A PSICOPEDAGOGIA E A ADOLESCÊNCIA: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES NA COMPREENSÃO E AUXÍLIO NA APRENDIZAGEM DO ADOLESCENTE
OBS.: Este artigo foi apresentado no curso de pós-graduação como trabalho de conclusão.
RESUMO
Este artigo discorrerá no âmbito da pesquisa bibliográfica, de forma breve, sobre a origem da psicopedagogia, seu desenvolvimento tendo como objetivo apontar algumas contribuições no campo da aprendizagem sistemática na adolescência. Tendo como direcionamento específico a faixa que envolve os adolescentes de 12 a 18 anos pretende-se expor a distinção desta fase da vida no que diz respeito ao aprendizado na escola (educação sistemática) bem como,refletir sobre as demais mudanças que ocorrem nesta faixa etária e que influenciam o processo de aprendizagem. Baseado em autores como Jorge Visca, Loriane F. Ferreira, Marcia G.T. Pego e outros também busca-se ainda caminhos no âmbito da profilaxia (prevenção) dos obstáculos conhecidos que podem dificultar ou até mesmo bloquear o processo de construção do conhecimento pretendido pelos docentes ao lidar com alunos nesta fase. Também relacionar os principais obstáculos à aprendizagem no grupo citado e as possíveis intervenções com fins corretivos. Deixa ainda - nas considerações finais, outras hipóteses e sugestões de temas a serem abordados no âmbito acadêmico que se acredita serem muito relevante para esse processo de ensinagem e fase da vida – a adolescência.
Palavras chaves: Psicopedagogia, adolescência, adolescentes, aprendizagem, educação formal.
INTRODUÇÃO
Ainda que exista muita preocupação legítima com o aprendizado nas fases iniciais da criança é certo que a aprendizagem sistemática envolve todas as faixas etárias não devendo a pesquisa limitar-se a somente um seguimento em detrimento de tantos outros.
Sendo claramente perceptível a dificuldade enfrentada por alguns jovens e adultos no aprendizado dentro do processo educacional - segundo os conceitos desenvolvidos por Ferreira (2007); pergunta-se:
Como a psicopedagogia (clínica e/ou institucional) pode contribuir para melhorar o processo da aprendizagem sistemática, bem como quais intervenções são possíveis em alguns casos em que se constatam obstáculos?
Devolve-se assim à sociedade ações que possam viabilizar um ensino/aprendizado mais efetivos e ainda possíveis intervenções terapêuticas nos casos que houver necessidade.
A contribuição do campo acadêmico se dá à medida que se aponta referências teóricas com a união de outras áreas do conhecimento, que podem colaborar na compreensão e nos processos de aprendizagem que a psicopedagogia oferece.
Pessoalmente, esta pesquisa traz o desafio de buscar e agir com adolescentes como agente transformador de processos no aprendizado sistemático, contribuindo ainda para cooperar na resolução de suas dificuldades ou transtornos passíveis de observação, análise e intervenção.
A APRENDIZAGEM
A definição do que é a “aprendizagem” não é tarefa fácil, pois engloba uma ampla gama de pontos de vistas; contudo tomando por base preliminar o que traz a enciclopédia “on line” cooperativa - Wikipédia temos que:
“Aprendizagem: é o processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e observação. Este processo pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas, de forma que há diferentes teorias de aprendizagem. Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes em humanos e animais e também pode ser aplicada a sistemas artificiais.
Aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento pessoal. Deve ser devidamente orientada e é favorecida quando o indivíduo está motivado. O estudo da aprendizagem utiliza os conhecimentos e teorias da neuropsicologia, psicologia, educação e pedagogia.” (WIKIPÉDIA, 2016)
Neste sentido pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que o aprender é inerente a natureza humano desde seus primórdios, podendo ser encontrado o conceito nos símbolos primitivos gravados em cavernas; nos escritos antigos; aliás estes trouxeram grandes avanços ao registro e propagação da história e ao processo do transmitir o conhecimento.
Ao discorrer sobre o processo do aprender humano, surge automaticamente as questões que lhe são pertinentes como levantadas Ferreira (2007,p.15): “quais processos mentais estão envolvido nesta ação? Quais as possibilidades de interação entre o sujeito e o meio?” . Em suas considerações a pesquisadora acredita que é possível sim uma significativa melhora do aprendizado quando se conhece o funcionamento desta fase do aprender e procura-se interagir segundo esse conhecimento; bem como as intervenções de especialistas quando for o caso da necessidade de processo corretivo.
