Psicologia Clínica
Entre as várias áreas da ciência psicológica a mais conhecida pelo senso comum é a psicologia clínica. Muitos ainda associam a imagem do psicólogo somente ao modelo tradicional de terapeuta clínico. Aquele que escuta e faz pontuações. Não há como negar que alguns conceitos são pertinentes à prática clinica, tais como; a escuta, a subjetividade, o sofrimento psíquico, a aceitação incondicional, o comportamento.
A clínica em psicologia é um espaço criado para atender o outro em sua singularidade: ouvi-lo, orientá-lo, apontar caminhos a fim de proporcionar alívio emocional, autoconhecimento, ajustamento, adaptação, etc. O psicólogo é esse profissional mediador que propicia o encontro do sujeito consigo mesmo a partir da fala.
A partir dos estudos, é possível dizer o que é a psicologia clínica, o que ela abrange e como faz o seu trabalho. No entanto, sabe-se muito pouco sobre aquilo que ela não é; assim torna-se um assunto delicado tendo em vista o grande número de posturas metodológicas frente ao objeto de estudo que se encontra sempre em interminável oposição.
É oportuno esclarecer que toda a amplitude da clínica está direcionada a atender às diversas demandas, bem como, diversos públicos: crianças, adolescentes, adultos, idosos, visando ajudar na recuperação do sujeito em sofrimento psíquico, na reestruturação de seu bem estar biopsicossocial e, sobretudo, na promoção da saúde e da Qualidade de Vida.
Origens da Psicologia Clínica
A história da psicologia clínica remonta desde o final do século XIX, o termo psicologia clínica foi usado pela primeira vez pelo americano Lightner Witmer. Ele fundou a primeira clínica de psicologia na Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos em que eram tratadas algumas crianças com queixas escolares.
A clínica psicológica tem suas raízes no modelo médico, ou seja, cabe ao profissional observar e compreender para, posteriormente, intervir, isto é, remediar, tratar, curar. Tratava-se, portanto, de uma prática higienista. Dessa maneira, a clínica psicológica esteve, por um bom tempo, distante das questões sociais.
De início a clínica psicológica caracterizou-se por um sistema de atenção voltada ao indivíduo, esse atendimento esteve vinculado ao modelo médico, sobretudo, na década de 30 com a evolução do psicodiagnóstico.
A concepção clássica de psicologia clínica afirma ser esta uma disciplina que tem como preocupação o ajustamento psicológico do indivíduo e como princípios o psicodiagnóstico, a terapia individual ou grupal exercida de forma autônoma em consultório particular sob o enfoque intraindividual com ênfase nos processos psicológicos e centrado numa relação dual na qual o indivíduo é percebido como alguém a-histórico e abstrato.
Nessa época existia uma preocupação em caracterizar o sujeito, uma espécie de rotulação, o que era necessário apontar algum tipo de patologia no individuo. Nesse sentido, aspectos como a história de vida, a escuta qualificada e outras técnicas não eram levadas em consideração.
O que é Psicologia Clínica?
A psicologia clínica é a parte da psicologia que se ocupa em estudar transtornos mentais e suas manifestações psíquicas. Essa área inclui prevenção, promoção, psicopatologia, psicoterapia, aconselhamento, avaliação, diagnóstico, encaminhamentos, dentre outros.
Entende-se que a psicologia clínica se distingue das demais áreas psicológicas muito mais por uma maneira de pensar e atuar, do que pelos problemas que trata. O comportamento, a personalidade, as normas de ação e seus desvios, as relações interpessoais, os processos grupais, evolutivos e de aprendizagem, são objeto de estudo não só de muitos campos da psicologia como também das ciências humanas em geral.
A psicologia clínica deve considerar-se uma atividade prática e em simultâneo, um conjunto de teorias e métodos. Pode ser definida como a sub-disciplina da psicologia que tem como objetivo o estudo, a avaliação, o diagnóstico, a ajuda e o tratamento do sofrimento psíquico, qualquer que seja a causa subjacente.
Habitualmente, o que diferencia a psicologia clínica das outras áreas de atuação do psicólogo, é, sobretudo, por ser uma prática que consiste numa observação individual e singular: a escuta clínica. É um espaço em que o paciente/cliente se apoia para expressar seus conflitos, medos, inquietações e sofrimentos a fim de buscar alívio emocional. É a prática psicoterápica, propriamente, dita.
Clínica Atual
A configuração contemporânea trouxe um lugar para a Psicologia Clínica, um lugar em que o psicólogo se coloca numa postura de escuta do excluído, daquele que não tem um direcionamento efetivo e que procura o auxílio desse profissional. Este é o contrato psicoterápico...
A psicoterapia constitui-se, então, em uma técnica moderna, em que o desvelamento se dá ao modo do desafio. O eu do homem também é tomado como um recurso a ser explorado, no sentido de tornar-se produtivo, bem-sucedido.
Neste aspecto, a psicoterapia pauta-se numa perspectiva clínica, positivista, romântica, subjetivista, que consiste na organização de técnicas e estratégias cujos resultados visam à produtividade, à adequação com a exigência da publicidade, do impessoal, ao desenvolvimento no sentido do socialmente aprovável.
A psicoterapia, deste modo, pauta-se na extração dos recursos de que o homem dispõe para atingir o sucesso socialmente determinado como tal, e é estruturada como utilidade prática.
O que se define como psicologia clínica na atualidade está vinculada à sua história e surgimento, porém, com algumas especificidades. No que tange à compreensão dos problemas do homem, do seu bem-estar, busca-se uma não patologização, pautando-se em um acolhimento e escuta ativos para bem ajudar o outro que se encontra em sofrimento psíquico através de um processo psicoterapêutico.
As psicoterapias foram criadas para todos os indivíduos que sofrem de algum distúrbio ou mal-estar que desejam corrigir, entretanto, estas também, visam o aprimoramento pessoal e o autoconhecimento, ainda que não sofram de distúrbios psíquicos manifestos.
Sabe-se que a psicologia clínica é uma especialidade da ciência psicológica: a psicoterapia. Esse profissional está habilitado para realizar atendimentos ou psicoterapias, ficando livre para o psicólogo optar por uma abordagem teórica que irá embasar e nortear a sua prática em outras esferas.
As discussões empreendidas nesse artigo (paper), são baseadas na análise bibliográfica acerca do que se configura a psicologia clínica, dão subsídios para o entendimento da origem dessa área de conhecimento, bem como traça um caminho para sua construção e reconhecimento social, explicita a configuração da clínica atual e o fazer do psicólogo clinico.
Nesse aspecto, esse conhecimento demonstra grande relevância tendo em vista que a clínica é o primeiro grande reconhecimento que respalda a profissão de psicólogo, logo, esse saber necessita ainda de uma disseminação mais aprofundada para então prestar esclarecimentos e desmistificar assuntos pertinentes a essa área que cada vez mais se amplia e ganha notável importância na sociedade. Portanto, esse trabalho, realizado pela minha pessoa -- um educador - pedagogo -- objetiva, contribuir para a construção da pirâmide que embasa o conhecimento sobre a psicologia e suas especificidades, notadamente, em sua contribuição transdisciplinar para a esfera pedagógica.
Reinaldo Müller > "Reizinho"
Psicóloga Clínica
8 aAndré Luiz de Oliveira