Por que o olhar sistêmico e sustentável reduz os riscos de viabilidade e de implantação de novos empreendimentos?

Há algum tempo um empreendedor com um projeto de investimento de aproximadamente R$ 200 milhões nos procurou para avaliar os riscos de se instalar uma fábrica em três propriedades distintas que havia escolhido através de corretores de mercado. Eram três opções e não seria possível que algumas delas não fossem adequadas para o investimento, certo? Bom, a resposta a essa pergunta depende da sua aptidão de risco e do tamanho da contingência que o projeto possui antes de se tornar inviável economicamente. Do ponto de vista socioambiental, todas as três propriedades tinham alguma restrição relevante, mas que no curtíssimo prazo não impediriam a realização do investimento. Vejam bem, em todos os três locais seria possível investir R$200 milhões, o desafio está em avaliar de uma forma sistêmica ao longo do ciclo de vida do empreendimento quais os riscos esse investimento incorre.

Um desafio comum para investidores é como considerar, com visão sistêmica, o investimento ambiental do empreendimento. A primeira área do mencionado estudo acima, por exemplo, era ocupada por Mata Atlântica em mais de 50% de sua extensão. Esse fato por si só não impediria a realização de nenhum investimento, mas os custos de compensação e os possíveis entraves com ONGs de proteção ambiental poderiam impactar a rentabilidade do projeto no curto e longo prazos. Atrasos de licenciamento e de negociações socioambientais relevantes poderiam ocorrer já no estágio de solicitação de licença prévia.

Outra propriedade possuía direitos minerários concedidos. Novamente, esse fato não impediria a realização do investimento, porém aumentaria os riscos de conflitos legais ou mesmo compensações futuras ao proprietário de tais direitos. Por fim, a terceira propriedade estava em área incompatível com o plano diretor do município. Os riscos sociais de ser vizinho de residências em um futuro próximo não são atrativos para nenhum investidor em sã consciência. São inúmeros os casos de indenizações pagas por empresas a vizinhos por reclamações de poluição sonora, particulados, contaminações de solo ou outros inconvenientes.

A complexidade faz parte de todos os aspectos da nossa vida. Assim como não é mais admissível adquirir um eletrodoméstico com elevado consumo de energia, seja por razões ambientais, ou econômicas, também não é possível iniciar ou expandir um empreendimento sem considerar todos os fatores de custo e investimento ao longo do seu ciclo de vida.

O caso citado acima obteve um final feliz, pois fomos capazes de identificar outras alternativas para localização do investimento que minimizassem os riscos de viabilidade ao longo do ciclo de vida. As questões de viabilidade econômica tradicionais foram consideradas, tais como acesso a infraestrutura, energia, água, cadeia de suprimentos, localização de clientes, etc. Também as restrições e riscos socioambientais, de forma a trazer segurança e visibilidade de investimentos ao empreendedor consciente.

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*Euler Santos é diretor técnico na Promon Meio Ambiente, responsável também pela estruturação de novos negócios na TerraVision. A TerraVision possui a Target Solution, plataforma tecnológica para análise sistêmica e balanceada de alternativas locacionais de novos empreendimentos.