A PSICOPEDAGOGIA
Na busca da utilização do termo em meios acadêmicos, até onde foi possível o acesso deste artigo, tem o seu uso no princípio século 20 na Europa cfe. citado por Andrade:
“Na Europa instituiu-se o primeiro centro de psicopedagogia do mundo na década de 1920, ligado ao pensamento psicanalítico de Lacan. Profissionais como Françoise Dolto, Maud Mannoni dentre outras, buscando uma aplicação dos pressupostos teóricos da psicanálise na educação infantil, iniciaram a prática que deu origem à psicopedagogia clínica.”(ANDRADE, 2004, p.70)
Havia ainda uma procedência da psicopedagogia como oriunda tanto da medicina psiquiátrica como da psicologia e psicanálise. Conforme Ramos em seu artigo que trata do tema, há divergências quanto à data exata ou mesmo seu primeiro uso, algo natural no campo das ciências em épocas remotas carente de recurso que possuímos hoje para difundir as publicações e pesquisas. Diz ela:
“O nascimento da Psicopedagogia ocorreu na Europa do século XX. Todavia, o ano preciso ainda não é um dado consensual na literatura. Segundo Andrade (2004), ele teria acontecido na década de 1920, momento em que se instituiu o primeiro Centro de Psicopedagogia do mundo. Ligado ao pensamento psicanalítico de Lacan, tal centro, de acordo com a autora, fundamentou aquilo que posteriormente foi nomeado de Psicopedagogia Clínica. Bossa (1994) e Masini et al. (1993), por outro lado, apontam que a Psicopedagogia teria nascido no ano de 1946, período em que se deu a criação dos primeiros Centros Psicopegagógicos na Europa, em Paris, por Juliette Favez-Boutonier e George Mauco.” (RAMOS, 2007, p.10)
Narra ainda Ramos que o termo foi usado como uma forma de maior aceitação popular, uma vez que os pais tinham mais facilidade de trazerem e aceitarem uma consulta psicopedagógica do que médico-pedagógica; fato importante no nosso caso é a citação de que, já naquela época, havia uma preocupação com as dificuldades de comportamento e visava uma reeducação, tanto de crianças como de adolescentes (op. cit., p.10)
Outro ponto a se destacar é que a psicopedagogia em 1948 tomou uma vertente que foi além da correção do comportamento; citando Maurice Debesse como o precursor dessa linha aonde insere uma preocupação com os problemas de aprendizagem em crianças e adolescentes que eram considerados inteligentes, contudo apresentavam-se com tais queixas. (op. cit., p.11)
Desta síntese dos primórdios da psicopedagogia e trazendo para nossos dias, pode-se ver o distanciamento do processo em torno da área da medicina e psicologia e a clarificação das suas próprias vertentes deixando de ocupar o lugar na área da saúde, uma vez que tem por objeto de estudo a aprendizagem e seus obstáculos e a possibilidade de superá-los, contudo não em si mesmo; mas como benefício à integralidade do ser humano, seu bem-estar e progresso. Cabe aqui o que diz Silva:
“No entanto, se a psicopedagogia em sua definição preliminar tem como objeto de estudo o processo de aprendizagem que identificamos como o processo de construção do conhecimento, esse processo está ancorado, de alguma forma, no sujeito, porque o trabalho psicopedagógico não se dá entre o psicopedagogo e o processo de construção do conhecimento e, sim, entre o psicopedagogo e o ser em processo de construção do conhecimento ou seja, o ser cognoscente” ( SILVA,2010, p.30,31)
De forma mais sintética, com base no código de ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP, 2016) pode-se colocar na seguinte forma:
Campo de atuação: Educação e Saúde
Abrangência: o processo de aprendizagem
Natureza: inter e transdisciplinar
Atividades: - promover a aprendizagem
- propor ações frente as dificuldades de aprendizagem
- realizar pesquisas científicas em sua área
- mediar conflitos (nos processos de aprendizagem)
Para maior clareza da delimitação do campo cientifico da psicopedagogia aqui Ramos nos auxilia quando escreve:
“Diferentemente do que costuma supor o senso comum, a Psicopedagogia não se resume a uma fração da Psicologia, ou a parte da Pedagogia, ou a uma junção reducionista entre Pedagogia e Psicologia. Antes disso, a Psicopedagogia é uma área de conhecimento e de atuação profissional voltada para a temática da aprendizagem ou, mais precisamente, para a temática do sujeito que aprende. Em princípio, seu foco era as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar. Atualmente sua preocupação se volta, de forma mais abrangente, para a compreensão do processo de aprendizagem, dentro ou fora do ambiente escolar, considerando a influência dos fatores físico, emocional, psicológico, pedagógico, social, cultural etc.”(RAMOS, 2007, p.11)
Muito interessante ainda é notar a grande contribuição de Jorge Visca à essa conceitualização da psicopedagogia no que diz respeito a sua amplitude, em uma de suas entrevistas:
“A ampliação no âmbito da psicopedagogia nos deu a possibilidade de estudar tanto o sujeito individual em profundidade quanto de extrapolar estes conceitos para o macrosistema, que antes não tinha sido pesquisados. Emília Ferreiro é um exemplo do que seria pesquisar o sujeito individual no método da Escola de Genebra, ou seja, no método clínico-crítico para aplicar depois no macrossistema . Eu acredito que as pesquisas de Emília Ferreiro são das melhores que tem acontecido em termos de educação e psicologia da educação na América Latina” (VISCA, 1991)
Ao dizer isso, Visca estava discorrendo sobre a amplitude da psicopedagogia em sua forma de pensá-la como área de estudo que se fundamenta em vários aspectos de outras ciências. Cunhou sua teoria denominando-a de “Epistemologia Convergente”, uma perspectiva integradora da Psicogenética ( sob a ótica de Jean Piaget), da Psicanálise ( seguindo Sigmund Freud) e da Psicologia Social (conforme E. Pichon Riviere) (VISCA, 1987).
