Prevenir um trauma emocional é possível?
Todos nós já vivenciamos situações emocionalmente dolorosas, que podem ter causado um trauma, uma ruptura em nossas vidas.
Eventos traumáticos envolvem experiências com guerra, violência, desastres, perda repentina, doenças agressivas, e outros tipos de eventos preocupantes e perturbadores.
Situações de vulnerabilidade e trauma intenso desencadeiam diversas reações fisiológicas no corpo, que podem dar início ao desenvolvimento de fobias, transtorno de ansiedade, mudanças na química cerebral, além de, é claro, a Síndrome do Estresse Pós Traumático.
Tive oportunidade de estar ao lado de diversos pacientes em situação de internação ou de emergências, onde o estresse é enorme.
Pude observar de perto o comportamento humano nesses momentos de vulnerabilidade e entendi que havia uma maneira diferente de tratar as pessoas nessa situação.
No ambiente hospitalar, podemos deixar o nível de estresse do paciente maior ou menor, de acordo com as nossas atitudes. Por isso é tão importante estar disposto a ouvir, a tratar o paciente de forma humana, a enxergar o indivíduo como um todo, não apenas como um sintoma, e a contribuir para a melhora da saúde mental do paciente.
A medicina e o trato das doenças me fizeram buscar entender o mecanismo complexo que é o ser humano, em como os hábitos influenciam nisso tudo, em como tratar de forma inteligente os traumas, na emergência e fora dela, bem como planejar e desenvolver um tratamento eficaz para todas essas questões, tanto na prevenção quanto no pós trauma.
É fato: a saúde mental influencia na saúde física, e pode melhorar ou piorar as condições do corpo como um todo.
Parece uma afirmação até óbvia, pois mente e físico dividem o mesmo espaço, porém muitas pessoas ainda não se conscientizaram da importância de se tratar os dois aspectos do ser.
Corpo e mente se influenciam mutuamente, pois fazem parte do mesmo todo.
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Doenças físicas podem abalar a mente, pois influenciam no conforto mental também.
As situações adversas que envolvem um ser humano são infinitas, mas pude verificar que, muito frequentemente, todas as situações físicas podem ser pioradas (ou melhoradas) pela forma como lidamos com elas mentalmente.
Como sempre, busco a abordagem da prevenção, pois acredito que, ao trabalhar nossa mente e corpo para as situações adversas, conseguimos reagir melhor aos eventos que fogem do nosso controle.
É o que relata o estudo “Trauma and Public Mental Health: A Focused Review” do pesquisador Rolf J. Kleber, publicado pela Frontiers of Psychiatric.
Rolf defende que uma abordagem de preocupação com a saúde mental por meio da saúde pública, poderia ajudar a prevenir a enorme quantidade de doenças dessa ordem, através do aumento da resiliência dos seres humanos com relação a eventos adversos.
O estudo destaca que é necessário também uma participação ativa da sociedade em despertar para o problema, bem como reconhecê-lo. Encontrar apoio em grupos que passaram por eventos traumáticos e se reconciliar com a situação que causou o evento, possui um resultado positivo também.
Porém, todas essas estratégias devem ser realizadas de forma concomitante. “Essas estratégias têm que ser ativas em múltiplos níveis: individual, familiar, na comunidade e na sociedade”, diz Rolf.
Por fim, recomendo, para quem se interessar pelo tema ou esteja passando por um momento de trauma, ou até quem deseja aumentar a sua resiliência ante às adversidades da vida, dois livros: o livro “Trauma, a epidemia invisível”, do escritor Paulo Conti, e livro “Zonas Azuis da Felicidade”, de Dan Buettner.
Deixo também a mensagem de que tempos difíceis não duram para sempre, eles passam e, aos poucos, vamos nos curando dos traumas que sofremos.