Produtividade inteligente: antes feito que perfeito

Antes de começarmos esse texto, gostaria de propor uma reflexão: hoje você se considera uma pessoa “viciada” em informação?

Querer dominar novas tecnologias, ler cada vez mais, acompanhar os noticiários e ainda estar por dentro da vida de amigos, familiares e até dos famosos, não é errado, na verdade faz parte da dinâmica moderna. O problema é quando toda essa enxurrada de informações vem acompanhada de uma sensação de mal-estar, ansiedade, paralisação e culpa.

Falar sobre isso logo no início desse artigo é importante para contextualizar a forma como produzimos e também porque o assunto tem sido objeto de vários estudos, inclusive do físico espanhol, Alfons Cornellá, que até criou um neologismo para designar o lado nocivo desse bombardeio de informações, a INFOXICAÇÃO. 

Estar sempre informado faz parte da nossa realidade, mas será que é saudável e realmente nos deixa mais produtivos?

Um estudo realizado por especialistas da Universidade de Berna em 2012 diz que não! Segundo a publicação, o ser humano tem a capacidade máxima de ler 350 páginas por dia, porém o volume de informações que recebemos diariamente seja por meio das redes sociais ou de revistas, jornais, rádio e televisão é de aproximadamente 7.355 gigas, o que somaria bilhões de livros. 

Abrindo um parêntese aqui, como alguns de vocês sabem, trabalho ativamente com internet, produção de conteúdo digital e por isso estou sempre conectada, mas confesso que muitas vezes sinto dificuldade de concentração, perco facilmente o foco e tenho a constante sensação de sempre estar perdendo algo.

Além disso, percebo uma grande movimentação no que diz respeito à pouca valorização do aprendizado, uma vez que sempre tem algo novo a ser aprendido e o "antigo" perde a importância, assim como uma dicotomia entre mudança e evolução, em que basicamente mudança prevê o descarte do que já foi feito, enquanto a evolução considera os pontos positivos e agrega novidades para buscar melhores resultados.

Você também costuma ter essas sensações e percepções, que estão especialmente relacionadas ao excesso de informação? Será que temos evoluído ou apenas mudado?

O ócio é produtivo

Com base em tudo que tem sido analisado e estudado e nas experiências do dia a dia, além dos impactos psicológicos, quando não limitamos as informações que chegam até nós, é bem possível que a nossa produtividade seja significativamente reduzida, afinal, existe o termo ócio criativo e ele não foi criado à toa!

Ao pesquisar referências para escrever esse conteúdo para vocês, me deparei com a seguinte informação: a palavra ócio tem origem no grego arcaico, scholé que, no latim, se tornou a palavra escola, ou seja, o tempo livre é precioso para assimilar, aprender e solidificar qualquer informação. O próprio Aristóteles afirmava que o ócio é o princípio de todas as coisas, uma vez que ele se volta para alcançar o fim supremo do homem, que é a felicidade!

Portanto, se desconectar às vezes, filtrar as informações que chegam até você e, principalmente, ter momentos ociosos, são formas de expandir a consciência. Desta forma, esse tempo livre e, muitas vezes de contemplação, deve ser encarado como produtivo. 

Impulsionando a produtividade

Já que estamos falando de produtividade, também gostaria de dividir com vocês nesse texto a experiência da minha colega  Lígia Vacilotto - RP e Gerente de Projetos, que recentemente fez um curso chamado Produtividade Inteligente. 

Ela conta que  gerenciar o tempo, identificar falhas e pontos em que é possível melhorar são tarefas intuitivas, mas que muitas vezes não realizamos, portanto foi um assunto bastante discutido neste curso, assim como a importância da saúde mental, principalmente pós-pandemia, que foi um período para muitos marcado pela sobrecarga do home office e da (auto)cobrança por produtividade. 

E por falar em home office, ela relata que tanto no modelo de trabalho em casa, quanto no híbrido ou presencial, a produtividade muda. “O híbrido, para mim, é um dos melhores modelos de trabalho hoje, porque eu preciso desse contato e porque eu gosto de estar com as pessoas. Em contrapartida, quando preciso de concentração, o home é o ideal. Já no 100% presencial perdemos tempo no deslocamento e ficamos mais vulneráveis à dispersão”.

Nesta vivência, a gerente de projetos explica que pôde exercer um olhar mais apurado sobre saber dividir o seu tempo, ter aquela pausa para o café e também para espairecer. Para ajudar a colocar em prática tudo isso e focar na produtividade, foi sugerida a Técnica Pomodoro.

10 insights que te ajudarão a ser mais produtivo

Juntando os aprendizados que reuniu após realizar o curso Produtividade Inteligente e suas próprias experiências, Ligia listou 10 insights que ajudam (e muito) a manter o foco e ser mais produtivo. Ela dividiu essas dicas com a gente! A seguir você pode conferir:

1. Diferencie performance de produtividade, pois performance é fazer algo bem feito e produtividade é fazer mais vezes algo.
2. Pergunte-se sempre: 

·       “O que eu tenho que fazer HOJE?”

·       “O que eu preciso fazer, mas NÃO PRECISA ser hoje?”

·       “O que eu posso delegar ou pedir ajuda?”

3. Planeje-se e antecipe-se, pois imprevistos acontecem o tempo todo e o Plano B não é vilão e sim parte do Plano A.

4. Saiba qual é o seu Objetivo e divida ele em pelo menos duas metas. Subdivida essas metas em ações e coloque parâmetros que te ajudem a visualizar o desempenho.

5. Seja positivo, amigável e empático. Não é errado você ter uma rede de apoio para conseguir alcançar seus objetivos, afinal, todo relacionamento é uma troca.

6. Pare de se preocupar com comparações e em ter uma agenda lotada.

7. Reconheça os ladrões de tempo que são: não saber dizer NÃO e a falta de informação.

8. Controle os alugadores de tempo: ligações e notificações de mensagem que atrapalham o raciocínio e visitas inesperadas.

9. Questione mais, seja criativo, pense no problema e crie respostas. Trate o questionamento como um mosaico e não como um quebra-cabeça completo.

10. Você não será produtivo se não tiver o sono em dia e uma alimentação adequada, descansar e praticar uma atividade física. 

Para finalizar nossa conversa, perguntei a Ligia quais avanços ela já tinha notado na rotina após esse curso e ela foi categórica em dizer que, embora seja recente, algumas coisas já estão sendo colocadas em prática, como ter o tempo de pausa para fazer um lanche, por exemplo. 

“Outra coisa que aprendi é a não enxergar o Plano B como um vilão, mas pensar que ele está alinhado ao Plano A e pode ser um caminho para o objetivo final. Talvez ele não seja o desvio e sim um atalho”, conclui.

Agora quero saber: como você está gerenciando seu tempo, sendo produtivo e cuidando da sua saúde mental em meio a tanta informação e à rotina? Acha que essas dicas podem te ajudar a melhorar sua produtividade? Se sim, compartilhe com outras pessoas!