Por que importa termos mulheres na liderança
O número de mulheres em cargos de liderança tem crescido, mas ainda há muito a ser feito.
Estudo recente da Grant Thornton mostrou que, em 2020, havia 29% de mulheres em cargos de alta gerência em empresas ao redor do mundo, o mesmo percentual do ano anterior. Em 2011, eram 20%.
Este Mês da Mulher é mais uma oportunidade de analisar iniciativas de sucesso e quais são os obstáculos a serem superados.
A pandemia da Covid-19 criou uma situação mais difícil para todos e aumentou também a carga de trabalho, particularmente para as mulheres.
Com a instalação do home office, esperava-se uma reorganização das tarefas familiares, porém, como mostrou o Observatório FEBRABAN-Ipespe, pesquisa realizada em 2020, para 50% das mulheres, houve aumento significativo nas responsabilidades domésticas, incluindo a gestão de orçamento (56%) e o acompanhamento escolar dos filhos nas aulas on-line (76%).
As mulheres também foram mais afetadas pelo desemprego. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, no último trimestre de 2020, 45,8% das mulheres participavam da força de trabalho. Antes da pandemia da Covid-19, eram mais de 50%.
A situação que vivemos aumentou também a violência doméstica contra mulheres e o feminicídio. Houve aumento de 2% no assassinato de mulheres no Brasil durante o primeiro semestre de 2020, de acordo com levantamento do G1.
Liderança e inovação
Diversidade é essencial para a inovação. Para resolver problemas e gerar novas ideias, empresas precisam de pontos de vista diversos. Ponto muito ressaltado por todas as executivas de bancos, convidadas da nossa Live em homenagem à mulher, Pandemia: Os Desafios da Mulher no Mundo Corporativo.
O equilíbrio de gênero é um passo nessa direção. Além de melhorar a vida na sociedade como um todo, beneficia as empresas e as torna mais competitivas.
Segundo estudo da Zenger Folkman, organizações lideradas por mulheres foram mais bem-avaliadas do que as comandadas por homens, durante a pandemia.
Entre as 19 competências da avaliação comportamental, utilizadas na análise, as mulheres destacaram-se em 13, principalmente na capacidade de motivar os outros, de tomar iniciativa e de adaptação.
Porém, a sociedade ainda apresenta resistência a lideranças femininas. Pesquisa realizada pela Ipsos, empresa de pesquisa, mostrou que 27% dos brasileiros se sentem desconfortáveis com mulheres na liderança.
Em entrevista à FEBRABAN News, Ana Karina Bortuni Dias, presidente do banco Bmg, falou um pouco sobre os obstáculos que existem hoje:
“Um é o viés do inconsciente. Um conjunto de líderes homens tomam a decisão de quem vai ser promovido e isso acaba sendo por maior afinidade. Outro ponto é a maternidade. A organização precisa olhar essa questão de perto e saber o que fazer para ajudar na volta”.
Para Ana Carla Abrão, da Consultoria Oliver Wyman, mulheres valorizam traços de liderança distintos daqueles abraçados pelos homens. Homens classificam objetividade, decisão e confiança como as principais características de liderança, e nessa ordem.
“Nós mulheres tendemos a identificar na capacidade de empoderamento do time, o traço de liderança mais importante. Em seguida vem a confiança e capacidade de colaboração.”
A economista completa o ponto de Ana Karina:
“Como mulheres são avaliadas e promovidas majoritariamente por homens, a dissonância em relação aos traços mais importantes de liderança acaba por se traduzir em nosso desfavor e nos deixar fora da linha de sucessão na medida em que o topo se aproxima. Ficamos invisíveis.”
No setor financeiro
Precisamos atrair mais mulheres para áreas como finanças e tecnologia da informação.
Os bancos têm iniciativas para apoiar tanto mulheres empreendedoras quanto mulheres que queiram fazer carreira no setor.
Com apoio do Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil, a iniciativa Heróis Usam Máscara, do Instituto Rede Mulher Empreendedora, gerou renda para 6,3 mil costureiras em 20 estados durante a pandemia.
A RME levantou R$ 32,5 milhões e mobilizou 65 organizações não-governamentais. Foram produzidas 12 milhões de máscaras, doadas para a Cruz Vermelha, Hospital AC Camargo, G10 das Favelas e Cufa, entre outros.
Criado para incentivar microempreendedoras impactadas pela pandemia, o Fundo Dona de Mim recebeu doação de R$ 3 milhões, do Banco BTG Pactual.
Para atrair mulheres para o setor financeiro, uma iniciativa de destaque é o Dn’A Women, lançada no país pelas instituições Goldman Sachs, BNP Paribas, Deutsche Bank e UBS Brasil.
Trata-se de um programa gratuito de formação profissional com 60 vagas direcionadas a jovens universitárias para incentivá-las a ingressar no setor financeiro.
Ainda existe muito a ser feito, barreiras a serem vencidas, precisamos unir esforços para mudar o cenário atual.
Assistente Administrativo e Acadêmico | Auxiliar Educacional | Gerente Comercial | Gestão de Recursos Humanos | Pós Graduação em Ensino a Distância: Gestão e Tutoria | MBA Gestão Estratégica de Negócios
3 aExcelente Mona Dorf.Temos muito trabalho pela frente!
Gerente de Certificações e Soluções Educacionais na Febraban Educação
4 aExcelente reflexão Mona! Em especial, nesse oceano azul do sistema financeiro, há muito para evoluirmos, em diversos aspectos da diversidade. Inspirador ter mulheres como vc e todas as mencionadas no artigo como referência para avançarmos.
Founder and Artist at Speak Dreams
4 aObrigada pelo seu artigo e os dados interessante que ele traz Mona Dorf. Concordo que ainda tem muito a ser feito!
Jornalista, autora de 23 livros de etiqueta e casamento, consultora de etiqueta, comportamento e moda, palestrante
4 aParabéns Mona! Precisamos reforçar sempre a importância da diversidade e do olhar mais abrangente!!😘
CEO na Digi&tal
4 aExcelente artigo! Mona Dorf