Proposta para redução da violência

Há algum tempo, em um almoço com amigos, entramos em uma discussão onde chegamos à conclusão que a civilização perdeu a guerra para as drogas e, com ela, qualquer controle efetivo sobre a violência. Em Minas Gerais, por exemplo, entre janeiro e setembro de 2019, apesar de uma queda considerável, uma pessoa era assaltada a cada 10 minutos (fonte: Jornal O Tempo).

Vez ou outra, esse assunto me vem à cabeça. Com background profissional na área de sistemas de gestão, aprendi que precisamos sempre pensar em (pelo menos) uma solução para os problemas. Então, resolvi me arriscar nessa publicação juntando 3 temas que gosto muito: #gestão de #riscos, #segurança e #inovação.

Minha proposta para reduzir com a violência trazida pelo tráfico de drogas: ACABAR COM DINHEIRO DE PAPEL. Pode parecer uma solução anticapitalista, mas não é esse o ponto. Não é acabar com riquezas. É acabar com notas e moedinhas.

E isso nem é uma novidade, apesar de, não necessariamente, estar sendo proposta para esse fim. A Suécia, por exemplo, já tem o assunto em andamento com uma previsão otimista de concluir essa ação por volta de 2025. O próprio Brasil já teve projeto de lei apresentado em 2015 para discutir o assunto, mas não avançou muito.

E por que eu acho que isso é uma boa solução? Ora, quando uma pessoa assalta outra, está interessada no dinheiro que pode conseguir (diretamente com as notas tomadas da carteira ou com a venda dos bens subtraídos das vítimas). Sem dinheiro vivo disponível, a transação tem que ser por escambo ou por meio de uma transação eletrônica.

Imaginem que você tenha o celular roubado por uma pessoa que quer comprar drogas. Pode até ser que consiga trocar a droga pelo telefone. Mas e o traficante? Se o celular for melhor que o seu atual, ele pode passar a usá-lo. Mas e quando chegar um outro celular igual ou inferior? Vai trocar com quem? No curto prazo, até pode ser que funcione. No longo prazo, pouca chance.

A segunda opção é realizar compras de drogas por transferência bancária, o que (como se pode imaginar) cria rastros e a justiça pode quebrar sigilos necessários nas investigações.

Como estudante e entusiasta de gestão de riscos, pensei em efeitos colaterais positivos e negativos dessa proposta. Alguns exemplos de efeitos positivos:

  • Não tem mais propina em dinheiro para corruptos, como políticos, fiscais, policiais...
  • Não há muita razão para haver assaltos (pelo menos, não no longo prazo).
  • Todas as transações são eletrônicas, podendo ser rastreáveis.
  • Acabariam as explosões de caixas eletrônicos.
  • Sonegação de impostos seria muito mais dificultada para empresas e os governos passariam a arrecadar melhor.

Agora, para os efeitos negativos que identifiquei, pensei em algumas propostas para mitigação:

  • Com o fim do dinheiro, as compras passariam a ser necessárias por cartão. Os estabelecimentos comerciais, normalmente, são cobrados por taxas a cada transação, que acaba caracterizando uma margem para o risco de calotes e inadimplência para a operadora do cartão. Além disso, os atuais descontos para pagamento em dinheiro seriam finalizados.

- Proposta de mitigação: os bancos poderiam ter as suas próprias máquinas, incorporadas às tarifas atuais das contas empresariais. Algo do tipo “traga a conta do seu empreendimento para o meu banco que te dou uma máquina sem cobrança de taxas”. Pode ser uma boa mudança de #paradigma nesse ramo que já vem sendo bastante sacudido.

  • Ter dinheiro físico é uma questão cultural. As pessoas estão acostumadas com ter dinheiro no bolso. Pesquisa realizada em 2019 indicava que um terço dos brasileiros não possuía contas em bancos. Alguns mais conservadores deixam o dinheiro em casa, “debaixo do colchão”. Ainda há as crianças e os adolescentes que deverão ter acesso a contas bancárias e/ou contas virtuais.

- Proposta de mitigação: a mudança não pode ser feita de uma hora para outra e, obviamente, será necessária uma grande campanha para educação e conscientização. Outra solução é criar uma série de regras para limitar abusos das instituições financeiras. Com as #fintechs bombando por aí, vão surgir boas opções seguras e honestas para guardar o dinheiro.

Só tem um efeito colateral negativo que não consegui uma proposta boa (mas que também é uma questão cultural). Uma das vezes que pensei nessa proposta de texto, um dente de uma das minhas filhas caiu. Aí veio a questão: como fazer para a Fada do Dente deixar um dinheiro debaixo do travesseiro? Isso não vai dar para passar na maquininha de cartão, nem fazer transação bancária... rs


E aí? O que acha da ideia? Tem potencial para dar certo? Contribua com outros efeitos colaterais (positivos e negativos) e com propostas de mitigação.

Vitor Werneck

Aumento a performance da sua empresa através dos dados.

1 a

👏👏 Boa Vladimir!

Thalitta Sotte

Psicóloga | HR Manager | Estratégia para Negócios

4 a

Vladimir, ótima reflexão! 👏🏻

Douglas Cypriano

Gerente de Operação de Trens - MRS Logística

4 a

Grande Vladi! Curti demais! Como sempre inovador e fomentando reflexões interessantes. Você acha as moedas virtuais entrariam em algum momento como solução a médio prazo? Parabéns pelo texto!!!

Bruna Dias Montenegro

Analista de assistência técnica na GE Transportation, a Wabtec company

4 a

Eu gostei da ideia, até porque quem não comete crime, não tem pelo que temer. É possível e até razoável que as pessoas não queiram que suas transações sejam seguidas pelo governo, mas ao invés de ter o nome real do usuário, poderia ser criado um código de identificação para cada pessoa. E caso essa pessoa venha se envolver em alguma atividade ilegal, a identidade seria revelada. Quanto a fada do dente, ela terá que se adaptar, a regra é clara “ou se adapta ou morre”.

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