A primeira faísca de um sonho.

Refletindo sobre minha trajetória profissional, me deparo com uma memória especial que moldou quem sou hoje. Quando eu tinha apenas 7 anos, meu pai fez um desvio na água próxima à nossa casa simples. Ele tinha o objetivo de implantar um moinho d'água para a moagem de milho e ralar mandioca. Foi assim que um minigerador de meio cv entrou em nossas vidas.

Esse pequeno gerador funcionava somente a noite, quando o horário de dormir se aproximava. Era automatizado, controlado pelo quarto da minha mãe. Com um cabo de aço, abríamos a comporta e a água caía na caixa, criando uma vazão e pressão na roda d'água, que tracionava uma polia e, por sua vez, movimentava o gerador. Esse simples dispositivo iluminava e clareava toda a casa, trazendo luz para nossas vidas em apenas seis pontos de iluminação, mas iluminando toda a escuridão que nos cercava.

Guardo com carinho as memórias daquela casa iluminada, um verdadeiro espetáculo visual que me enchia de admiração. Os anos se passaram, vendemos a casa e nos mudamos para outro lugar, onde minha avó morava. A antiga casa acabou se deteriorando e hoje em dia não resta mais nada além do terreno onde ela um dia existiu.

Com o passar dos anos, meu pai me presenteou com aquele antigo gerador, que um dia trouxe luz para o nosso lar. Naquele momento, eu não tinha clareza e consciência da grandiosidade daquele gesto. Mas, olhando para trás, percebo que ali meu pai plantou uma semente dentro do meu coração, o que com certeza fez com que eu tornasse o empreendedor que sou hoje.

Recentemente, tive a oportunidade de restaurar aquele minigerador, com a ajuda de um amigo. Hoje, ele está alimentando um rádio, que foi a fonte de entretenimento naquela época. Essa experiência me fez refletir sobre todo o meu percurso na jornada profissional, e compreendi que cada passo que dei foi influenciado por aquele momento em que meu pai criou uma pequena usina para iluminar nossas vidas.

Essa história representa a importância de cada evento, por menor que seja, em nossas vidas. O que parecia apenas um gerador de energia, na verdade, foi a faísca que acendeu meu espírito empreendedor. Agradeço a meu pai por essa inspiração e ao destino por me guiar até aqui. Que essa história possa inspirar outras pessoas a perseguirem seus sonhos e a encontrarem sua própria fonte de luz, não importa quão pequena ela pareça inicialmente.

Que cada um de nós encontre nossa própria usina de sonhos, capaz de iluminar nossos caminhos e transformar nossas vidas. Nunca subestime o poder de uma pequena faísca, pois pode acender uma grande chama de sucesso.