PREPARADOS PARA LIDAR COM OS DESAFIOS REAIS PÓS COVID NO BRASIL?

PREPARADOS PARA LIDAR COM OS DESAFIOS REAIS PÓS COVID NO BRASIL?

Desculpem mas não há um novo normal. Isso é um engano! Há um novo mundo e não sabemos se e quando ele vai se "normalizar"! O mundo mudou e não é e nem será o mesmo - o que não significa que o comportamento das pessoas, organizações, empresas, negócios, universidades, etc. vai se alterar. Literalmente o Planeta inteiro foi e será afetado e isso vai ocorrer de formas diferentes. Parece óbvio, não é? Mas não é! Por um momento deixem de lado as análises e cenários para o contexto dos Estados Unidos, Europa, China ou qualquer outra região e procurem entender muito bem os desafios no Brasil .

Nosso mundo novo é bem diferente do deles! Sim, podemos estar atentos a experiências externas mas nossas particularidades nunca foram tão marcantes e gritantes. Por isso, e tendo isso em consideração, vamos a alguns temas que serão os desafios da nossa sociedade nos próximos 3 anos (e que vão envolver empresas, governos e sociedade civil).

Como qualquer grande crise (e essa não foi a primeira que a humanidade viveu recentemente) vamos passar por 3 momentos: PRIMEIROS IMPACTOS (provocam reações que podem ou não serem duradouras na sociedade), REORGANIZAÇÃO (experimentados novos formatos e as ideias que sobreviverem a fase guiarão a sociedade por muito tempo) e a fase da NOVA ORDEM (os novos hábitos já estão 100% incorporados pela sociedade).

Segundo o relatório elaborado pela Cordão Marketing & Advertising (que analisou vários relatórios de consultoria no Brasil e exterior) os grandes aprendizados da Pandemia são: (1) Espere ver menos pessoas indiferentes com a postura social das empresas, (2) Propósito precisará ser frequentemente provado por atitudes práticas (3) Marcas fortes precisarão somar valores claros com vantagens concretas.

A visão otimista de vários especialistas é que, após o ápice da crise, o mundo se reerguerá sobre bases mais sustentáveis, justas e humanas. As pessoas estão mais conscientes e atentas a novos modelos e jeitos de atuar. Com isso as marcas já estão sendo cobradas a serem protagonistas na criação destas bases. E segundo pesquisas e relatórios que vem sendo publicados, quanto maior o impacto pessoal de uma causa, maior o reflexo no consumo consciente a favor dela.

Em relação ao propósito refletido em atitudes práticas o que significa  AGIR com propósito e não apenas TER um propósito: o propósito deixa de ser algo somente “inspirador", para assumir o formato de um guia de ações efetivas e palpáveis. "Se sua empresa deseja alcançar uma posição de endosso e evitar uma posição de rejeição, ela precisa desenhar um plano de ação efetivas que demonstre seu propósito em causas com alto impacto na vida das pessoas neste momento."

Com isso o papel dos atores e a estruturação de processo de engajamento que permitam responder as demandas, expectativas, visões dos colaboradores, das comunidades, dos fornecedores e outros atores relevantes para a empresa e seu setor será algo fundamental no curto prazo para as empresas - desejem elas ou não, estejam elas preparadas ou não. 

Temas chaves no contexto brasileiro pós pandemia vem ficando cada vez mais claros e relevantes durante o período de crise econômica iniciada há alguns anos e vem se tornando cada vez mais presentes durante a crise do Coronavirus (e continuarão sendo nos próximos 2 anos, segundo os especialistas). Depois de ler várias matérias, ver vários programas e analisar alguns relatórios que passaram pelas minhas mãos listei o que para mim serão os mais relevantes:

  1. SOLUÇÕES DE SANEAMENTO - já sabemos que saneamento significa desenvolvimento e menos gasto com saúde. Agora só falta implementar isso de fato mas a recente aprovação do plano de saneamento e a abertura a empresas estrangeiras podem ampliar as chances dos planos de saneamento serem efetivamente implantados e em curto prazo - o investimento se justifica pelo impacto positivo em outro setores como saúde, meio ambiente, etc.
  2. ACESSO E UNIVERSALIZAÇÃO REAL DA SAÚDE - a infraestrutura material, financeira e humana na saúde é desigual no Brasil e precisa ser corrigida. O SUS tem importante papel nisso, mas empresas precisam apoiar soluções para isto também.
  3. INCLUSÃO E ALFABETIZAÇÃO DIGITAL - acesso a infraestrutura (redes, computadores, etc) e alfabetização digital. De que adianta a internet, o site e o aplicativo se a população não consegue acessar ou não consegue usar? O período da pandemia mostrou claramente (para quem ainda não havia notado) a desigualdade em termos de acesso a internet, aparelhos, informação e habilidades de uso dentro de nossa população. O potencial é incrível já que o Brasil é um dos grandes mercados no setor de celulares e das redes sociais no mundo, apesar dos desafios.
  4.  INCLUSÃO BANCÁRIA E ACESSO A CRÉDITO - muitas pessoas ainda não fazem parte do sistema financeiro e o acesso a crédito via sistema financeiro tradicional não está chegando na ponta. Pequenos empreendedores e negócios, MEIs e PME novos e formalizados há anos estão levando meses para acessar recursos e renegociar dívidas via sistema bancário "tradicional". Reformular a análise de riscos e perfil desses clientes será fundamental se o sistema financeiro quiser responder as necessidades atuais e pós pandemia.
  5. NOVO EMPREENDEDOR(ISMO) - apoio a empreendedores que serão autônomos, informais e donos de micro negócios. Eles vão surgir aos milhares em razão do desemprego, da crise econômica, da crise pós Coronavirus e também como fruto do desejo das pessoas de buscar novos meios de trabalho e renda. 
  6. INVESTIMENTO, FOCO E AÇÃO PARA IMPACTO IMEDIATO - atores (entre eles as empresas) vão ter de colocar energia, foco, dinheiro, bens e braços em ações concretas que gerem resultados e impacto na vida das pessoas no curto prazo. 
  7. DIVERSIDADE E COLETIVIDADE - estes temas vão ter de sair de dentro das empresas. Não basta construir políticas e mecanismos internos para lidar com questões de racismo, gênero, LGBTQI+. Esses temas vão ter que estar nas ações externas das empresas. A demanda, a pressão e o monitoramento da sociedade vai se ampliar e muito, e os recentes movimentos e manifestações no Brasil mostram isso claramente.
  8. ACESSO E UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO - apesar de todos os recursos e esforços o Brasil tem resultados vergonhosos em relação a qualidade de sua educação. Há ótimas iniciativas em alguns estados. Mas desafios como EAD, inclusão de novas tecnologias, novas áreas de conhecimento, novas metodologias de ensino precisarão entrar na pauta e serem colocadas a prova no mundo real. E logo!g
  9. NOVOS HÁBITOS DE CONSUMO - pouco dinheiro na praça, necessidade de escolhas sobre o que consumir, como consumir, de quem consumir! Não esperem que os consumidores continuem o mesmo (apesar do momento inicial do consumo de vingança* que acontecerá)
  10. RENDA SOCIAL MÍNIMA - com o agravamento da crise econômica a crise social já acontece. Não há que se falar em futuro em um país que não tenha implantada uma renda mínima para a sua população de forma a garantir, não apenas sua sobrevivência, mas sua vida de forma digna e com qualidade.

Em cada um desses temas há grandes oportunidades para que organizações e empresas atuem de forma consistente e constante no enfrentamento de nossos desafios.


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