Por que gostamos tanto de golpistas e gente bélica? Afinal, qual é o mundo dos seus sonhos?
A vida imita a arte ou é a arte que imita a vida? O certo é que guerras, ações terroristas, demonstrações públicas de intolerância religiosa e preconceito racial e tantos outros temas que pipocam em nossas telas todos os dias parecem apenas uma realidade criada pelo pior que existe em cada um de nós. Não adianta negar, todos, sem exceção, seja, o mais iluminado dos seres humanos, têm um lado obscuro, por que isso faz parte da alma humana. A diferença é que alguns fazem questão de deixar sua sombra ocupar o palco de suas vidas e os mais elevados, controlam essa sanha que obscurece o mundo e deixam aflorar seu lado mais brilhante.
Não é segredo que as plataformas de streaming fazem uso de inteligência artificial para saber quais narrativas vão virar blockbusters. O interessante é que a lógica se repete: quanto mais bizarra for a atitude do personagem principal, mais sucesso. Anna Sorokin, a golpista russa que inspirou a nova série da Netflix, condenada pela justiça americana em 2019, parece mostrar que o crime compensa. Faturou nada menos que US$ 320,000 pelo direito de imagem na série. E ainda vai faturar muito mais. Vai lançar um livro contando seus feitos e a cada dia vê aumentando o número de seguidores em seu perfil. A mídia diz que parte do valor será usado para as indenizações das vítimas do golpe aplicado pela mocinha de 25 anos.
Os fins justificam os meios. Sim! Vamos seguir @AnnaDelvey por que ela é uma garota mega esperta que deu nó em muita gente importante da sociedade americana. Vamos modelar o comportamento dela e assim vamos nos dar bem! E a cada novo seguidor, Anna vai se dando conta de seu poder como inspiração para o mundo das trevas.
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E fica a pergunta: Por que reverenciamos tanto os malfeitores? Por que deixamos nossas sombras se realizarem com o festival de posturas condenáveis exibidas em filmes, plataformas de vídeos, TV e cinema? Ah, mas é apenas entretenimento. A narrativa é envolvente. São pessoas fora da curva que realizam nossos sonhos secretos. A lista de exemplos de sucesso é interminável. Tudo leva à lógica de que gostamos mais dos vilões do que dos mocinhos. Não é à toa que na vida real, geralmente, os que ocupam as cadeiras do poder são pessoas de caráter duvidoso.
Na série La Casa de Papel, o Professor e sua trupe são vilões disfarçados de super herois que fazem tudo o que no fundo quem assiste gostaria de fazer com o sistema. Em Round 6 (Squid Game), vemos uma série de pessoas em situação de falência pessoal que se dispõem a passar por uma espécie de jogos olímpicos bizarros, envolvendo o extremo do matar ou morrer, sendo motivadas por um cofre cheio de dinheiro. O “Não Olhe para Cima” é uma sátira de tudo o que assistimos hoje em dia. No fundo, essas produções se fazem valer pela crença de que o que temos alcançar na vida é poder e como consequência o dinheiro. Em algumas produções vemos até uma certa lição de moral, mas, no fundo o que trazemos para o nosso inconsciente é que de certa maneira, a simpatia pela contravenção. Vivemos a eterna crise da inversão de valores. Bem fazem os cães que não estão nem aí para hierarquias, no sentido de não se sentirem menos que o líder e portanto, não precisam vender a alma para o diabo em busca de poder.
Enfim, nos identificamos com os personagens mais bizarros e depois não entendemos por que estamos vivendo num mundo em colapso. Será que podemos testar, pelo menos a título de pesquisa científica, sintonizarmos nossos pensamentos e sentimentos em cenas de prosperidade e abundância para todos? Vai que dá certo e cocriamos uma realidade bem diferente desta que estamos vendo...
EMPRESÁRIO na VIA Info Eletrônicos
2 aExcelente Sandrinha!