A APRENDIZAGEM NA ADOLESCÊNCIA
Segundo Piaget esta fase é marcada por uma nova etapa no desenvolvimento mental, ele a denomina de “estágio das operações formais”(PIAGET, 1993, p.62) , e esta etapa do desenvolvimento que possibilita o raciocínio abstrato e construção de sistemas e teorias conforme Inhelder ( INHELDER, 1976, p.253).
Para melhor compreendermos aproveitamos o que Cória-Sabini diz a respeito do processo mental do adolescente:
“Opondo-se aos valores e aos padrões estabelecidos, envolvendo-se em diferentes campanhas, planejando para si próprio um futuro grandioso ou querendo transformar o mundo com suas propostas ideológicas, o adolescente está empregando o pensamento formal. Na sua tarefa de integrar-se na comunidade dos adultos, o reformador idealista deve transformar-se em um planejador e executor de ações.
Além disso, a partir de suas especulações ideológicas, ele deve encontrar sua autonomia moral, definindo, assim, seus princípios éticos. Nesse sentido, a participação de grupos, a realização de diversas atividades, a exposição dos seus pontos de vista sobre os diversos assuntos, são fundamentais. É pelas críticas dos outros e pelos resultados de suas ações que ele descobrirá a validade de suas ideias e isso fará com que suas propostas, ameaçadas pelo idealismo exagerado, voltem-se para o concreto e real. A reconciliação entre o ideal e o real pode ser lenta e trabalhosa. No entanto, é este processo que permite a ampliação das categorias de pensamento e abrangência de conceitos que caracterizam o pensamento adulto.” (CÓRIA-SABINI, 2008,p.100)
Diante da realidade da educação como um processo envolvente e que as fases do crescimento interagem fortemente na construção do aprendizado faz-se necessário algumas considerações específicas quanto esse ato na adolescência.
Na busca de um período determinante para a definição da adolescência há também algumas divergências por vários fatos. Assim escreve Cória-Sabini:
“(...) Hoje ele abrange a faixa etária que vai, aproximadamente, dos 13/14 até os 18 anos de idade.
Alguns estudiosos atribuem esse prolongamento à necessidade das sociedades industrializadas de deixar um número razoável de pessoas fora do mercado de trabalho. Isso daria a elas as condições para fazer a reciclagem da mão-de-obra, sem precisar criar um número muito grande de novas vagas e empregos. A partir dessa análise tais estudiosos concluem que a adolescência não passa de uma invenção social.
Outros teóricos, no entanto, defendem que a adolescência é um estágio de desenvolvimento do ego e da cognição” (CÓRIA-SABINI,2009,p.90)
Para a UNICEF - BRASIL(2015) essa fase vai dos 12 aos 18 anos:
“Os cerca de 21 milhões de adolescentes brasileiros representam para o País uma grande oportunidade de transformação nas relações, nas atitudes, na cultura, na educação, na vida e nas dinâmicas sociais. Mesmo sendo a adolescência um período curto, pois do ponto de vista jurídico dura apenas seis anos (12 a 18 anos incompletos), é uma fase de mudanças profundas e rápidas no ciclo de vida. Isso se revela nas mudanças biológicas, comportamentais, de aprendizagem, de socialização, de descobertas, de interação e de inúmeros processos que nos permitem valorizar a adolescência como um potencial imprescindível para a sociedade.” (UNICEF, 2015,p.20)
Em outro documento mais amplo sobre o tema, traz como a O.N.U. entende a adolescência:
“Embora não exista uma definição de adolescência aceita internacionalmente, a Organização das Nações Unidas define adolescentes como indivíduos de 10 a 19 anos de idade: na verdade, indivíduos na segunda década de vida. Essa é a definição aplicada a grande parte da análise e da defesa de políticas apresentadas neste relatório.” (UNICEF, 2011,p.20)
O fato interessante nos documentos mencionados e o reconhecimento da complexidade e ao mesmo tempo demonstra um padrão adotado mundialmente.
Qual a razão desta preocupação? Evidente que está na formação das novas gerações; das políticas públicas, das variantes que envolvem cada contexto social e sua influência na educação sistemática e mais ainda, na assistemática que afeta diretamente o processo da construção do conhecimento nas escolas uma vez que não é possível e nem cabível uma visão partimentada do ser aprendente.
Para Visca esse mesmo período acima mais abrangente engloba o que ele classificado como pré-adolescência, assim diz ao abordar aspectos da aprendizagem:
“Durante os 11-12 anos e 14-15 anos opera-se um gradual distanciamento, ou independência do concreto e imediato, permitindo que os pré-adolescentes aceitem verdades possíveis e raciocinar ou deduzir, o que permite dizer que o pensamento formal é hipotético-dedutivo. Com esta distancia do concreto no plano sócio-afetivo, dá-se um duplo movimento: de descentralização (contato com pares e adultos) e de centralização (dobrar-se sobre si mesmo). Logo ocorrem as fricções com os adultos, onde uma inocente busca de hipóteses, admitir suposições, formular leis e construir sistemas imaginários, etc, lhes permitem interpretar os fatos da vida que se opõem às suas próprias e as outras, alheias (VISCA, 1991,p.54).
