Privacidade
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Privacidade

Introdução à privacidade

 Do latim Privus “próprio, de si mesmo, individual” a privacidade está ligada diretamente à vida particular de um indivíduo, ou seja, que não está exposta ao grupo ou coletivo. Mesmo não possuindo mesmo significado, está relacionada à sua própria intimidade (do latim “intimus”, superlativo de “in”, que significa dentro).

Em outras palavras quando falamos de privacidade, estamos falando da vida particular e íntima de alguém, podendo ou não se referir também ao conforto material de um indivíduo.

E essa privacidade, querendo ou não é a maior impactada com os avanços tecnológicos que ocorreram no mundo, pelo menos nos últimos dez a quinze anos. E mesmo que já houvesse leis e regulamentações, somente com as polêmicas como Cambridge Analytica, é que vieram à tona questões relacionadas à privacidade de forma massiva e globalizada, dando mais ênfase e gravidade ao tema, concretizando-se em leis e regulamentações de proteção de dados. Para se ter uma ideia do quão recente é o tema, a lei da Europa, a GDPR é de 2018.


 A importância da privacidade

 “A tecnologia está evoluindo mais rápido do que a capacidade humana(Friedman, Colunista do The New York Times, em um evento na Amcham em São Paulo – Brasil).

Os avanços tecnológicos permitiram diversas oportunidades, além de beneficiar diversos aspectos da sociedade, onde o mercado está se voltando ao cliente, com produtos e serviços personalizados, tecnologias voltadas ao dia a dia, ferramentas, eletrônicos, assistentes pessoais etc. Mas para que tudo isso oferecesse um melhor conforto para o usuário, foram necessários diversos tipos de coletas e processamento de dados, nem todos de forma legal ou até mesmo respeitando a privacidade do usuário.

Os avanços que trouxeram a análise de dados em grandes proporções como o Big Data e Data Mining, auxiliaram no avanço e crescimento tecnológico de duas técnicas altamente difundidas no mercado atual como Machine Learning e Artificial Intelligence, que auxiliam a máquina a aprender e a pensar por si só, seja para tarefas em larga escala mas de funções simples ou, como no caso da própria inteligência artificial, pensar literalmente por si só, ajudando a identificar padrões, combinações, relações entre as informações, descobrir insights e informações, sobre produtos, usuários, pessoas, padrões comportamentais em massa, e assim por diante.

E o que esses pontos têm em comum é justamente o fato de antigamente, não ter uma regulação tão presente com relação a essa quantidade de dados sendo processada, quanto o risco à privacidade das pessoas, que tinham seus dados sendo utilizados e sequer sabiam onde estavam suas informações ou a forma como era feita.

Então, a importância da privacidade se dá com a regulamentação através de regulações, normas, políticas, manuais e procedimentos, processos e atividades, estabelecidas por órgãos supervisores ou por boa prática entre empresas, que já tem um aumento significativo, principalmente no mercado de trabalho, onde ainda há poucos profissionais competentes e formados para auxiliar o mercado a se reequilibrar.

E não só isso, os profissionais de privacidade e proteção de dados, são os que, assim como o designer de produtos, UX/UI, mais devem pensar no usuário/cliente final, respeitando-o como indivíduo e ajudando as empresas a utilizar a privacidade como arma competitiva do negócio.

 O que se ganha investindo na privacidade?

 ·        Maior credibilidade e confiança das partes interessadas, pois os clientes terão mais lealdade a empresas que garantirem a privacidade e demonstrarem que fazem isso;

·        Inovação em produtos mais atrativos e consistentes. Pois se for possível implementar as famosas “preferências de privacidade”, onde o usuário mesmo configura suas opções, é o caminho ideal para a inovação.

·        Maior espaço no mercado, é uma consequência de todo o investimento, inovação e credibilidade, onde os concorrentes, passarão a ver a organização muito mais forte e consistente no mercado.

·        Se houver uma governança de privacidade onde seja possível traçar métricas, estabelecer indicadores, principalmente de maturidade, isso ajudará no aprimoramento da capacidade do programa de privacidade de uma organização, se tornando muito mais sólida e inclusive, reduzindo riscos à organização e ao titular dos dados.

