Pronto para superar a próxima crise?
Desde o início da Pandemia, acompanhei dezenas de empresários de diferentes segmentos, de todas as regiões do país. Verifiquei de perto duas formas de enfrentar esse momento tão peculiar.
1) Empresas que optaram por inovar de forma extrema. Mudaram seu foco, seus produtos, sua comunicação, seu posicionamento, por estarem atentas às novas demandas de mercado e às dores de seus clientes.
2) Empresas que conseguiram agregar ainda mais valor ao que já faziam muito bem. E em meio à Pandemia, tiveram os melhores resultados dos últimos anos, contribuindo inclusive com a sobrevivência e crescimento de outras empresas que foram influenciadas pelo seu posicionamento assertivo.
Sabemos que independentemente da proporção de uma crise, só sobrevive e cresce num cenário tão adverso como esse que o COVID 19 causou a nível global, quem está preparado.
Para empresários e executivos que já haviam enfrentado outras crises graves e já tinham desenvolvido um bom grau de resiliência, foi mais tranquilo. Assim como foi para os que, durante o período em que tudo estava indo bem, adquiriram os conhecimentos necessários para se adequar às mudanças que o mercado e a vida lhes exigiu.
Crises vem e vão, isso não é novidade. Empresários e líderes com alguma experiência já viveram outras crises e sabem que essa não será a última. Há alguns prognósticos que anunciam que o pior ainda está por vir. E se isso acontecer, como estamos nos preparando?
Recentemente, li um artigo da Gallup, que apresentava uma pesquisa revelando que 62% dos empregadores dos Estados Unidos não estão confiantes com relação ao futuro financeiro de suas empresas.
Entre as empresas que acompanhei e continuo acompanhando, algumas estratégias que elaboramos juntos foram essenciais para o bom desempenho:
1) Melhorar a comunicação com a equipe- Em vários casos conseguimos um engajamento acima da média até então. E um dos fatores para esse resultado, foi a conscientização de que todos estavam em risco, e precisavam remar juntos e no mesmo ritmo para enfrentar essas águas revoltas.
2) Observar como poderiam oferecer produtos, serviços e experiências ainda melhores para seus clientes, atentos às novas necessidades.
3) Negociar com fornecedores com foco na sustentabilidade de todos os envolvidos. Estive ao lado de exemplos lindos que envolviam negociações cuidadosas e construtivas para ambos os lados. Como quando um fornecedor estava em situação de desespero, acreditando que seu negócio não sobreviveria, e por manter o foco na qualidade da entrega após alguns meses estava contratando mais pessoas para atender as demandas de trabalho no auge da Pandemia.
4) Olhar com clareza a situação financeira para utilizar com sabedoria os recursos oferecidos pelo governo.
Minha experiência prática foi validada pelo estudo da Gallup, que percebeu que há 4 áreas em que os líderes devem se concentrar para preencher a lacuna da confiança com relação ao futuro e desenvolver a resiliência para que suas organizações e equipes estejam preparadas para enfrentar os próximos desafios:
1) Reimaginar a experiência do cliente
2) Refrescar a liderança
3) Remodelar a Cultura
4) Reanimar a força de trabalho
Um foco intenso na experiência do cliente é fundamental. Para isso,mais do que nunca é essencial estar atento às mudanças de comportamento e às novas necessidades de consumo.
Somente empresas que conseguem prever as novas demandas e se adaptar de forma ágil, serão capazes de estimular o fluxo de caixa necessário para períodos de adversidade.
Em cenário de alto risco, como os que estamos vivendo, somente quem conhece profundamente seu cliente, será capaz de impulsionar a lealdade e o lucro de longo prazo.
E o desafio aqui é que gestores e líderes precisam fazer isso sem comprometer a consistência da marca.
Há algum tempo, antes mesmo da pandemia foi publicado um artigo na Harvard Business Review que falava sobre a necessidade de líderes pensarem nas capacidades e deficiências de suas empresas com o mesmo cuidado que pensam nas habilidades dos membros de suas equipes.
Quanto mais clareza com relação a capacidade central de uma empresa, mais fácil compreender que tipo de mudança a organização será capaz de suportar, diante de novos desafios.
Ao pensar em inovações disruptivas num cenário de crise, 3 fatores precisam ser analisados:
1) Recursos
Você consegue manter a operação atual, enquanto investe em inovação?
