Por que você deveria pensar numa transição de carreira?

Vivemos num mundo VUCA (Volatile, Uncertainty, Complexity, Ambiguity) que como um dos seus principais conceitos diz, é volátil e muda muito rápido, e sua carreira não será diferente. O futuro do trabalho está muito conectado com esse ambiente incerto, e que muda constantemente.

Para isso, uma das principais habilidades do profissional do futuro é a sua adaptabilidade a novos contextos e novas realidades, entendendo como ele deve agir para aprender, desaprender e reaprender qualquer tipo de conhecimento novo que surge a todo momento. E nessa trilha eu acredito muito que os profissionais do futuro serão aqueles que fazem pelo menos uma grande transição de carreira e vou explicar alguns motivos para achar isso.

Aquisição de habilidades

Nesse ambiente, quanto mais habilidades de matérias diferentes você acumular, mais preparado você estará para enfrentar mudanças que não estavam previstas, e qual a melhor forma de se aprender algo? Fazendo!

Segundo o método da Andragogia ou 70/20/10, 70% do aprendizado está em colocar algum conhecimento em prática na sua rotina, ou seja criar hábitos! Para se criar hábitos você precisa exercitar uma habilidade com consistência e frequência, e nada melhor do que uma transição para que isso aconteça. Começar uma nova função que te coloque na zona de desconforto e te faça reiniciar o ciclo de aprendizado pode ser o trigger ideal para que essa habilidade se torne um hábito.

Forma de pensar

Começar uma nova carreira, ou simplesmente mudar o foco da sua carreira e (talvez) o setor com o qual você vai trabalhar pode te trazer uma nova forma de pensar sobre os problemas, te fazer ser mais criativo, entender como clientes de diferentes setores pensam e reagem a cada estímulo e mudança causada pelo seu serviço/produto.

Aliás, uma das técnicas mais recomendadas para ser mais criativo, é sair do seu ambiente corriqueiro e transitar por conteúdos, pessoas e lugares que você normalmente não transita. Porque assim seu cérebro fara novas sinapses e você conseguirá ter ideias que não tinha anteriormente.

Novas descobertas

Uma coisa que vem sendo bem importante para mim são as novas descobertas que tive com essa mudança (uma de muitas? rs). Descobertas sobre mim, em questão de quais capacidades eu tenho que são aproveitadas nessa nova função, como usar o que aprendi anteriormente para complementar o que faço hoje, e quais são as falhas que eu preciso corrigir para ser melhor nessa função, além do não menos importante propósito de vida.

Entender se uma coisa te faz realmente feliz é super importante, e independente de você estar feliz ou não no seu atual trabalho, se você tem curiosidade de fazer algo diferente, apenas faça! Você sempre poderá voltar para a função anterior, ainda mais agora com novas habilidades.

Uma das coisas que mais travam as pessoas de mudar de carreira não é o medo de não dar conta, mas de não gostar da nova função e não conseguir voltar para a anterior, por experiência própria, isso dificilmente acontecerá se você construiu uma história interessante e um portfólio de ações que te credenciam como um bom profissional naquela função. O que as empresas mais tem dificuldade hoje é contratar e reter talentos, você não estará desamparado.

E se sua profissão deixar de existir?

Já pensou na hipótese da sua profissão atual não existir mais no futuro, a história tem exemplos que podem ser bem esdrúxulos mas servem para ilustrar o que quero dizer. Não existem mais datilógrafos no mundo atual, ou trocador de bobinas, ou qualquer outra profissão que tenha deixado de existir, só que agora o mundo muda muito mais rápido, provavelmente a sua profissão do futuro ainda nem existe.

Um relatório do Center for the Future of Work, estabelecido pela Cognizant Technology Solutions, é mais específico em suas apostas e traz 21 profissões do futuro, entre elas diretor de portfólio genômico, Chief Trust Officer e curador de memórias pessoais. Agora imagina você, que se hoje em 2019 se preveem essas profissões, e daqui há 20 anos?

Minha experiência de transição

Minha transição não foi tão brusca, concordo. E foi motivada por um evento fora do meu controle, mas eu já estava buscando mudar um pouco meu horizonte de trabalho quando em Novembro de 2018 me inscrevi para a pós-graduação em gestão de inovação social do Instituto Amani, porque queria ter uma vida com mais propósito.

Mas o evento que mudou tudo foi o fechamento das operações da Glovo no Brasil, em março desse ano. Eu tinha acabado de iniciar a pós, e portanto decidi não mudar para uma carreira no setor social, porque queria passar por todo o processo de entender o setor pela via da educação que já era meu primeiro plano.

Eu trabalhava com Marketing e Growth Hacking desde o início da carreira, e portanto o caminho lógico a seguir era continuar nessa área que eu já tinha credibilidade para falar sobre e tinha as capacidades para gerar resultado, mas nesse momento apareceu a Zup Innovation que acreditou no meu talento para uma vaga fora desse ambiente, confiante de eu traria uma forma diferente de pensar do que a maioria dos produteiros.

Mas chegou a proposta para ser Product Leader num projeto de relacionamento com o usuário numa grande empresa de telecomunicação, como consultor dentro da Zup, e eu não me arrependo de ter dado esse salto de fé. Hoje me considero muito mais completo como profissional, e entendendo muito mais o ambiente de tecnologia do que antes, mesmo tendo passado por 3 empresas de tecnologia anteriormente, todas startups.

E não me limito a pensar que essa será a última transição, provavelmente outras acontecerão, inclusive com esse drive de propósito que eu quis trazer quando fiz a pós do Amani, onde também tive a oportunidade de fazer uma consultoria pro-bono em mensuração de impacto social na Latin American Leadership Academy, e me trouxe um rico conhecimento de como o setor social está medindo seus resultados e como eu posso ajudar com isso.

O meu conselho final é, nunca ache que é impossível fazer a tua tão sonhada transição se em determinado momento da sua carreira você sentir que deve faze-la, procure se você precisa de conhecimentos específicos, faça cursos, peça ajuda para profissionais da área, e bota a cara na rua.