direitos na internet, proteção de dados, energia limpa, leis anticorrupção, inteligência artificial, propriedade intelectual e outros assuntos ainda não totalmente elaborados. É o futuro acontecendo agora.
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O Poder Judiciário também se envolve nessas mudanças. É agente, porque decide temas contemporâneos, e é afetado pelas mudanças, porque seus procedimentos estão cada vez mais digitalizadas. Juízes robôs e processos eletrônicos de conciliação já estão batendo à porta do Judiciário e apontando para o caminho único da inovação.
E mesmo fora do Judiciário e das tarefas dos reguladores, o novo profissional tem de inovar. Inovar em seu escritório ou fazer isso simplesmente criando algo que, de fato, seja muito novo. Esse espírito empreendedor chegou de vez na área jurídica e quem gosta de desafios tem agora mais motivos para cursar Direito.
Além de empreender, o novo profissional do Direito tem que conciliar interesses, encontrar novos meios de resolver conflitos e disputas. Meios mais baratos e justos. A empatia, a capacidade de comunicação, a criatividade e a ética são instrumentos para essa tarefa renovada. Resolver problemas complexos, usar tecnologia e argumentar bem são outras ferramentas úteis para defender as pessoas e garantir que em uma sociedade cada vez mais digital, as pessoas saibam e reivindiquem o direito de serem humanos.
Mas tantas mudanças, hoje em velocidade tão grande, exigem firmeza de valores, cuidado redobrado com as desigualdades e planejamento, muito planejamento. É por isso que os cursos de Direito estão mudando, juntamente com o conteúdo de editais de concursos e os perfis de vagas para escritórios e departamentos jurídicos. E essa é a resposta mais interessante para a pergunta: por que escolher Direito?
Escolher Direito é importante para ser cidadão, gestor, servidor público, mas é ainda mais para estar com dois pés no amanhã, para ajudar a estruturar o porvir e garantir que, além termos direitos humanos, sejamos, de fato, humanos.
¹ KAHNEMAN, Daniel; DOLAN, Paul. Felicidade construída: Como encontrar prazer e propósito no dia a dia. Objetiva, 2015.