APRENDIZAGEM SISTÉMÁTICA E ASSISTEMÁTICA
Neste ato infinito que é o processo do aprender pode-se fazer uma cuidadosa distinção entre o que conceitualmente é a parte sistemática e assistemática da aprendizagem levando em conta que se está sempre aprendendo de uma ou de outra forma Pereira destaca o seguinte:
“De princípio, deve-se fazer a corriqueira, porém indispensável, distinção entre educação sistemática e educação difusa, tomada aquela como sinônimo de escolarização e esta como processo geral de socialização. A escola, ou a educação sistemática, atrelada ou não ao Estado, sempre se orienta por linhas filosóficas que guardam maior ou menor distância da vocação histórica e configuração política de cada sociedade.” ( PEREIRA, 2001, p.174)
Percebe-se que Pereira dá o nome de educação difusa para a educação assistemática, ou seja, constitui toda a construção do conhecimento que se incorpora ao ser aprendente nos ambientes pelas mais diversas vias.
Já para Marcellino diz:
”No entanto, no âmbito deste estudo, é fundamental a distinção entre a educação sistemática, efetuada sobretudo através da Escola e a assistemática, que compreende os vários processos de transmissão cultural, englobando, dessa forma, toda a relação pedagógica.” (MARCELLINO, 1998, p.42).
Assim, é possível compreender que a educação na escola também tem o seu aspecto assistemático à medida que existem a relação do ser que aprende com o ambiente social de convívio.
Segundo Libâneo ao tratar das tendências pedagógicas na prática escolar frisa:
“A prática escolar consiste na concretização das condições que asseguram a realização do trabalho docente. Tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagógico”, já que a escola cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade concreta que, por sua vez, apresenta-se como constituída por classes sociais com interesses antagônicos. A prática escolar, assim, tem atrás de si condicionantes sociopolíticos que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relações professor-aluno, técnicas pedagógicas etc. Fica claro que o modo como os professores realizam seu trabalho, selecionam e organizam o conteúdo das matérias, ou escolhem técnicas de ensino e avaliação tem a ver com pressupostos teóricos-metodológicos, explícita ou implicitamente.” (LIBÂNEO, 2009, p.19)
Assim a educação neutra, sem tendência ou influência do contexto aonde está inserida pode-se dizer que é quase impossível.
Exemplo disto, são as obras de Levi Vigotsky que chegaram a ser proibidas num primeiro momento na Rússia (União Soviética) por julgá-las não conveniente ao sistema político dominante; e noutra circunstância, passou a ter aceitação e grande apreço. Veja o que diz um dos estudiosos de sua vida e obra :
“Além de ficarem proibidas na União Soviética (URSS), ao longo de quase 20 anos, suas obras nem sempre tiveram um destino digno. A seguir, será examinado, detalhadamente, o percurso de algumas de suas publicações. Busca-se traçar o longo percurso de obras publicadas até os seus originais, mostrando adulterações, cortes e censuras que sofreram ao longo da história.” (PRESTES, 2012,p.328)
Muito se tem pensado e escrito especialmente sobre o processo da educação sistemática, em uma escola tendo o educador como um mediador deste processo. Não se pode negar que tem havido esforços por ampliar essa compreensão no meio acadêmico e na formação dos docentes dando um olhar mais amplo ao processo; não ignorando que o ser humano adolescente, a semelhança de todos nós, vive, convive, se relaciona num ambiente socioeconômico que influencia e interage fazendo assim que haja um fluir da educação assistemática para a sistemática e vice-versa.
Frisa-se neste ponto o especial aspecto da Escola na vida e desenvolvimento na adolescência especialmente em virtude da fase do pensamento formal, segundo a psicopedagoga Pego:
“O período em que se desenvolve o pensamento formal é a adolescência e este período será mais bem desenvolvido quanto melhor estiver a vivência social do sujeito, o que dá à escola um papel muito importante.
Enquanto o desenvolvimento das fases anteriores ocorre independente da criança ir ou não à escola, o bom desenvolvimento do pensamento formal está relacionado à interação entre o desenvolvimento maturacional e as experiências de vida.
O papel da escola neste período é de fundamental importância pelo leque de experiências sociais que oferece aos jovens e pelo exercício constante que exige deles na elaboração de seu pensamento, na medida que utiliza a linguagem para a transmissão de informações e cobra do jovem a organização destas, e da sua própria maneira de comunicá-las.” (PEGO, 2016, p.3)
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ADOLESCENCIA E POSSÍVEIS INTERVENÇÕES
Em nossa pesquisa não pudemos constatar algum obstáculo na aprendizagem que surja especificamente na adolescência, isto é, que não tenha preexistido antes, em alguns casos fica mais notório nesta fase por causa de suas demandas, ou seja, conhecimentos que deveriam ser aprendidos antes e quando não, geram dificuldades nesta etapa. Necessário aqui excluir os casos de traumas decorrentes de acidentes que venham a afetar as funções cerebrais ou psíquicas, além questões emocionais que tragam algum impedimento, temporário ou com maior duração.
