Porque o patrocínio esportivo no Brasil é tão difícil?

Porque o patrocínio esportivo no Brasil é tão difícil?

Existem aqui muitos casos de sucesso em patrocínio esportivo em algumas modalidades e isso é realmente muito bom, pois se formos analisar o tamanho do mercado esportivo no Brasil, perceberemos que quem consegue patrocínio (seja clube, equipe, atleta ou entidade do esporte), merece os parabéns. O mesmo vale para as agências de marketing esportivo e os agentes/empresários de atletas, que conseguem convencer os executivos de empresas a investir em esporte.

Os benefícios do investimento do esporte também estão por aqui. Todo mundo que trabalha sério nesse mercado, sabe quais são e muitos expõem os mesmos por aqui. Isso é um trabalho árduo e chamado “de formiguinha” onde tem que se bater na tecla dos benefícios para a marca/produto/serviço de se investir em esporte constantemente, já que nosso mercado, comparado a outros mais desenvolvidos, ainda caminha a passos lentos.

Então, porque é tão difícil investir em patrocínio esportivo no Brasil?

Tem muito a ver com a falta de cultura, com a visão imediatista das empresas (seus executivos), com o despreparo das entidades/clubes e atletas, dependência do governo (Leis de Incentivo) e com a cultura do “país do futebol”!!! É um pouco de tudo, mas ao mesmo tempo, de certa forma, normal, num mercado ainda em formação.

A Falta de Cultura está intrinsicamente ligada a visão imediatista, já que as empresas não tem a “cultura” de utilizar o patrocínio como ferramenta de marketing, mídia e/ou comunicação e isso leva a falta de planejamento estratégico pensando no esporte como essa ferramenta. Pouquíssimas empresas se utilizam de pesquisas para avaliar a viabilidade de um patrocínio e sua adequação à marca e/ou produto da mesma.

A visão imediatista é comum ao brasileiro em muitos segmentos e não é diferente no mercado esportivo. Tudo tem que ser imediato, não há tempo para planejamento, adequação, correções e feedback. E a percepção de que só tem valor se aparecer na TV (especialmente na Globo), é o que leva a um dos maiores problemas na captação de patrocínio. A grade da TV (especialmente aberta) não é destinada exclusivamente ao esporte, e nos canais a cabo dedicados, não necessariamente há variedade de modalidades esportivas. Isso leva a outro tema que é a cultura do País do Futebol. Porque insistimos nisso? O exemplo dos EUA nos mostra que não precisamos ser o país somente de uma modalidade. Lá, por exemplo, temos o basquete, o beisebol, o futebol americano e até o hóquei como paixões nacionais. A mídia é a principal responsável para mudar esse cenário. Tem que investir também para trazer o público para assistir e até criar cultura em outras modalidades.

As dependência que muitas entidades e atletas tem do governos, através de Leis de Incentivo ou Bolsa Atleta, é um dos fatores que também atrapalham a busca por patrocínio. São beneficiados pela Lei entidades que não precisariam da mesma para captar recurso, enquanto quem necessita, não consegue.

Do lado das equipes, entidades e atletas, fica difícil apresentar algo coerente, com conteúdo, com planejamento, formatado para o mercado, condições essenciais para apresentação às empresas. A empresa precisa de resultados, sejam eles de vendas, de ROI, de visibilidade, qualquer um (ou todos), mas precisa de resultados. Temos pouquíssimas entidades esportivas, clubes (mesmo os de futebol) e atletas, das mais diversas modalidades, preparados para se apresentar ao mercado, como um produto/serviço. Quantos atletas olímpicos, campeões mundiais ou mesmo destaque em sua modalidade, estão sem patrocínio no momento?

Por tudo exposto acima, conseguimos entender, ou pelo menos ter uma ideia da real dificuldade de se conseguir patrocínio esportivo no Brasil. E a questão não é ficar apontando o dedo para culpados (todos somos)!

Acredito que seja hora de menos discussão e mais ação!

Temos que fazer acontecer e construir esse mercado mais forte para que ele seja perene e brilhante! Profissionalização nas entidades esportivas/clubes. Empresas tratando o esporte como ferramenta de marketing/comunicação e fazendo parte do planejamento estratégico, atletas entendendo que o que está em jogo é a carreira deles e que vai muito mais além do que a performance. É hora de trabalhar!

Jesse Lima

Senior Android Developer at PicPay

6 a

Excelente artigo. Participei de dois jogos olímpicos no Salto em Altura, 2004 e 2008 e de dois mundiais 2007 e 2009. A forma como os esportes são tratados no brasil se parece com um sistema de engrenagens enferrujado. Para as engrenagens funcionarem bem, todas precisam ser reparadas ou subsistidas. É o conjunto de fatores que cria o cenário citado acima. Cada fator tem um papel importante. A mídia não abre espaço para outros esportes dificultando a visibilidade de retorno que patrocínios poderiam ter. A dependência do governo (Leis de Incentivo) é um dos pontos mais importantes que acredito que tenha que mudar. Depender disso é como colocar um barco num mar revolto e sem vela. É instável e não se sabe onde e quando vai parar. Acredito também no lado muito negativo de uma equipe ou clube depender de um único patrocínio "master". No dia que esse patrocínio decide não mais investir, quem depende dele desmorona, já que é a unica fonte de suporte. Um grande exemplo disso com o maior clube de atletismo do Brasil, B3 Atletismo (Antigo Clube de Atletismo BM&F Bovespa). Decidiram mudar a estratégia de investimentos em ações sociais e não mais investir em atletismo. Resultado: Um clube com uma história de grandes resultados simplesmente sumiu. Basta a CAIXA Econômica Federal não patrocinar mais o atletismo que as estruturas do esporte ficam ameaçadas.

Rogerio Araujo

Licenciatura em Letras / Tecnólogo em Gestão Pública

6 a

Esporte interativo vem vindo aí.... O pessoal de marketing que gosta de mais de um esporte precisa apoiar novas modalidades. Sexta passada fui ver Brasil e Uruguai pelo rugby Championship americas e gostei. Mês que vem terá Brasil USA em São José dos Campos.

Fábio Avelar

Inovação | Projetos | Marketing | Eventos

6 a

Excelente texto!

Yochio Isobe

Diretor do Jogo e Gerente de Operações na Federação Paulista de Futebol | Professor no Centro Paula Souza | Professor no Senac São Paulo | Gestor Esportivo | Consultor em Conex

6 a

Assino embaixo

Thimóteo Soares

Especialista em Gestão de Negócios, Marketing e Comunicação

6 a

Quando Gerenciava o Marketing de um Clube Social Nacional, chegavam várias pessoas com mega projetos (de boca), mas sem qualquer material preparado para que nós pudéssemos de alguma forma contribuir para a realização ou com patrocínios. Acho que falta um pouco de sensibilidade nesse sentido, pois assim como Eduardo Smith explanou, os que geralmente pedem os mais altos valores de patrocínio, são os que menos têm a apresentar. Com isso o mercado perdeu um pouco a credibilidade para empresas apostarem na área esportiva e também social.

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