Por que investidor terá mais poder em 2025, segundo liderança da Anbima
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Após um 2024 marcado por aperfeiçoamentos nas normas que regulam os mercados financeiro e de capitais no país, o ano de 2025 será dominado pela adaptação de empresas e de profissionais às novidades.
Entre as mudanças que mais devem impactar cada vez mais o dia a dia de instituições financeiras, profissionais e investidores clientes estão as atualizações da Resolução 179 da CVM , que trata da transparência exigida do mercado com relação às remunerações na comercialização de produtos e dos potenciais conflitos de interesses nessa relação.
Para apoiar empresas e profissionais do mercado no processo de adaptação, a ANBIMA , principal entidade representativa de empresas e profissionais que atuam com investimentos, explorou uma audiência pública para atualizar seus códigos de Distribuição e de Negociação.
Os novos textos alinham a autorregulação, definida pela ANBIMA junto aos seus membros e associados, à Resolução 179 da CVM.
Em entrevista ao Boletim Finanças, o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Ademir A. Correa Junior , também diretor do departamento de investimentos do Bradesco , explicou como as mudanças trazidas pela Resolução 179 da CVM e pelos códigos de Distribuição e de Negociação da entidade vão impactar a atuação de empresas e de profissionais, de um lado, e favorecer os investidores, de outro.
"A transparência traz para o investidor uma autonomia que o empodera porque ele passa a ter mais condição, por exemplo, de identificar possíveis conflitos de interesse, já que ele ganha mais meios para fazer comparação das ofertas que está recebendo", Ademir A. Correa Junior, Anbima.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista que o executivo deu ao Boletim Finanças.
Por que o aperfeiçoamento da Resolução 179 da CVM foi necessário no mercado de investimentos?
As novas regras representam um passo importante para a indústria de investimentos porque coloca cada vez mais o investidor no centro dos negócios. Com o processo de digitalização dos investimentos, o fluxo de informações tem se tornado cada vez mais intenso e constante.
E por que a Anbima decidiu atualizar os próprios códigos de distribuição e de negociação?
É uma forma de facilitamos aqui no mercado a uniformização e a operacionalização dessas mudanças, dando o direcionamento necessário para as instituições adaptarem os seus sistemas de forma padronizada para que, assim, os investidores tenham acesso sempre às mesmas informações, independentemente da instituição em que tenham seus investimentos.
Dentre as mudanças, quais as mais importantes?
Entre as novidades estão orientações para que os clientes tenham acesso às informações em múltiplos canais. Se ele fizer um pedido no ambiente logado, por exemplo, ele precisa receber a informação que busca na hora. Se ele não tiver em um ambiente logado, interagindo com uma pessoa por telefone ou numa agência ou em um chat, por exemplo, a instituição tem até três dias úteis para enviar a informação pedida.
Outra determinação é sobre o extrato trimestral, que passa a ser obrigatório.
A gente incluiu na autorregulação a necessidade de aviso obrigatório de que essa taxa pode variar com relação à divulgação no extrato trimestral em relação dos acordos comerciais entre distribuidor e o gestor.
Como essas regras impactam a atuação de empresas e profissionais em 2025?
Para as empresas, as alterações vão promover um ambiente mais seguro. Por causa da maior transparência, haverá mais competição no mercado de capitais e também isso vai fortalecer a confiança dos investidores nas instituições ao melhorar a governança de todas as empresas ligadas.
Para os profissionais, como as novas regras vão expor potenciais conflitos de interesse, eles vão precisar estar sempre bem-preparados, conhecer bem os produtos.
Toda vez que você amplia transparência isso favorece os profissionais que que estão mais bem preparados.
E como as mudanças favorecem o pequeno investidor?
O cliente terá uma condição bem clara de comparativo entre as instituições e, assim, tomar a melhor decisão na hora de investir, considerando os objetivos que ele tem.
Ao ampliar a transparência com que produtos e serviços de investimentos devem ser ofertados no mercado brasileiro, o aperfeiçoamento das regras da CVM e da ANBIMA dá maior poder aos investidores, alimenta a concorrência entre as instituições financeiras e favorece profissionais mais bem preparados, diz Ademir A. Correa Junior . Confira trechos da entrevista.
Captação dos fundos: Os fundos de investimentos tiveram aportes líquidos (já descontados os resgates) de R$ 60,7 bilhões em 2024, voltando à captação positiva após dois anos de resgates superando novas aplicações. Segundo dados da Anbima, os fundos de renda fixa captaram R$ 243 bilhões. Já os multimercados perderam R$ 356,7 bilhões em 2024.
Executiva preside open finance: Instituições financeiras e entidades do mercado brasileiro que fazem parte do Open Finance Brasil escolheram a economista Ana Carla Abrão Costa para ser a diretora-presidente da estrutura de governança definitiva do sistema, órgão responsável pelo processo de implementação do sistema no país.
Consulta da CVM para FIPs: A CVM abriu consulta pública para modernizar regras específicas dos FIPs (Fundos de Investimento em Participações), que investem em empresas fechadas. Na proposta está a possibilidade de liberar esse tipo de fundo para investidores de varejo.
Inflação acima da meta: O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), usado pelo governo como indicador oficial de inflação no país, avançou 0,52% em dezembro, puxado por reajustes de alimentos e bebidas, divulgou o IBGE. Assim, a inflação oficial no Brasil fechou 2024 com variação de 4,83%, acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que era de 4,5% para o ano.
