Protocolo BGP
O Border Gateway Protocol (BGP) é um dos protocolos mais críticos para a operação da internet. Ele é utilizado para o roteamento de dados entre sistemas autônomos (AS) que compõem a infraestrutura global. O BGP é um protocolo de roteamento de camada 4 que opera sobre TCP (porta 179) e permite que redes independentes (AS) troquem informações sobre como alcançar diferentes blocos de endereços IP. Ele é essencial para garantir que os pacotes de dados possam ser entregues do remetente ao destinatário, mesmo em redes complexas e distribuídas.
O BGP é classificado em dois tipos principais:
- EBGP (External BGP): Usado para troca de informações entre diferentes sistemas autônomos.
- IBGP (Internal BGP): Utilizado para roteamento dentro de um mesmo sistema autônomo.
O BGP estabelece sessões entre roteadores chamados "peers". Esses roteadores trocam tabelas de roteamento que incluem:
- Prefíxos de rede (blocos de endereços IP)
- Métricas e atributos (como AS_PATH e NEXT_HOP)
O protocolo não toma decisões de roteamento baseadas apenas na menor distância ou custo, como outros protocolos. Ele permite maior controle por meio de políticas que definem quais rotas aceitar, anunciar ou priorizar. Por exemplo, uma rede pode preferir uma rota mais longa, mas mais barata, em vez da mais curta e cara.
O BPG é usado para:
- Interconexão de Provedores de Serviço de Internet (ISPs): O BGP conecta ISPs globais, formando a "coluna vertebral" da internet.
- Roteamento Multihomed: Empresas com múltiplos links de internet utilizam BGP para garantir redundância e balanceamento de carga.
- CDNs e Cloud Providers: Provedores como AWS e Akamai usam BGP para otimizar a entrega de conteúdo e serviços.
Apesar de sua importância, o BGP apresenta vulnerabilidades que podem causar grandes problemas na internet:
- Hijacking de Rota: Um AS pode anunciar rotas que não pertencem a ele, desviando tráfego de forma maliciosa ou acidental. Por exemplo, em 2008 o YouTube foi temporariamente derrubado devido a um anúncio incorreto de rota pelo Paquistão.
- Falsificação de Atualizações: Sem autenticação robusta, um ator malicioso pode manipular anúncios de rota.
- Ataques de Saturação: Utilizando sessões BGP, um atacante pode sobrecarregar os roteadores com atualizações excessivas.
Para mitigar os riscos, várias práticas e tecnologias estão em uso:
- RPKI (Resource Public Key Infrastructure): Valida a origem dos anúncios BGP.
- Filtragem de Rota: ISPs implementam filtros para evitar anúncios inválidos.
- Monitoramento Ativo: Ferramentas como BGPMon ajudam a detectar anomalias.
Podemos concluir que o BGP é fundamental para a internet moderna, mas sua complexidade e falta de segurança intrínseca exigem atenção constante. Com o crescimento da dependência de serviços digitais, a importância de proteger e otimizar o BGP só aumenta. Administradores de rede e engenheiros de sistemas devem garantir sua implementação adequada, balanceando eficiência e segurança.
Por hoje é isso. Valeu.