Mas disto vem uma questão: Qual seria então a contribuição da psicopedagogia no processo de aprendizagem na adolescência?
Constata-se então que a resposta para que ocorra um eficaz ensino e aprendizagem nesta faixa etária se faz com o necessário reconhecimento do ser humano como singular e ao mesmo tempo deve-se entender como ele interage com o meio onde está inserido. Pode-se registrar duas palavras chaves: vínculo e interesse(UNICEF, 2011, p.82; SOUZA, 2006) que será abordado num tópico a parte devido a sua relevância neste contexto – a aprendizagem.
Mesmo que esses dois termos não sejam exclusivos do processo de aprendizagem da adolescência vê-se uma maior força destes que a ensinagem precisa dominar com vista a que o aprendizado de fato ocorra.
Veja as considerações de Ferreira( quando cita Inhelder e Piaget):
“Piaget afirma que o desenvolvimento das estruturas do pensamento formal na adolescência está ligado ao desenvolvimento das estruturas cerebrais, porém o meio social tem um fator preponderante, sendo assim a educação tem um papel fundamental na aceleração ou retardamento desse processo:
[...] longe de constituir uma fonte de “idéias inatas” já inteiramente elaboradas, a maturação do sistema nervoso se limita a determinar o conjunto das possibilidades e impossibilidades para determinado nível, em determinado ambiente social, e é portanto indispensável para a efetivação dessas possibilidades. Depois essa efetivação pode ser acelerada ou retardada em função das condições culturais e educativas; é por isso que tanto o aparecimento do pensamento formal quanto a idade da adolescência em geral, isto é, a integração do indivíduo na sociedade adulta, dependem dos fatores sociais tanto e até mais do que dos fatores neurológicos (INHELDER; PIAGET, 1976, p.251).” ( FERREIRA, 2007, p.25)
O obstáculo propriamente dito na aprendizagem que pode surgir nesta fase do desenvolvimento humano é mais relacionado com etapas passadas, contudo deve-se também observar outros fatores como problemas físicos não tratados ou diagnosticados corretamente (visão, audição, etc.) que claramente tornam-se obstáculos e a razão de - algumas vezes – o desinteresse e a dificuldade na assimilação dos conteúdos.
Note-se o que diz VISCA quanto ao aprendizado nesta fase:
“Estas características permitem ao pré-adolescente interessar-se pela ficção científica, buscar soluções alternativas com passos ou procedimentos intercambiáveis, dirigir sua própria atenção a teorias filosóficas, religiosas, estéticas, cientificas e tentar mudá-las e abordar problemas matemáticos, físicos e lógicos que requeiram demonstração, experimentação ou deduções rigorosas” (VISCA,1991, pág.55)”
Outros campos das ciências têm dado contribuições nesta área que necessitam ser conhecidas. Para a neurociência o cérebro de um sujeito na fase da adolescência se desmonta,se reorganiza e se monta novamente para a vida adulta:
"A culpa é dos hormônios." Até há bem pouco tempo, a indisciplina e o comportamento emocionalmente instável dos adolescentes eram atribuídos à explosão hormonal típica da idade. Pesquisas recentes mostram, no entanto, que essa não é a única explicação para a agressividade, a rebeldia e a falta de interesse pelas aulas, que tanto preocupam pais e professores. Nessa fase, o cérebro também passa por um processo delicado, antes desconhecido: as conexões entre os neurônios se desfazem para que surjam novas. Simplificando: o cérebro se "desmonta", reorganiza as partes e em seguida se "monta" novamente, de forma definitiva para a vida adulta (veja quadro).” (REVISTA NOVA ESCOLA, 2016)
INTERVENÇÕES COM VISTAS A APRENDIZAGEM SISTEMÁTICA
Esta pesquisa entende que a maior contribuição que o educador ou aquele que deseja ensinar um adolescente pode dar é primeiro a si mesmo, despindo-se de possíveis preconceitos e procurando compreender o outro no todo, sua tarefa é estabelecer o “vinculo”, ou seja, ambos pretendem comunicar algo - professor e o que recebe - aluno.
Isto não se faz somente pela tecnologia usada, sejam quais forem não podem ser um fim em si mesmas; por exemplo, um tablet nas mãos do aluno não o fará aprender mais por “osmose” simplesmente. Na verdade, há uma utopia de que recurso deste nível(equipamento eletrônico de informática) seja somente a tecnologia da informação, internet e sua variantes. Todavia estes podem ser “servos” do propósito e não senhores.
Em um artigo bem interessante Prensky faz um contraponto entre as gerações e a tecnologia. Para ele há aqueles que já nasceram sob esse novo emaranhado que as comunicações digitais têm produzido denominando-os de Nativos Digitais; e os que são “imigrantes Digitais” ou seja, que precisaram e - talvez – ainda precisem se inserir e apropriar-se desses recursos, pois não dominam e nem fizeram parte de seu processo educacional e metodológico a informática/tecnologia:
“É tolice ( e preguiça) dos educadores – para não mencionar ineficaz – presumir que ( apesar de suas tradições) a maneira do Imigrante Digital ensinar é a única maneira, e que a “linguagem” dos Nativos Digitais não é tão capaz quanto a sua própria capacidade de abranger qualquer e toda idéia.
