Precisamos falar sobre 5Cs

As principais motivações para inovar acabam sendo, na maioria das vezes, a dor ou o amor. Essas forças motrizes, que impulsionaram desde o início dos tempos até hoje a nossa espécie, fazem de nós, em conjunto, uma sociedade que evolui permanentemente.

Há um milhão de anos nossos antepassados precisaram ingerir mais energia em menor tempo.

Diante dessa dor, inventaram ferramentas e a "tecnologia" do cozimento pelo fogo, o que possibilitou o "pré-processamento" de alimentos e a extração, ao máximo, do potencial calórico.

Com mais eficiência energética houve, então, as seguintes mudanças de comportamento e paradigma:

• Aumento de neurônios corticiais;
• Mais horas para se dedicar a outras atividades como a transmissão de cultura;

E, passo a passo, a humanidade conquistou seu ápice.

Que ironia! Desde o século XX até este início do XXI, estamos voltando às origens. Temos buscado ingerir raízes e alimentos crus (aquela saladinha e a "maneirada" no carboidrato, sabe?) para tentar emagrecer. Tudo porque, os alimentos ultraprocessados pela indústria são um risco para a saúde do homem.

Mas... quem não ama uma bolacha recheada acompanhada por um achocolatado, não é mesmo?

Por outro lado, não precisamos nos preocupar mais com animais ferozes, invadindo nossas moradias, felizmente.

Na atualidade, são diversos os problemas sobre os quais devemos nos preocupar (econômicas, profissionais, familiares, inter-relacionais etc.) e vão do psiquê do indivíduo, passam pelo sistema capitalista e culminam ao reger as relações entre empresas e o conjunto da sociedade. 

Se não bastasse a inquietude atual, vivemos na era do Dataísmo em que tudo e todos se convertem em indicadores.

Compreender o comportamento do ser humano, ou melhor, do consumidor humano para extrair uma melhor estratégia, por si só, já é um ciclo de inovação contínua, e agora, fígital.

A obsolescência está em um ritmo acelerado demais nesse mundo BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível). Se antes as grandes mudanças ocorriam ao longo de séculos, agora são perceptíveis em menos de uma década.

Em meio a essa grande "corrida" para a empresa não se tornar apenas um registro no Wikipedia (como a saudosa Blockbuster), precisamos olhar para além da experiência do consumidor (CX) e dar o próximo passo para uma visão mais holística do que é empreender.

Para nos apoiar neste processo, existe um framework muito interessante que visa abranger 5 pilares que em uma exigência ESG provoca os seguintes milagres:

• Faz brilhar os olhos de investidores;
• Conforta o coração de líderes;
• Projeta experiências que tangenciam toda a cadeia do negócio.

São eles: 5Cs.

Consumidores

Todos que se beneficiam da produção da sua oferta, claro. São (e sempre foram) fundamentais em toda estratégia pois o foco no cliente é o que move a principal cadeia de discussões e evoluções para o modelo de negócio.

Colaboradores

A equipe que trabalha com você para viabilizar ou aprimorar funções como:

• Design;
• Desenvolvimento;
• Vendas;
• Distribuição;
• Suporte ao que é ofertado.

Por mais que se tenha o movimento de robotização de etapas do processo, a empatia e a criatividade geram atração e retenção de talentos.

Capacidades

Seus próprios pontos fortes organizacionais que fazem com que seu negócio seja desejado e até mesmo torne-se preferência.

Pense além da SWOT neste momento, pois esse vetor precisa mostrar também o quanto sua equipe está madura intelectualmente para pontos de inflexão quando necessário.

Sendo possível mudar o modelo de negócio que funciona até agora, se preciso for.

Competidores

Aqueles que criam qualquer coisa que seus clientes possam escolher, em vez do que você oferece.

Cada vez mais, entender o que ocorre no meio que está inserido faz sentido e afeta o que está sendo idealizado e projetado dentro da sua empresa. Em um cenário que as empresas estão criando seus ecossistemas particulares, cada detalhe conta.

Condições

O contexto em que você, seus clientes, colaboradores e concorrentes trabalham.

É crucial entender e analisar as tendências:

• Socio-demográficas;
• Micro e macroeconômicas;
• Contexto político;
• Governamental;
• Regulamentação dos locais em operação, etc...

Então, reflita: o quanto a sua empresa é competitiva e colabora para um mundo mais saudável em todos os aspectos?

"Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si.” - Ayrton Senna

Se analisarmos bem, quando há um propósito vinculado em todas as iniciativas, as tomadas de decisão são mais eficazes. Afinal, os envolvidos estão com os objetivos muito claros sobre aonde se quer chegar.

A História Natural já comprovou a coexistência de mutações em todos os reinos, seja dos seres unicelulares aos animais. Porém, a versão que melhor se flexibiliza e/ou adapta ao contexto é a que prevalece.

O maior dos desafios não é seguir uma tendência; é equilibrar as dores nos acompanhamentos de performance com as paixões que conectam todos a uma cultura forte e desejável, na qual, inclusive, o seu cliente se torna fã.

Melhor desmistificar a máxima "o time que está ganhando não se mexe" para não provocar a inércia definitiva do seu negócio - o que pode decretar a sua extinção.

Fica o convite, vamos evoluir?