Por que VPs experientes falham em startups ?
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Por que VPs experientes falham em startups ?

Cena 1: Um VP de qualquer área (Vendas, Marketing, Business ou TI), muito experiente, com resultados fabulosos ao longo da carreira resolve abraçar uma startup, quer pela oportunidade, quer pelo desejo de empreender ...

... e FALHA em suas estratégias.

É incompetência ? Não. Diferença de ambiente e principalmente Mindset.

Mindset empreendedor significa navegar bem com mudanças constantes, tomar decisões rápidas com dados insuficientes, arriscar, recuperar rapidamente de falhas e atuar confortavelmente sem uma base sólida por trás pois esta estará sendo construída !

Listo aqui 5 pontos básicos:

  • Metodologia - A metodologia usada em uma empresa grande estabelecida simplesmente não funciona em uma startup. Um ambiente sólido, já construído, com processos estabelecidos, base de clientes e evolução incremental em nada se parece com o ambiente em construção de uma startup, onde as decisões são experimentais baseadas em dados insuficientes inclusive sobre o que o futuro cliente deseja. Esqueça o que você sabe e reaprenda, ouvindo a todos e aprendendo com todos. Dependendo do tamanho da startup você não terá grande budget à sua disposição, adapte-se a sua realidade atual!
  • Time - Resista à tentação de atrair profissionais estrelados de grandes organizações pois os mesmos podem não repetir a performance sem as estruturas anteriores. No artigo de Brendon Cassidy sobre um VP de vendas em startups ele cita o exemplo do "profissional de vendas Salesforce ou Oracle" que vende US$ 100MM por ano em vendas incrementais na base já instalada e que pode não conseguir repetir a performance tendo que construir sua nova base. O time é o desafio mais importante e os profissionais precisam ter vivência anterior em startups para saber priorizar as atividades e fazer trade-offs
Em uma startup onde nada ainda está feito é trabalho do dia-a-dia de TODOS priorizar o que deve ser feito e o nível de detalhe. PDCA constante poderá ser melhor que um projeto que levará 1 ano para ser executado (e que pode nascer obsoleto)
  • Ainda Time - O time bem escolhido terá diversidade e será 100% alinhado ao objetivo. Não deverão ser incentivadas concorrências internas entre grupos como engenheiros e vendas, por exemplo, nem colocar um grupo em posição "mais importante" ou de "destaque" em relação a outros. Em uma startup todos são igualmente importantes, todos podem e devem contribuir, todos são parte do objetivo. A cultura é o grande segredo de um ambiente que ainda não tem processos escritos e/ou enraizados no dia-a-dia. Ter o mindset correto é muito mais importante que ser da mesma indústria (ex: em uma Fintech um profissional de carreira vindo da indústria financeira poderá apresentar performance sofrível se comparado a um profissional startup vindo da indústria automotiva, por exemplo. A experiência anterior precisa ser analisada!). Pague bem seu pessoal mas exija muito
Para cada um de seu time: Your job is to win and then increase your capacity to win (Wade Chambers - Twitter Head of Revenue Engineering)
  • Não se coloque em um pedestal - ou se esconda em um escritório. Você não é mais importante que ninguém, sua função não é "mandar". Ande, misture-se com o pessoal, escute todos, aprenda com todos. Seja o primeiro a chegar e o último a sair e se a empresa funciona 24x7, apareça de madrugada às vezes e conviva com as pessoas. Interesse-se por elas, pois a vitória delas será sua vitória. Você não deverá exigir o mérito para você, o mérito sempre será do time. Não resista às novas idéias e sugestões apenas porque você é o VP, seu time enxerga de perto o que você só enxerga de longe. A construção de uma empresa é sempre um trabalho de time. Aceite feedback por mais duro que seja, agradeça, reflita e avance. Se reinvente quantas vezes for necessário.
  • Motivação - Entrar em uma startup por motivos financeiros ("vou bombar minhas opções") ou por ego ("quero ser reconhecido", "sou o novo Steve Jobs") é frequentemente uma armadilha. O ambiente de startup é de sangue, suor e lágrimas, é um ambiente de paixão, de comprometimento 24x7x365. Se você não exercer e comunicar essa paixão corretamente, o time não a absorverá e a empresa tem grandes chances de falhar revertendo para um ambiente burocrático com profissionais trabalhando só pelo salário, ambiente este que a estrutura de uma startup pode não suportar. Viver o caminho tem de ser mais recompensador que o objetivo final.


Raquel Cruz

Payments & Cards Solutions | Team Leader | TaaS | Digital & Agile Transformation | UX | UI

7 a

Obrigada! Texto esclarecedor.

Davi Lima

Head Internacional de Data Partnerships e Comunidades

7 a

Antonio, é exatamente isso !! excelente texto !! tenho ajudado algumas startups recentemente e posso confirmar que a parte que vc fala de "sangue, suor e lágrimas" é "sangue, sangue, às vezes suor, mais sangue e um rio... um rio não, um oceano de lágrimas"! No Brasil, a parte que se refere à sangue e lágrimas é ainda pior... Compartilhando ! abs

Marcelo Barreto

Transformo pessoas e negócios para deixar para meus filhos um mundo melhor do eu encontrei | Co-Founder na Criasound | Sócio Investidor na Prospera | Músico na Ponta da Praia Editora | Consultor & Palestrante

7 a

Excelente artigo. Percebo muitas semelhanças entre o desafio de abraçar uma start up e o liderar uma grande organização em fases de profundas mudanças ou até mesmo apenas consideração o cenário atual de constante mudanças no mercado e instabilidades econômica e política. Rapidez na tomada de decisão, foco em execução e tracking (PDCA), assumir riscos calculados com pouca informação, ser mais hands on, liderar matricialmente todas as áreas da empresa, humildade e aprender rápido com os próprioa erros. Características de um bom empreendedor que hoje também são chave para Executivos de grandes corporações.

Annibal H.

Diretor na Hacon | System Integrator da ETAP/Schneider Electric

7 a

Bons pontos colocados aqui. Realmente é muito difícil um profissional acostumado com a vida corporativa se adaptar à vida em uma startup. Além de ser moldado à vida corporativa após anos de trabalho sob processos e sobrevivendo à "politícia corporativa" (para conseguir sobreviver), o perfil de quem segue carreira em grandes empresas é per si antagônico ao mundo das startups, pois é na grande maioria de "risk averse". Pessoas que buscam a estabilidade e o status que trabalhar em grandes empresas propicia. Contudo, a tendência é que este tipo de "mundo" desapareça junto com os "empregos para a vida toda". E o melhor que um profissional corporativo pode fazer para seu próprio bem é afastar-se, na medida do possível, deste mindset. Por que? Para seu próprio bem! As carreiras estão acabando... Não é todo mundo que consegue ter a profissão de "CEO" e mudar de empresas continuando CEO. O que quero dizer é que a grande maioria de profissionais experientes acaba cedo ou tarde tendo que se confrontar com um abismo ao deixar seu emprego e não conseguir outro. A idade e o alto salário alcançado excluem do mercado estes profissionais e eles têm que se reinventar. Por isto, o melhor é já ir pensando em como montar seu próprio negócio antes de se confrontar com o abismo. Teste prático para VPs e CEOs de grandes empresas: ao ver um pedacinho de papel sujando a sala, o que você faz? Chama a faxineira ou cata o papel? A grande maioria vai chamar a faxinheira...

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