Então se os educadores Imigrantes Digitais realmente querem chegar aos Nativos Digitais – quer dizer – todos seus alunos – eles vão ter que mudar. Já é hora de pararem de lamentar, e como o lema da Nike da geração dos Nativa Digital diz ‘Apenas faça!’. Eles vão ter sucesso a longo prazo – e seus sucessos virão muito mais cedo se seus administradores apoiá-los” (PRENSKY, 2001, p.6)1
Não vendo este ponto acima como definitivo, mesmo porque a transição de um modelo para o outro não acontece por mera decisão governamental ou de direção escolar. Pode-se considerar perfeitamente um recurso tecnológico a lousa e giz; a questão e como usar.
A nosso ver o aluno deve fazer parte do processo de escolarização e não somente expectador, especialmente nesta fase, o vínculo se faz quando ele se reconhece como um dos atores do processo, como alguém que está construindo sua aprendizagem.
Um dos problemas que interferem na construção do conhecimento do adolescente e a falta de disciplina, é atitude do comportamento que é construída no decorrer da história de cada um.
De acordo com Tiba é importante que o adolescente tenha consciência da necessidade do estudo e para tanto precisa responsabilizar-se por ele:
“O estudo é essencial; portanto, os filhos têm obrigação de estudar. Caso não o façam, terão sempre que arcar com as conseqüências de sua indisciplina, que deverão ser previamente estabelecidas pelos pais. Só poderão brincar depois de estudar, por exemplo. No que é essencial, os pais deverão dedicar mais tempo para acompanhar de perto se o combinado está sendo levado em consideração. Os filhos precisam entender que têm a responsabilidade de estudar e que seus pais os estão ajudando a cumprir um dever que faz parte da “brincadeira” da vida. ( TIBA, 1996, p.17)
O autor ainda discorre sobre da autoridade dos pais, dos professores e conflitos e atribuição de culpas; e enfatiza:
Muitos alunos também não respeitam seus professores, e essa indisciplina prejudica o ensino e a aprendizagem. Professores e orientadores têm dificuldade em estabelecer limites na sala de aula e não sabem até que ponto devem intervir em comportamentos inadequados que ocorrem nos pátios escolares. (TIBA, 1996, p.17)
Este autor faz uma análise mais profunda das gerações e seus procedimentos com respeito à “disciplina”. Para ele os pais são permissivos e deixam de estabelecer regras porque temem reproduzir a educação que tiveram demasiadamente autoritária:
Pois bem, a primeira geração educou seus filhos de maneira patriarcal, com autoridade vertical — o pai no ápice e os filhos na base. Esta era obrigada a cumprir tudo o que o ápice determinava. Com isso, a segunda geração foi massacrada pelo autoritarismo dos pais, e decidiu refutar esse sistema educacional na educação dos próprios filhos. Na tentativa de proporcionar a eles o que nunca tiveram, os pais da segunda geração acabaram caindo no extremo oposto da primeira: a permissividade. (TIBA, 1996, p.17)
Contudo a Indisciplina segundo o Davis e Oliveira deve ser discutida e elaborada com os próprios alunos:
“...Conversando com o seus alunos, o professor pode vir a descobrir que a indisciplina, na ótica deles, traduz, por exemplo, busca de independência face a figura do adulto ou a exposição, pelo aluno, de uma nova hipótese de organização da sala de aula. Convém, então, discutir com a classe quais seriam as formas mais produtivas de alguém exigir emancipação e se afirmar enquanto individuo.(...) este tipo de atuação do docente é de vital importância” ( DAVIS e OLIVEIRA, 1994, p.96-97)
Deve ficar claro que a psicopedagogia atua não somente nos campos de hipóteses aleatórias levantadas a gosto da mente e criatividade de quem está avaliando, de modo algum. Tem ela seus caminhos e feitos corretamente a margem para erros é bem pequena.
Em sua obra a respeitos das provas de diagnóstico operatório a Mac Donell trás toda a fundamentação dos testes, sendo que na faixa etária acima de 12 anos aplica-se as provas para o pensamento formal, diz ele:
“O Pensamento formal reestrutura as operações concretas que, por sua vez, construirão um novo plano de representação, subordinando-as a novas estruturas, cujo desdobramento prolongar-se-á, como disse Piaget, durante a adolescência e toda a vida posterior. É precisamente essa integração de estruturas sucessivas, cada uma das quais levando a construção da seguinte, que nos permite dividir o desenvolvimento em grande etapas ou estádios.
[...]
