Por que o Pré-Sal virou a bola da vez?

Em 2020, estamos vendo os rumos da Petrobras se direcionarem totalmente para o Pré-sal, com a mesma se desfazendo de diversos investimentos em terra e em águas rasas.

Mas será que vale realmente a pena?

No presente artigo, reuni diversos dados para mostrar, em números, os motivos dessa decisão, e te convido a vir comigo para entendermos juntos se essa jogada estratégica vale realmente a pena.

O polígono azul é a localização do pré-sal Fonte: ANP

Primeiramente, o que é o pré-sal?

O pré-sal brasileiro é uma grande reserva de petróleo e de gás natural encontrada a mais de sete mil metros abaixo do nível do mar, abaixo de uma extensa camada de sal que atinge até dois mil metros de espessura, ou seja, além de ficar em águas bem profundas, percebemos claramente que é uma área de difícil acesso, não sendo tão simples a sua exploração. Com relação a comprimento, tem aproximadamente 800 km, indo do Espírito Santo até Santa Catarina.

Fonte: Petrobras

E como chegamos lá?

Tecnologia. E não uma tecnologia qualquer, mas sim pioneira. A Petrobras, desde 1992, recebe vários prêmios por inovação tecnológica na exploração dos campos de petróleo e gás natural, principalmente pelas grandes profundidades onde ela opera. Pra se ter uma noção, a perfuração ocorre a cerca de 300 km longe da costa, em uma profundidade de mais de 2000 metros. Agora pega aqueles dados que coloquei lá em cima: você precisa perfurar mais 5000 metros (pós-sal) abaixo do leito marinho e depois uma camada de sal de cerca de 2000 metros de espessura, isso em cima de uma plataforma (seja uma plataforma Submersível ou Navio-Sonda). Haja tecnologia. Ou melhor, haja tecnologia pioneira brasileira!

Fonte: Investidor Petrobras

Se é tão complicado, então deve ser mais caro. Correto?

Errado. Olhe bem a figura acima. Esses dados são do desempenho financeiro da Petrobras, no segundo trimestre de 2020 (2T20).

Sabe essa parte do lifting cost? É o custo de extração do barril. Compare com os demais e perceba a grande vantagem. Claro, que uma alta tecnologia, demanda grandes custos, na casa dos bilhões, e ainda tem os repasses do valor dos royalties, mas a longo prazo, da lucro. Perceba que com os valores atuais do Brent, o Pré-sal é altamente competitivo quanto maior for a produção. Porém em tempos como os atuais, com altas quedas e oscilações do preço do barril, é normal que as operadoras diminuam seus investimentos em função destes altos investimentos.

Fonte: Vessel Finder

Vale a pena?

Atualmente o Brasil está entre os 10 maiores produtores mundiais, isso com uma produção na faixa de 3 milhões de barris por dia e 140 milhões m³ de gás por dia.

E sabe quem é o protagonista nisso tudo? O Pré-sal. Para se ter noção, alguns poços tem de vazões de 50 mil barris por dia, compensando plenamente o declínio de algumas jazidas.

Estão sob concessão 454 campos, aos quais se somam duas áreas da cessão onerosa e cinco de partilha, operadas por 32 empresas. Com os sócios, são 52 empresas – 16 estrangeiras – produzindo no país. 

Para ficar mais evidente a importância e você se convencer de vez, seguem alguns dados:

• A localização desses campos divide-se em 72 no mar, com 646 poços produtores, e 229 em terra, com 6574 poços produtores. Destes, do offshore saem 96,6% do petróleo e 80,8% do gás natural. O pré-sal já corresponde a quase 66% da produção total;
• Dos 30 maiores poços produtores, 30 estão no pré-sal;

Vale notar, também, que, segundo a Petrobras, temos o melhor e maior campo do mundo em águas profundas.

Então, depois de todos esses dados, fica claro que o pré-sal vale a pena, e conseguimos entender um pouco sobre as manobras da Petrobras sobre quais unidades hibernar. E não acredito que é exagero afirmar que o pré-sal, por hora, é o futuro do offshore.

Até a próxima!

Saudações