Precisamos falar sobre a saúde mental do trabalhador
Acusações, insultos, gritos e xingamentos, exigência de cumprimento de tarefas desnecessárias ou exorbitantes infelizmente fazem parte do dia-a-dia de muitos trabalhadores.
O assédio moral se configura como um dos males mais silenciosos e devastadores que atingem os trabalhadores da nossa sociedade e a necessidade de reflexão ganha mais fôlego neste dia 10, Dia Internacional da Saúde Mental.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje 320 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão e outros distúrbios mentais comuns. O roteiro, normalmente, é conhecido. Mudanças de humor, tristeza, ansiedade, apatia, culpa, descontentamento geral, desesperança, perda de interesse, solidão, sofrimento emocional, automutilação, choro excessivo, irritabilidade e isolamento social. E muitas vezes é no ambiente de trabalho que começa esse filme de terror na vida de milhões de pessoas.
As condições de trabalho são hoje responsáveis por grande parte das doenças mentais. Ainda segundo a OMS, no Brasil mais de 30 milhões de pessoas convivem com esses agentes estressores. A depressão atinge 11,5 milhões de pessoas (5,8% da população), enquanto distúrbios relacionados à ansiedade afetam mais de 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população). Esse cenário triste acaba levando as pessoas à incapacidade para o trabalho. Transtornos mentais e comportamentais são hoje a terceira causa que mais tiram pessoas do ambiente de trabalho. Isso acaba virando uma bola de neve para o trabalhador.
O bancário é, historicamente, uma das categorias que mais sofrem desse mal. Metas abusivas, assédio moral, excesso de trabalho acabam criando ambientes de trabalho pouco saudável e levando os bancários aos consultórios e clínicas que tratam de saúde mental. O assédio moral é considerado violência psicológica já que constrange, humilha e tem como objetivo submeter a pessoa a uma situação vexatória ou praticar tortura psicológica.
Não é fenômeno novo. Esse tema já está no dia a dia das pessoas, mas é preciso saber como criar ambientes saudáveis, seja no trabalho ou em casa. Às associações de trabalhadores, sindicatos e dirigentes, é preciso desenvolver legislações, estratégias e políticas para forçar de alguma forma que governos busquem olhar de forma mais atenta para saúde mental. Se as empresas não se importam com a questão humana, que se preocupem com os custos que estão tendo. Funcionário doente é gasto para a empresa, para o país, para a sociedade.
Que esse dia 10, se transforme em mais que um dia. Que esteja na cabeça de cada pessoa, de cada empregado e que sirva para que as pessoas sejam mais humanas. Olhar pro lado não custa nada. Perguntar ao colega se está tudo bem é sinal de humanidade e civilidade. Olhar pro outro é olhar pra si mesmo e aprender que a empatia transforma vidas.