Por que pessoas incompetentes pensam que são incríveis? O efeito da superioridade ilusória
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Por que pessoas incompetentes pensam que são incríveis? O efeito da superioridade ilusória

Segundo o psicólogo social e professor de psicologia da Universidade de Michigan David Dunning as pessoas incompetentes pensam, muitas vezes, que são incríveis no que fazem. Essa característica é que ele denomina de efeito Dunning-Kueger ou efeito da superioridade ilusória.

Será que as pessoas são realmente tão boas no que elas fazem como de fato elas pensam que são? Será que elas sabem gerenciar o dinheiro e o relacionamento com os outros da formam que pensam fazer? Quem se considera acima da média, será que realmente está?

Se sentir competente e autossuficiente é muito mais que um impulso de autoestima.

Saber diferenciar competências reais de um simples "achismo" de competência permite com que as pessoas avancem nas suas atividades diárias quando estão prontas para isso ou que saibam o momento de buscar ajuda e conselhos dos outros.

Segundo David Dunning, seu estudo sugere que não somos muito bons em nos avaliarmos com precisão. Em muitos casos costumamos superestimar nossas habilidades (o que os pesquisadores denominam de efeito Dunning-Krueger). Esse efeito foi observado em mais de 100 experimentos que indicaram que as pessoas apresentavam o que eles denominam de superioridade ilusória.

Esse efeito faz que que as pessoas se julguem superiores aos outros (até mesmo quando não são).

Para citar um exemplo, em um dos experimentos feitos com funcionários de duas empresas em uma delas 32% das pessoas consideravam que faziam parte do top 5% (mais competentes) e na outra esse número foi ainda maior, cerca de 42% dos funcionários. Outro experimento indicou que 88% dos motoristas americanos consideravam ter uma habilidade de condução acima da média.

Os psicólogos dizem que não se trata de situações isoladas e pontuais. As pessoas, de um modo geral, tendem a se avaliarem melhor que a maioria das outras pessoas nos mais diversos aspectos: liderança, ética, saúde, etc.

Outro dado interessante do estudo indica que aqueles que têm a menor habilidade são os mais propensos a se consideram superiores aos demais, ou seja, tendem a superestimar suas habilidades. Ainda que sejam “incompetentes” em algumas áreas, essas pessoas se consideram tão boas quanto especialistas nestas áreas.

Dunning indica que todos nós somos vulneráveis a esta superioridade ilusória. O problema é que é difícil reconhecer e aceitar as nossas incompetências.

Ninguém quer ou gosta de se sentir abaixo dos outros.

Quando o efeito foi descrito pela primeira vez em 1999, os pesquisadores Dunning e Kruger ressaltaram que as pessoas com falta de conhecimento sofrem um duplo efeito negativo. Primeiro, não conseguem atingir o seus objetivos (justamente por não terem o conhecimento e habilidades necessárias) ou o atingem de modo precário. Segundo porque, em muitos casos, as pessoas podem não reconhecer seus erros e deficiências, dificultando sua evolução. Se as pessoas não são capazes de reconhecer suas deficiências jamais procurarão corrigi-las.

Reconhecer e aceitar é o primeiro passo para melhorar.

Para exemplificar essa situação os pesquisadores entrevistaram participantes de um torneio de debates em uma faculdade. Nas rodadas preliminares, equipes que haviam perdido cerca de 75% das disputas (ainda que não soubessem disso), acreditavam que tinham vencido mais de 60% delas. Sem uma clara compreensão da dinâmica dos debates e da fragilidade dos seus argumentos, os estudantes não eram capazes de reconhecer quando e com que frequência não tinham ido bem na atividade.

O efeito Dunning-Kruger, descrito pelos pesquisadores, não é uma questão de cegueira por conta do ego que não permite que as pessoas não enxerguem suas fraquezas. As pessoas até costumam admitir suas deficiências desde que sejam capazes de detectá-las. Em outro experimento, alunos que não se saíram bem em um questionário sobre raciocínio lógico, depois que fizeram um curso sobre lógica, aprimorando seu conhecimento, estavam mais dispostos a rotular sua performance, de fato, como ruim.

O que podemos concluir é que sem conhecimento suficiente podemos cair na armadilha de achar que somos melhores do que realmente somos. Daí vemos que aquela famosa frase, que pode parecer contraditória, tem todo o sentido: quanto mais estudamos e nos preparamos mais somos capazes de perceber o quão pouco sabemos sobre as coisas.

Estudar e se tornar um especialista naquilo que você deseja fazer é a chave do sucesso para ter um claro discernimento das suas limitações.

Os especialistas tendem a estar conscientes do quão experientes eles são. Entretanto, podem cometer um erro diferente, assumindo que todos são tão bem informados quanto eles, quando na verdade não são.  Daí o resultado será uma frustração ou a percepção de que todos os demais são tolos.

O problema é que o efeito Dunning-Kruger é invisível para aqueles que o experimentam. Deste modo, o que podemos fazer para descobrir o quão bom realmente somos nas diversas coisas que costumamos fazer?

Segundo os pesquisadores, nada há nada melhor que o feedback das outras pessoas.

É importante pedir que as outras pessoas comentem sobre você, ainda que não seja algo fácil (nem sempre estamos preparados ou gostamos de ouvir certas coisas). Outro ponto importante é continuar aprendendo. Quanto mais experientes nos tornamos, menos provável é que a gente sofra de superioridade ilusória. Deste modo, fica muito mais fácil perceber nossas deficiências. 

Muito obrigado por sua leitura! Um abraço,

Patrick

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Sobre o autor:

Patrick Pedreira é Professor Mestre em Ciência da Computação, doutorando na USP, coordenador de cursos de graduação e, acima de tudo, um amante da tecnologia e da docência. 

Isabel Silva

Gerente Administrativa na Salles Leite Investimentos S.A.

6 a

Grande professor.

Freide César

Executive Secretary - CCM of Mozambique

7 a

Muito interessante este texto

Oto Resende (Retired)

Gestor de Ativos e Manutenção | Engenheiro Mecânico | Lean Six Sigma | Black Belt | Mineração | Retired

7 a

Jean-Paul Sartre, (1905-1980), filósofo existencialista francês, já afirmava que o indivíduo é incapaz de ter conhecimento de si, por si mesmo, somente através dos outros. Me parece que a dupla de acadêmicos Dunning-Kueger, resolveram fazer uma comprovação científica das ideias filosóficas de Sartre.

Márcia Pinheiro da Silva

Assistente Técnico na Thor Máquinas e Montagens - LTDA

7 a

Muito bom texto!!! muita gente deveria ler...

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