Pra você que está no fim, pra mim, agora é que está começando...
Alunos em sala de auda de escola pública em Igarassu (PE) - Foto: Léo Caldas

Pra você que está no fim, pra mim, agora é que está começando...

E eis que chegamos ao final do MiST, especialização em transformação estratégica da Cesar School e da TDS.company, cuja última aula aconteceu na semana passada, após uma bela jornada, iniciada em janeiro desse ano da graça do senhor de 2021.

A conversa final foi conduzida por André Neves que levantou a bola para Silvio Meira. Este, por sua vez, fez uma “lecture” sobre o seu novo livro “O Que É Estratégia”, do qual tive o privilégio de participar do processo de edição, que ficou a cargo da editora Paradoxum. O E-book estreou na Amazon no final de setembro e a edição impressa está no forno, quase pronta.

Sobre o livro, reforço: leia.

Sobre a conversa, o melhor ficou para o final. A partir de uma provocação do colega José Antônio Costa sobre quais os três maiores desafios do Brasil. Meira focou apenas em um e principal deles com certeza: a educação.

Citou como ponto de partida dois casos bem emblemáticos: Singapura e Finlândia. O primeiro, até meados da década de 1960, era um posto de reabastecimento da marinha britânica na Ásia. Depois passou a servir também à marinha mercante. Já o segundo, no intervalo entre as primeira e segunda guerras, era um verdadeiro faroeste. Tinha uma taxa de violência letal e intencional (CVLI) comparadas as do Brasil de hoje.

Segundo Meira, o que promoveu uma mudança substancial nos dois cenários foi a autoimposição de um grande desafio nacional de educação de qualidade, combinado com a criação de oportunidades de classe global. “Hoje a Finlândia é destaque como celeiro de gamers; enquanto Singapura se sobressai no desenho de microchips”.

Quando olha para o Brasil, o professor lamenta o sistema educacional brasileiro. Um modelo ao seu ver equivocado, em que, entre outras coisas, se cria uma barreira intransponível entre os 15% mais ricos do país e os 85% restantes da população.

“E estamos vendo agora um recrudescimento desse processo: criação de escolas cada vez mais elitizadas, com prédios cada vez mais segregados, com mecanismos de segurança da vez mais radicais, isolamento cada vez maior dos que têm tudo em relação aos que não têm nada.”

“Isso significa que não vamos construir uma ponte entre esses dois grupos. O que quer dizer que os 15% vão precisar blindar os carros e vai ser uma catástrofe: o Líbano já mostrou isso, o Iraq já mostrou isso, o Paraguai, a Colômbia, El Salvador, Venezuela, até a Argentina já mostrou isso."

Lista e acrescenta:

“Me recuso a blindar meu carro e a escurecer os vidros”.

Para Silvio, os filhos dos ricos têm que estudar nas mesmas escolas dos filhos daqueles que moram na periferia para que possam se entender como brasileiros. “Da mesma forma que não existe humanidade, mas espécie humana desagregada, também não existe povo brasileiro. O povo brasileiro é mito porque a gente não estuda nem na mesma escola”, lamenta.

A conversa foi longa e boa. Daria um textão bem maior que esse. Mas, para encerrar, ele enfatizou que precisamos de 50 anos de investimentos continuados e profundos em educação. No qual teremos que resolver uma escola de qualidade para todo mundo. “Se a escola não funciona, o país é uma catástrofe”, e conclui:

“Temos um desafio enorme pela frente que tem que ser enfrentado já. Se não, quem assumir a presidência em 2050 – que está sendo formado agora – irá encontrar (na educação) a mesma coisa; em 2058, a mesma coisa, 2066 a mesma coisa e em 3452, quando eu reencarnar, vai estar a mesma coisa”.

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