   Então, investir em privacidade não é somente adequar uma política de privacidade ou realizar um registro das operações de tratamento, ou somente apontar um Encarregado de Proteção de Dados e esperar que tudo aconteça num passe de mágica. A privacidade, assim como qualquer outro grande projeto, deve ser planejada, estruturada, além de ser viva e intrínseca nos processos da organização para que o investimento traga não só um retorno, mas uma maior solidez no mercado. E claro, deve ser uma governança apoiada inclusive pela alta diretoria.

Pensar na privacidade do usuário é sempre estar vários passos a frente, não só do usuário, mas da segurança e principalmente do mercado e indústria, em todos os seus aspectos.

 A privacidade, o Brasil e o Futuro

Por mais que o Brasil nunca tenha sido um país que se dedicou à privacidade e segurança dos usuários com tanto afinco quanto outros países, agora, de maneira torrencial, tem recebido uma enxurrada de demandas, instituições, associações com um número considerável de profissionais na área, não só pela Lei Geral de Proteção de Dados, mas vou até um pouco antes, quando ainda se falava na GDPR. Lógico, que o número hoje é muito maior e não preciso ir nem muito longe. Se eu pesquisar nesta mesma plataforma, por "Privacidade e Proteção de dados" com o filtro "Pessoas", veremos que o número é acima de 14 mil, sem mencionar aqueles que possuem o mesmo tema, escrito de outra forma no perfil.

A privacidade nunca foi o forte do brasileiro, isso é um fato. Nunca pensamos muito antes de agir, não trocamos senhas com frequência, às vezes deixamos 1 senha para 30 sites ou 1 mesma senha para 4 bancos diferentes, compartilhamos o cartão do vale refeição com os colegas para rateio de comida, já com a senha, entre muitas outras peripécias brasileiras que estamos acostumados. Mas é um problema? Não seria um problema se o ser humano não fosse tão criativo em fazer coisas erradas.

E como sempre, aprendemos sempre pela dor. Então, tenho que cair em algum golpe via aplicativos de comunicação/telefones/sms/email, tenho que ter dados vazados no mundo inteiro para pensar "Hei, espere um minuto, onde será que estão meus dados?", ou "Opa, peraí, esse site de mídia social de logo azul faz tudo isso com meu dado? Como assim?". E como não poderia dizer uma frase diferente, há males que vem para o bem.

A quantidade de vazamentos e ataques cibernéticos grandes em 2021 foi assustadora e mais ainda preocupante. Eu percebo que não só pela lei, mas justamente por situações assim, é que as pessoas tem tomado mais consciência deste tipo de situação e perigo, procurando até como evitar que isso aconteça.

Mas mesmo que estamos ainda trilhando rumo a era do "questionamento", o mercado carece de profissionais de privacidade que não só ajudem as organizações, claro, mas também ajudem aquelas pessoas que mal sabem o que é privacidade. Entendo que o ramo de privacidade tem crescido, mas ainda está muito "fechado". Há trabalhos importantes sendo realizados, mas entendo que há uma carência muito grande em disseminar conteúdos para pessoas que ou não tenham condição, seja por condição financeira ou simplesmente educação/conhecimento.

E eu lanço a provocação para todos os profissionais de privacidade, baseado em tudo o que abordei neste texto: Se a privacidade é tão importante, por que é seletiva e por que não ajudamos à todos? De todas as classes?

Agradeço imensamente à todos que tiveram o tempo e dedicação de ler o texto e claro, foi publicado para que todos possam acrescer suas opiniões e sugestões. A troca de experiências, ainda mais se construtiva, é o melhor caminho para encontrarmos soluções para grandes problemas.

Ivan R. - um eterno estudante.

Marcelo Ferreira

Diretor de Produtividade e Qualidade | Marcelo Ferreira Consultoria e Treinamentos -Diretor do Instituto CCA Cursos EAD

3 a

Show de bola!!! Parabéns!

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