Private Equity e Venture Capital: afinal qual a diferença?

Private Equity e Venture Capital: afinal qual a diferença?

Recentemente alguns alunos têm me questionado sobre as diferenças e semelhanças entre o Private Equity e o Venture Capital, já que ambos os veículos de investimento miram à aquisição de participação societária de uma companhia alvo. Em 5 tópicos vou tentar explicar a minha visão sobre estes dois veículos privados de investimento em ativos ilíquidos, tentando apontar suas diferenças e semelhanças.


1.     O que é Private Equity?

Primeiramente é fácil pontuar que tanto o Private Equity - PE quanto o Venture Capital - VC miram a aquisição de participação societária com o intuito de rentabilizar ativos financeiros mediante a injeção de recursos em empresas privadas. Neste universo é muito comum a utilização de fundos de investimento em participações para esta finalidade. O private equity é utilizado como veículo de investimento em empresas privadas, ou seja, aquelas que não possuem papeis negociados em mercados de balcão organizado.

 

2.     Como o Private Equity funciona?

 Via de regra o investimento via PE inicia com um investimento individual de investidor privado em uma determinada empresa, visando a aquisição de participação societária que lhe retornará rendimentos na forma de lucros, dividendos ou retorno sobre capital investido (ROIC)[1]. Tradicionalmente, as empresas alvo das operações de PE são empresas maduras e consolidadas, algumas financeiramente saudáveis, outras nem tanto, mas sempre serão empresas em estágios mais consolidados no mercado. Os investidores de PE, individualmente ou organizados em um pull de investimento, irão prover a sociedade investida de capital para alavancar seus resultados e retornar ao investidor(res) em crescimento do patrimônio investido; mediante distribuição de lucros e/ou dividendos ou mediante a alienação da participação societária para um terceiro adquirente. Além disto, investidores típicos de PE adquirem participação societária majoritária nas empresas investidas para tomar as rédeas da gestão, agregando a elas além do capital financeiro, o capital intelectual necessário para a aceleração do seu crescimento. Não é atoa que os investidores agregam na sociedade investida executivos de mercado experientes e qualificados para mudanças de impacto na gestão na busca de resultado. Não custa lembrar que quanto mais uma companhia gera resultados, mas fácil de ser vendida e é neste ponto que os investidores de PE mais focam.

 

3.     O que é Venture Capital?

Muitas vezes nos perguntamos o seguinte: já que o PE decorre de aquisição de participação societária, o venture capital não seria uma operação de private equity?  A RESPOSTA É NÃO, embora estas operações tenham algumas semelhanças. Ao passo que o investimento clássico em private equity visa uma aquisição relevante de participação acionaria de empresas consolidadas com potencial de crescimento, o investimento em venture capital mira na aquisição de uma participação minoritária de empresas em estágio inicial com altíssimo potencial de crescimento rápido. O foco do investidor em venture capital é identificar e selecionar empreendedores com potencial de retorno fora da curva. Seus principais atores são investidores individuais ou fundos de investimento de venture capital, aqui no Brasil chamados de FIP – Capital Semente.

 

4.     Como o Venture Capital funciona?

O investidor de venture capital, normalmente, aloca seus recursos na empresa investida em troca de participação societária minoritária ou que não tenha o intuito de aquisição do controle societário na sociedade alvo. Muito embora o investidor de VC não tenha o interesse em aquisição societária relevante, este investidor busca um protagonismo na gestão e no processo decisório, trazendo consigo expertise, acesso a grandes players de mercado, executivos estratégicos e contatos chaves na indústria de VC. Todo este contexto no glossário atual é chamado de smart money[2] que, aliado ao recurso financeiro, é um dos focos mais procurados pelas empresas em estágio inicial com altíssimo potencial de crescimento rápido. A sociedade investida usará todo este pacote financeiro-informacional-estratégico para seu lançamento ou crescimento exponencial. É claro que as operações de VC atraem mais risco de prejuízo para o investidor, haja vista que as empresas investidas ainda não estão consolidadas em seus mercados ou até mesmo sequer ingressaram de fato neles. Contudo, o ganho dos investidores nestas operações pode ser exponencial, uma vez que o rápido crescimento da empresa poderá chamar a atenção de outros investidores maiores ou, até mesmo, tornar a companhia pública no mercado de balcão organizado (bolsa).

 

5.     Afinal, a qual a diferença?

Vimos que em um primeiro momento o private equity e o venture capital tomam o mesmo ponto de partida: aquisição de participação societária. Ambos injetam recursos financeiros em empresas para obter bons retornos sobre o capital investidos. Além disto, os investidores de PE e VC, embora desenvolvedores de teses distintas, normalmente possuem o mesmo perfil, sendo os mais comuns deles os fundos de investimento em participações – FIP. Tratando das suas diferenças, fica claro que o private equity ira mirar em empresas estabelecida, estagnadas ou com necessidades financeiras imediatas, como retorno o investidor aguarda um retorno sobre o capital investido ou a possibilidade de realizar a abertura de capital da empresa. Por outro lado, o venture capital, ingressa em empresas voláteis, não consolidadas ou até mesmo embrionárias. Por fim, a maior diferença está no aspecto financeiro de cada modelo, haja vista que o investidor de PE ingressa com volumes financeiros maiores e muitas vezes de uma só vez, enquanto o investidor de VC ingressa com os recursos em ondas, alocando seu risco nos estágios de crescimento da empresa investida.


[1] O Return on Investement capital – ROIC ou Retorno sobre o Capital Investido, é o retorno que uma empresa é capaz de oferecer aos seus acionistas em relação ao capital que foi investido em suas operações. Além disto, é uma métrica muito reconhecida para avaliar o desempenho de uma empresa frente a sua gestão. O ROIC é facilmente calculado pelos dados presentes nas demonstrações financeiras da empresa, como balanço patrimonial e a DRE. Para calcular o ROIC é necessário encontrar o NOPAT, que consiste no EBIT menos o valor dos dividendos apurados no período, este produto deverá ser dividido pelo capital investido, chegando-se assim ao ROIC.

[2] Smart Money é um termo utilizado no universo dos negócios de investimento para descrever investidores e processos de investimentos que vão além do dinheiro. Processos que vem acoplados a experiencia de mercado, apoio estratégico e acesso ao que há de melhor no mundo dos negócios, sem necessariamente a sociedade investida abrir mão do controle societário.

Bacana a explicação. Abraço,

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