Saques da poupança: Pelo quarto ano seguido, a caderneta de poupança tem mais saques que aportes. O saldo negativo em 2024 ficou em R$ 15,5 bilhões, segundo dados do Banco Central, elevando a R$ 242 bilhões os resgates líquidos acumulados desde 2021. Apesar desse ciclo de saques, o saldo da poupança é o maior desde 2020, de R$ 1,03 trilhão, graças aos rendimentos das contas.
Ranking 2024 dos investimentos: Em um 2024 marcado pela forte volatilidade dos principais ativos financeiros no Brasil, o dólar teve a maior alta ante o real desde 2020, com variação de quase 28%, encerrando o ano na terceira posição entre as maiores valorizações do mercado local, atrás apenas do BDRx, o índice dos BDRs e do Bitcoin. Na ponta oposta, o Ibovespa cedeu quase 11%. Confira aqui o ranking das aplicações em 2024 em levantamento da Elos Ayta.
Apostas para Ibovespa 2025: O ciclo de alta dos juros no Brasil desafia o potencial de valorização das ações de empresas negociadas na Bolsa em 2025, mas profissionais de mercado enxergam algum espaço para ganhos em 2025. Projeções de 17 bancos e corretoras apuradas pelo Valor mostram cenários em que o Ibovespa, principal índice de ações da B3, termina o ano entre 129.900 pontos e 153 mil pontos. Considerando que o indicador fechou 2024 em 120.283 pontos, as projeções sinalizam variações positivas de 8% a 27%.
Fintopics: Na reta final de 2024, um evento organizado pela ABFintechs em parceria com a B3, reuniu especialistas e lideranças do mercado financeiro para projetar como o avanço de inovações e o aperfeiçoamento regulatório seguirão transformando o mercado de crédito no país e influenciando a atuação de fintechs e outras empresas do setor financeiro.
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CEO na Grupo Agir Consultoria e Professor na Aleph Educacional
2 dSem transparência não há como o investidor possa realizar uma boa alocação de seus recursos. A ausência das taxas cobradas em cada produto ofertado pelas Instituições Financeiras deve ser a regra de disclosure mais básica a ser seguida pelos players desse mercado. Importante aperfeiçoamento institucional. #BoletimFinanças
Especialista em Incorporação Imobiliária | Consultor de Investimentos | Gestão Comercial
3 dA iniciativa da CVM foi importante e ajudará aos investidores de maneira geral. A regra de transparência denota respeito em primeiro ponto e o inicio de uma sinalização de responsabilidade com o mercado. Afinal, almoço grátis não existe, nem aqui e nem lá fora e seria uma hipocresia não começar a regrar condições sérias, em um país que vive uma crise de ética e moral.
Empresário | Empreendedor 50+ | Conselheiro de Empresas | Investimento | Investidor Anjo | Jurado Startup World Cup
4 dNos ultimos anos vimos muitas grandes corporação explodindo por conta de não transparência nas suas operações o que gerou um grande impacto aos seus investidores, e aqueles que acreditaram nos papeis da empresa e tiveram seus dividendos transformados em pó. Essa resolução é excelente pois traz mais inda a necessidade não só da transparência nas escolhas do investidores como corrobora e de certa forma pressiona as empresas com capital aberto a também terem suas gestões e governança mais transparentes.
Marketing; Comunicação; Eventos e Experiência do Cliente.
6 dDefinitivamente! Maior transparência sobre as taxas cobradas pode empoderar os investidores de várias maneiras: Tomada de Decisão Informada: Quando os investidores têm um entendimento claro das taxas, eles podem tomar decisões mais informadas sobre onde alocar seu dinheiro. Eles podem comparar diferentes produtos e serviços com base nos custos reais envolvidos. Confiança: A transparência ajuda a construir confiança entre os investidores e os profissionais de investimento. Saber que todas as taxas estão claramente explicadas pode reduzir a desconfiança e melhorar o relacionamento. Planejamento Financeiro: Com informações claras sobre taxas, os investidores podem planejar melhor suas finanças e entender como os custos impactam seus retornos líquidos. Competição no Mercado: Quando as taxas são transparentes, as empresas são incentivadas a manter seus custos competitivos, beneficiando os investidores com melhores opções. Transparência é essencial para criar um ambiente de investimento mais justo e eficiente. #boletimfinanças
Data Engineer @ XP Inc. | Data Science | Machine Learning Engineer | Python | SQL | R | Spark | Databricks | DevOps
6 dUm passo importante para o empoderamento (descentralizar e dar o poder de decisão) é o conhecimento. Em finanças no Brasil, a pouco mais de uma década tem havido um esforço principalmente de alguns players que hoje tem suas duas ou três décadas, de descentralizar a teoria e prática financeira geográfica e academicamente. Essa introdução é para dizer que essa iniciativa do regulador talvez tenha um delay para a transformação financeira já iniciada no Brasil, mas não é menos importante por isso. Que o mercado e acadêmicos, geralmente com mais velocidade e quem de fato faz o dia a dia das finanças no país, possa usar essa nova ferramenta para a educação, conhecimento e produtos que gerem os marcos regulatórios dos próximos anos. Os profissionais e tecnologia já estão por aqui para isso (eu, inclusive)