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Ou é necessário realocar recursos?
Precisamos criar novos canais para atender nossos clientes?
Como está a ergonomia e a gestão do tempo em época de trabalhos remotos?
Por quanto tempo mantemos a operação,se o pior acontecer?
Quais serão os indicadores que nos darão clareza de que precisamos ter estômago para tomar decisões cruciais?
2) Processos:
Os processos de tomada de decisão atuais, permitem autonomia para decisões disruptivas? Esses processos menos visíveis, que envolvem tomada de decisão são essenciais para a agilidade que uma crise demanda. Por isso é tão importante ter comissões de gestão de crise, com reuniões estratégicas para avaliar em tempo hábil o que está acontecendo externamente para que as decisões internas tenham a velocidade que o momento exige.
Como podemos acelerar a velocidade das inovações para atender as necessidades de mercado?
Como acontece a comunicação entre os envolvidos para transformar os recursos em entregas de valor?
É natural que uma equipe que desempenhava muito bem um processo até então, no momento de inovação o desempenho diminua. Como vamos evitar a ineficiência em momentos de disrupção?
3) Valores
Que valores precisamos incluir ou alterar no momento de transformação?
Podemos aceitar uma margem de lucro mais baixa, para lançar um novo produto?
Temos agilidade , adaptabilidade e prontidão para oferecer a experiência que nosso cliente deseja?
Momentos como esse são excelentes oportunidades para reformular e fortalecer uma cultura de engajamento num trabalho significativo e de grande valor social.
Minha experiência com clientes que perceberam a importância de seus segmentos para a sociedade,no momento mais grave da pandemia, elevou a autoestima da equipe,o senso de dono e a autoresponsabilidade com a realização do trabalho.
Arrisco pensar que após o COVID 19 o indicador de engajamento que verifica a conexão com a missão e o propósito da empresa tenha aumentado entre as pessoas que mantiveram seus empregos. Excelentes gestores sabem que é essencial esse alinhamento com a Cultura Organizacional em empresas que desejam estar com suas equipes preparadas para superar períodos de crise.
4) Liderança:
Quem serão as pessoas que tocarão os projetos de inovação?
Temos pessoal capacitado para compreender e atender as novas demandas?
Os líderes estão conseguindo gerenciar suas próprias emoções para conseguir inspirar o time a realizar as mudanças necessárias?
Normalmente se espera muito de líderes e se cuida pouco deles. Há espaços para que seus medos e ansiedades sejam ouvidos?
Como as vulnerabilidades de líderes e liderados são recebidas e tratadas?
Há investimento no autodesenvolvimento das pessoas que exercem papéis tão importantes para que eles possam continuar se sentindo desafiados,em flow? Ou estão a beira do esgotamento?
Líderes que inspiram , motivam, mantém o time engajado também precisam ser cuidados,ouvidos e desenvolvidos em suas necessidades. Só com eles estaremos prontos para enfrentar novos desafios. E num cenário de crise precisamos olhar para quem está conduzindo os times, para que empresas não sejam surpreendidas por Burnouts em áreas estratégicas. Oferecer à liderança a oportunidade de fazer um processo de Coaching, onde um líder possa apresentar suas dificuldades para encontrar caminhos em ambiente seguro, e receber feedbacks de alguém neutro faz toda a diferença.
Mais do que nunca precisamos cuidar das pessoas que ocupam cargos estratégicos! E se você ,que está lendo esse artigo, é a pessoa que ocupa esse lugar, lembre-se de se olhar também para poder continuar contribuindo e fazendo a diferença pelo seu impacto positivo nos rumos da organização e no relacionamento com o seu time por muito tempo, independente do cenário que se apresente.
Ajudo coaches, consultores, mentores e pequenos empresários. Juntos, criamos sistemas de vendas inteligentes. Diariamente, geramos potenciais clientes qualificados. Tudo isso com menos esforço e mais previsibilidade.
2 aExcelente, Izabel :)
Mentora de Negócios| Especialista em Cultura Organizacional |Business Coach | Coach de Pontos Fortes | Gallup Certified Strengths Coach
4 aExcelente artigo!
ADVOGADO EMPRESARIAL E TRIBUTÁRIO
4 aÓtimo artigo. Izabel Mattos é uma consultora que está sempre trazendo assuntos relevantes para o mundo dos empreendedores. Parabéns.