Práticas discursivas sobre a linguagem na internet

Por que certas palavras precisam ser reduzidas a meras abreviações? Por que o seu uso se transforma em um grave ato de violação de ritos? Como chamar a essa abreviação: Preguiça de escrever? Desinteresse? Facilidade? Economia de tempo?

Se a linguagem tem um entorno sociocultural, é razoável responder positivamente a essas perguntas, pois, na verdade, as instâncias discursivas em que nos inserimos influenciam poderosamente nosso projeto de dizer. 

Com base nisso, neste trabalho, analiso como utilizar a nova língua criada por aqueles que passam a maior parte do seu tempo na frente de um computador e até que ponto ela é prejudicial ao ensino da língua portuguesa nas escolas. Busco também avaliar se em lugares como Universidade ou local de trabalho é permitido ou aprovado o uso dessa linguagem.

Como surgiu o “INTERNETÊS?”

Com o surgimento da internet (@ 1970) e com o aparecimento dos comunicadores: (ICQ, Bate Papo UOL, MSN etc.) começaram a surgir as gírias e emoticons (desenhos que representam emoções). Com isso, os internautas, puderam ir aperfeiçoando a linguagem já precária que utilizavam durante as conversas.

 Mas esse comportamento não parou por aí. Com o passar do tempo, a situação foi piorando até chegar no estado em que se encontra. E a tendência é piorar cada dia mais!

 Internetês - é um neologismo (Internet + sufixo ês) que designa a linguagem utilizada no meio virtual, em que as palavras foram abreviadas até o ponto de se transformarem em uma única expressão, duas ou no máximo cinco letras, onde há um desmoronamento da pontuação e da acentuação, pelo uso da fonética em detrimento da etimologia, com uso restrito de caracteres e desrespeito às normas gramaticais.

IMAGINEM QUE OS DEZ MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS FOSSEM ESCRITOS POR UM MOISÉS DA ATUALIDADE.

SERIA MAIS OU MENOS ASSIM:

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Nessa nova linguagem, também podemos constatar o derramamento de termos da informática, uma contenção de caracteres digitados e um descaso com as normas gramaticais da Língua Portuguesa. Quando surgiu, a linguagem peculiar dos jovens na internet, já começou a influência da escrita do adolescente internauta em sala de aula e a preocupação dos educadores.

O uso dessa linguagem, com integral desobediência às regras cultas, não é próprio apenas dos brasileiros. Pois os alunos já são alfabetizados ao mesmo tempo em que aprendem a se comunicar pela internet. A necessidade de interagir utilizando o teclado do computador fez com que, rapidamente, o "internetês" se difundisse àqueles que têm acesso à internet. O grande problema que existe é o uso dessa linguagem em locais onde ela não é apropriada, como é o caso da escola, da universidade ou do local de trabalho.

A Internet, inicialmente e ainda hoje, tem sido atacada quanto à fragmentação e quanto a forma como a Linguagem é apresentada no ambiente online. Esses ataques são divulgados - constantemente - por meio da voz da mídia ou pelos sujeitos que vão falar sobre ela na mídia em geral.

Ao dizer que não há nada de bom na Internet, o sujeito traduz um discurso superficial, pois em todos os lugares tanto na internet ou fora dela, encontramos coisas aproveitáveis ou não.

Usar ou não usar o internetês na escola, universidade ou trabalho?

De acordo com vários especialistas na área de RH, Educação etc., o uso dessa nova forma de escrever é abominada nos locais de trabalho, a não ser que a empresa permita que o funcionário utilize os equipamentos para troca de mensagens particulares. Mesmo assim , é de bom tom que cada pessoa respeite ao menos a ortografia em seus escritos.

Hoje podemos dizer também que, além do internetês, surgiram mais duas línguas:

•Miguxês – Muito utilizada pelos autointitulados “EMOS” ou pelos adolescentes.

Ex: Bater papu na net eh uma das coisas + banais hj em dia... Raramente se veh alguem q nunca tc com um miguxo... pelo menos 1 veiz na vida! Bj miguxxxxxxx!

•Tiopês – Linguagem que surge quando estamos com pressa na digitação.

Ex: a palavra TIPO vira TIOP; MUITO vira MUIOT

Nas práticas sociais que ocorrem na internet, há teses de doutorado, clássicos e outros tipos de informações como, também, ocorre fora dela. Então, a questão não é o ambiente. A questão é como me posiciono diante das práticas sociais online ou não. Por isso, precisamos discutir muito sobre as práticas de linguagem no campo linguístico online ou fora dele.

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, J. C. Nicks e emoticons no chat aberto: uma análise da  ressignificação da escrita. In.: Cavalcante, m. et alii. Texto e Discurso  sob múltiplos olhares. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. (no prelo).

ARAÚJO, J. C. A esfera digital e a hipertextualidade. In.: Araújo, j. c. Os chats:  uma constelação de gêneros na Internet. Tese (Doutorado em  Linguística). Fortaleza: Programa de Pós-Graduação em Linguística.  (Ppgl). Universidade Federal do Ceará (UFC), 2006. pp. 83 - 93.

ARAÚJO, J. C. A conversa na Web: o estudo da transmutação em um gênero  textual. In. Marcuschi. L. a. & Xavier, a. c. (Orgs.). Hipertexto e  gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. Rio de  Janeiro: Lucerna, 2004. pp. 91-109.

ARAÚJO, J. C. Chats na Web: a linguagem proibida e a queda de tabus. In.  www.discursoemlinguagem.com.br acesso em 29/09/2010.

HAMZE, AMÉLIA. Internetês. In. www.brasilescola.com acesso em 29/09/2010.



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