Preocupações ambientais, sociais e de governança fazem empresas se engajarem no ESG

Preocupações ambientais, sociais e de governança fazem empresas se engajarem no ESG

Termo, elaborado pela ONU, estabelece reputação e responsabilidade com futuro do planeta

O ESG, sigla em inglês que se refere às palavras Environmental, Social e Governance (Ambiental, Social e Governança), tem ganhado mais importância a cada ano na prática das empresas brasileiras. O termo apareceu pela primeira vez no relatório “Who Cares Win” (ganha quem se importa, em tradução livre), elaborado pelo Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas) em parceria com o Banco Mundial.

Na publicação, o então secretário-geral da entidade, o ganês Kofi Annan, questionou 50 CEOs de grandes bancos e investidoras sobre como trabalhar no mercado de capitais, que busca sempre o lucro acentuado, sem deixar de lado preocupações com o meio-ambiente, a sociedade e sobre a forma como o negócio é gerenciado.

No documento, a ONU estabelece que as empresas devem estar conscientes de que sua atuação gera impactos no ecossistema em que atua. E que as companhias que pretendem realizar uma política efetiva de ESG devem potencializar os impactos positivos sobre a sociedade, minimizando os negativos.

“Várias organizações, algumas gigantes multinacionais brasileiras, já estão preocupadas com o ESG. Entenderam que o valor da sua ação vai melhorar se assumir compromissos com as gerações futuras. Essa é uma tendência predominante na agenda das empresas brasileiras”

analisa o consultor Rodolfo Gutilla, que está escrevendo um livro sobre ESG que irá publicar neste ano.

Embora ainda não haja uma padronização no mundo corporativo sobre como medir o grau de engajamento da empresa em relação ao ESG, é possível demonstrar que boas práticas fazem com que as organizações ganhem respeito de seus stakeholders, aumentem sua reputação no mercado e conquistem credibilidade junto a clientes e consumidores.

Ao seguir política de ESG em suas operações, a empresa ganha respeito de stakeholders, credibilidade no mercado, vê sua reputação aumentar junto aos clientes

As preocupações sobre as consequências da atividade empresarial sobre o meio ambiente ganharam relevância no Brasil nos últimos anos. O país passou por vários desastres ambientais recentemente, como o vazamento de óleo na costa do Nordeste e a tragédia de Brumadinho, ambos em 2019, ou a devastação da Amazônia pela exploração predatória de recursos naturais, que vem se acentuando.

Por isso, crescem as iniciativas de empresas para minimizar seu impacto ambiental. Fabricantes do segmento de moda utilizam cada vez mais material reciclado na produção de peças. Galpões de fábrica passaram a usar energia renovável, como eólica e solar. Marcas de cosméticos contratam fornecedores de insumos naturais que trabalham de maneira sustentável.

“No modelo de responsabilidade social corporativa há dois parâmetros. O primeiro é o engajamento de stakeholders, ou seja, o reconhecimento de que existem outras partes interessadas e que elas precisam estar envolvidas nas discussões. A segunda questão é a apuração de resultados concretos nos campos social e ambiental, buscando mensurar, indicar e divulgar os impactos positivos e negativos da empresa. É o conceito de sustentabilidade”

explica Rodolfo, que é palestrante da Spotlight.

No lado social, as empresas buscam gerar valor a toda sua cadeia produtiva. É uma estratégia de gestão diferente da que defendiam pensadores liberais como Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia em 1976, que preconizava que o objetivo das empresas era apenas aumentar o próprio lucro, bonificando os acionistas.

“Essa visão ficou completamente fora de moda. Recentemente, deixou de ser predominante no mercado. O Larry Fink, CEO da BlackRock, escreveu que chegou a era do capitalismo de stakeholder. É um termo que vai ficar atribuído ao Larry Fink, pelo poder midiático que possui. Esse é o momento do capitalismo”

afirma Rodolfo, referindo-se ao gestor da maior investidora do mundo, que fechou 2021 com mais de US$ 10 trilhões de ativos sob sua responsabilidade.

O conceito de governança está profundamente ligado a essa nova era do capitalismo, já que estabelece as estratégias de gestão da empresa, obedecendo

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à legislação vigente nos locais em que atua e regulamentando as relações com seus stakeholders, desde fornecedores aos consumidores, passando por comunidades locais impactadas pelo negócio.

Internamente, estabelece regras para melhorar a governança, estipula normas para impedir a corrupção e promove políticas para aumentar a inclusão, representatividade e equidade na empresa. Também combate todas as formas de racismo, discriminação e assédio, seja moral, sexual ou de outra natureza.

“Do ponto de vista institucional, o “G’ [governança] é o mais conhecido e praticado. Até por muitas organizações que não desenvolvem o ‘E’ [ambiental] e o ‘S’ [social]. O acionista dá bastante importância a isso. Estamos falando de compliance e de regras de regulamentação do mercado. Isso faz parte da moldura institucional que delimita o campo de atuação da empresa”

explica Rodolfo.

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