Prompt Engineering: a profissão mais breve da História?
Da série Fast food for thought - Insights sobre tecnologia e sociedade, rapidamente passados na frigideira e servidos por volta da hora do almoço.
“Prompt Engineering” está cotada para ficar como a profissão de existência mais breve da História.
De março para cá, nossos agregadores de notícias (eu adoro o Flipboard) foram tomados de assalto por conteúdos como “Ganhe USD 1.000 por mês escrevendo prompts” e “AI faz surgir uma nova profissão”. Bem. No início do mês, travei contato com duas ferramentas que estragam um pouco essa festa. O Perfect Prompt é um plugin para o ChatGPT que aprimora prompts de texto, na própria ferramenta; o Photorealistic é focado em prompts para as IA geradoras de arte gráfica, com realismo fotográfico – o nome diz tudo. As imagens desse post foram geradas no MidJourney, com prompts do Photorealistic.
A técnica de bons prompts realmente tende a ser importante, e alguém vai precisar gastar ponta de dedo com isso. Mas a tal profissão do futuro, se é que vai para a frente, terá contornos bem diferentes dos apregoados pelas notícias alvissareiras.
Vida curta: outros exemplos do cotidiano
Profissões nascem e morrem em algumas semanas, é isso mesmo? Atordoante, chega a arder a pele. Tenho outro exemplo: sempre faço minhas experiências com open source (LLM são minha praia) nos finais de semana (depois da praia, nos mais afortunados deles). Isso significa que acesso tutoriais publicados há dois ou três dias, pelo menos. Já é o bastante para que estejam desatualizados. Estimo que em três de cada cinco casos eu tenha que improvisar, porque a versão do software indicada no tutorial já foi ampliada, transformada.
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Isso é meio desesperador, mas muito interessante. Inúmeros temas que me instigam, misturados. A linguagem natural desmonta toda a lógica de difusão tecnológica. Codeless é o novo normal, e isso tende a alavancar loucamente automação e invenção. Aprendizado, em termos individuais – o desafio pode passar de manter-se aprendendo a um estado mais delicado, complexo: o de manter-se aprendendo o que não se tornará letra morta muito brevemente. Cultura automaticamente gerada. Retroalimentação cultural. Camadas de automação. Enfim, a ideia desses posts da hora do almoço é essa. Food for thought.
E acabo de me lembrar de outra.
Nesta segunda passada, dia 22, comecei um curso, para iniciantes e de curta duração, sobre Data Analytics. Nas minhas brincadeiras com LLMs, está me fazendo falta conhecimento técnico sobre preparação, processamento e análise de dados. Sem pretensões científicas. Só preciso conseguir abrir o capô das bases de dados e me encontrar, minimamente. Fiz as primeiras aulas e gostei.
No dia seguinte, dia 23, a Microsoft anunciou, em seu evento anual para desenvolvedores, o lançamento da plataforma Fabric.
C’mon, guys... No dia seguinte? Crueldade.
Segundo o The Verge: “Microsoft Fabric is a data analytics platform. It’s probably one of the biggest data product announcements from the software giant since SQL server.” Estará integrado na suíte ou ecossistema dos Copilots. User-friendly. Codeless. Irritado, nem fui procurar mais informação. Mas tenho certeza de que terá, em essência, a ideia de entregar a um usuário comum os meios para se chegar a um resultado profissional ou bem perto disso.
A distância entre leigos e técnicos segue sendo comprimida. O tempo tecnológico está passando de exponencial a limítrofe. Estou organizando minhas ideias a respeito, inclusive para a continuação (ou completa revisão, eu me permito esse tipo de coisa) de um artigo antigo, sobre tempo tecnológico. Vou retomar o assunto no sábado, assim que tiver dado um bom mergulho e após uma sessão de testes de open source e vídeos no YouTube. Vídeos que terão pinta de último grito da moda, mas que poderão, não duvido, trazer também aquele buquê discreto de naftalina – novidade-vestígio, relíquia de última geração, as últimas e precisas instruções para uma tecnologia já bem distante, e há muito tempo esquecida.
Gestão em Comunicação, Educação, Publishing, Projetos, Transformação Digital, Marketing, Pessoas, Inovação e Impacto Social
1 aUma evidência de que precisamos nos tornar lifelong learners com um skill a mais: saber identificar que conhecimentos são mais relevantes e apresentam algum grau de perenidade. Obrigada por compartilhar essa reflexão, Marcelo K..
Gerente Sr de Sites e Martech na YDUQS
1 aExcelente artigo, Kanhan! Pessoal adora trabalhar com o conceito de caos/escassez, já fazem uma tempestade de profissões que vão acabar e novas que vão surgir para vender "cursos" sobre para pegar o hype. Em relação a velocidade de atualização desses temas de tecnologia, realmente é insana, os artigos que salvo para ver, ficam ultrapassados rapidamente. Ansiosa parar ver os outros conteúdos, parabéns pelo material!