Então diferente da criança do estádio operatório concreto, frente a qualquer problema, o adolescente tratará de resolver, de prever todas as relações que poderiam ter validade a respeito dos dados e logo tentará descobrir, mediante uma combinação de experimentação e de análise lógica, qual das relações possíveis tem validade real. Quer dizer, pode isolar, de modo sistemático, todas as variáveis individuais, todas as combinações possíveis dessas variáveis; submeterá as variáveis a uma análise combinacional, único método que lhe assegura a realização de um inventário exaustivo das possibilidades.” (MAC DONELL, 2004, p.41 e 42)
Ou seja, há caminhos a serem trilhados afim de realmente chegar as conclusões após a elaboração de um sistema de hipóteses levantados por meio da avaliação psicopedagógica em face uma “queixa” de dificuldade no aprendizado na adolescência, aceitos e reconhecidos também pelas demais ciências.
Aliás, é possível afirmar que cada vez mais tem acontecido a tão almejada interdisciplinaridade e também a transdisciplinaridade em face de demandas específicas que vão além de cada área. Daí ser muito comum tanto psiquiatria como a psicologia encaminhar para avaliação psicopedagógica e vice-versa, havendo em alguns locais um verdadeiro “diálogo” entre essas ciências com vistas o bem maior – a pessoa perante eles cfe. NOFFS e RACHMAN escrevem sobre a psicopedagogia no contexto hospitalar.
Inclusive em alguns hospitais há algum tempo tem ocorrido essa cooperação, vejamos o que diz Castanho:
“O atendimento psicológico e psicopedagógico de crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem e fracasso escolar, nos ambulatórios hospitalares vinculados às áreas da Neurologia e Psiquiatria, remonta aos anos 1960 na Argentina79. Em suas origens na França, a Psicopedagogia surgiu justamente na área da saúde, como especialidade profissional em equipes médico-psicopedagógicas nos centros ambulatoriais de saúde nos arredores de Paris.
É esse modelo médico-assistencial que tem em sua base a formação teórica e prática que se generalizou na Argentina, trazendo algumas vantagens, segundo a autora, no que tange ao intercâmbio de saberes e significantes frente a um problema complexo, que responde à multicausalidade que, em geral, caracteriza os transtornos do desenvolvimento, da adaptação escolar e da aprendizagem.” (CASTANHO, 2014, p.64)
A autora chega a considerar que há ainda um grande caminho a ser percorrido por essa interação, mas que em alguns locais já acontece e com sucesso.
O VÍNCULO E INTERESSE
Um determinado conteúdo não gera necessariamente gera um obstáculo no ser que aprende; há de se considerar, especialmente nesta fase, o vínculo que deve existir entre quem aprender e quem ensina. Sabiamente é descrito na Bíblia Sagrada que: “o coração do sábio conhece o tempo e o modo” (BÍBLIA, Provérbios, 8.5). O modo pelo qual desejasse transmitir é tão importante quando o que; e sempre tem que levar em consideração o outro.
Assim Souza descreve este processo:
“Aprender é tarefa complexa e requer intencionalidade, prontidão, além de um contexto socioafetivo adequado. A aprendizagem se dá em uma situação de vínculo tanto entre o aprendiz e quem ensina como entre o aprendiz e o conhecimento.
Portanto, ela é um processo de inúmeros e contínuos episódios de ordem objetiva e subjetiva, estruturados e não-estruturados, em uma dinâmica de construções e reconstruções do conhecimento, cujos aprendizes e seus ensinantes são os protagonistas de suas aprendizagens. Essa protagonização é cenário que dá continente a um sujeito que deseja aprender e ensinar, que desempenha um papel ativo na construção de suas aprendizagens, que se conhece, que sabe pensar e que traça seus próprios caminhos.” (SOUZA, 2015, p.46,47)
O interesse dos adolescentes no aprendizado não surge meramente e tão somente pelo conteúdo, o papel do professor é sim peça chave neste processo; daí a busca para se estabelecer uma relação mínima que permita a conexão afim de que o objetivo educacional de fato aconteça.
No Congresso de Psicopedagogia de 2009 ao tratar o tema A Motivação De Alunos Adolescentes Enquanto Desafio Na Formação Do Professor , trás um artigo Cavenaghi e Bzuneck defende que:
“Diante do que foi exposto, pode-se considerar que uma tarefa desafiadora para os professores é a motivação de adolescentes devido as suas características nessa faixa etária.
Portanto, quando se deseja promover motivação positiva para aprender, devem-se evitar algumas características muito comuns em ambiente escolares. Entre elas estão a ênfase nas notas, o clima competitivo, a formação de grupos homogêneos por capacidade, as excessivas regras, a valorização da capacidade relativa, as poucas oportunidades de escolhas, as atividades desinteressantes e pouco desafiadoras, a relação mais impessoal entre professor e aluno e as rígidas formas de avaliação[...].” (CAVENAGHI e BZUNECK, 2009, p.1485)
Perante a constatação de que alguns modelos de ensino/aprendizado, ou melhor da construção do saber não são tão efetivos quantos outros cabe ao educador, atendo a sua demanda, reconhecer o potencial dessa faixa etária e laborar no sentido que realmente coopere para o propósito em questão – a aprendizagem. Neste sentido a afirmação a seguir é relevante para nos ajudar a compreender a dinâmica do adolescente:
“Na adolescência, complementam esses autores, o jovem anseia por experiências novas e desafiadoras, autonomia, independência, interações sociais, ter sua individualidade respeitada, ser aceito. Além disso, precisa de contextos não comparativos, questiona a importância daquilo que está aprendendo e quer se sentir capaz de enfrentar os desafios escolares. No entanto, muitas escolas parecem proporcionar um ambiente que não leva em conta essas necessidades de desenvolvimento do adolescente.
Em outras palavras, há contextos em que prevalecem a competição no momento em que o jovem está preocupado com ele próprio, com sua aparência e seu desempenho em relação aos demais; que proporciona relações impessoais entre professor e aluno, quando ele precisa de apoio, orientação, aceitação e vínculo; que a metodologia se resume a aulas expositivas, exigindo a memorização e proporcionando poucas oportunidades de escolha por parte dos alunos, quando estes estão em pleno desenvolvimento sociocognitivo e querem exercer sua autonomia.” (CAVENAGHI e BZUNECK, 2009, p.1486)
Assim também outros autores, (Visca, Ferreira, Davis) mencionam o quão importante é essa relação do vínculo e interesse em todo processo educacional, mas especialmente nesta faixa etária.
A compreensão disto auxílio imensamente o educador em sua tarefa e trás a tona também o que não se deve fazer – como por exemplo - palavras agressivas com os estudantes; tons exaltados demonstrando descontrole emocional; ameaças; avaliações surpresas como forma de “punição”, etc.
Conforme Cavenaghi e Bzuneck essa motivação deve ser constantemente nutrida ao invés de priorizar somente a performance competitiva ( notas maiores) e que tal construção do saber traga a tona seu engajamento e consequentemente despertando o interesse através do vínculo. Vejamos:
“Em outras palavras, trabalhar em prol da motivação para aprender consiste em fazer com que os alunos possam se engajar nas atividades escolares, mesmo que eles não considerem tais atividades prazerosas, mas que possam abraçá-la com seriedade, esforçando-se para alcançar os benefícios que a aprendizagem proporciona. Diferentemente disso, é tentar fazer um controle do comportamento dos alunos, dando ênfase apenas na performance,enfatizando a frequência obrigatória, as notas, tarefas, ignorando o processo e valorizando apenas o produto.”( CAVENAGHI e BZUNECK, 2009, p.1486)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Adolescência não pode e nem deve ser “rotulada” como uma fase problemática do ser humano a luz de tudo que foi exposto; ainda que se reconheça as grandes mudanças que ocorrem.
Fato é que a aprendizagem nesta fase etária tem suas “próprias dores”, contudo há também as alegrias das novas descobertas e “sinapses” de horizontes de se despontam outrora encobertos.
Ao compreendermos alguns dos mecanismos de intervenção que auxiliam o aprendizado na educação sistemática na adolescência estamos progredindo para realmente o que realmente a aprendizagem deve conduzir – a autonomia; como partes de um maravilhoso processo em plena sintonia e não em luta constante. A psicopedagogia vem neste amparo ou ainda, na prevenção de possíveis falhas do processo; agindo também na correção nas áreas que lhe cabem.
Logo, trazendo algumas respostas neste artigo para “como a psicopedagogia (clínica e/ou institucional) pode contribuir para melhora na aprendizagem bem como quais intervenções são possíveis em alguns casos em que se constatam obstáculos?” – aponta-se especialmente para a realidade da construção da aprendizagem significativa; aonde o ser aprendente torna-se realmente parte do processo e não mero expectador que mecanicamente cumpre o “roteiro” sem interagir com o conteúdo a ser construído.
Ao mesmo tempo, de acordo com recentes descobertas da neurociência; compreender os processos mentais que ocorrem nesta fase da vida e seus efeitos assim como são e como não há paralelos na mesma dinâmica em outras fases. Compreender que o que alguns rotulam de “falta de interesse”, “preguiça”, “viver no mundo da lua”, nada mais é do que algo fora do controle do ser.
Que o vínculo com o educador, e com os temas a estudar é que irão despertar o interessante, devendo assim haver uma atenção especial para este aspecto; não só por parte do “ensinante”, mas de todo processo que trate da educação em todas as fases da vida; porém com certa ênfase neste diante de tudo que foi exposto.
Por fim, deixa-se aqui aberto questionamento para novas pesquisas tais como o aprendizado na adolescência vitimada por traumas de guerra; o magistério para adolescência – um desafio a inovação sob a ótica psicopedagógica e ainda como lidar com os Transtornos de Comportamento” diagnosticados pela área da psiquiatria (ou psicologia) e como a psicopedagogia pode colaborar no aprendizado.
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1 Tradução livre de “It’s just dumb (and lazy) of educators – not to mention ineffective – to presume that (despite their traditions) the Digital Immigrant way is the only way to teach, and that the Digital Natives‟ “language” is not as capable as their own of encompassing any and every idea.
So if Digital Immigrant educators really want to reach Digital Natives – i.e. all their students – they will have to change. It’s high time for them to stop their grousing, and as the Nike motto of the Digital Native generation says, “Just do it!” They will succeed in the long run – and their successes will come that much sooner if their administrators support them.”